Presidencia de Guatemala via Flickr

Juízes entram em greve no México contra reforma de AMLO

21.08.24 12:46

Mais de mil juízes mexicanos, assim como seus auxiliares no Judiciário, entraram em greve por tempo indeterminado nesta segunda-feira, 20, contra uma proposta de reforma do poder Judiciário capitaneada pelo presidente Andrés Manuel López Obrador (foto), conhecido como AMLO. A ideia de reforma é uma das principais do fim do seu mandato e deve ser mantida pela sua sucessora e pupila partidária, Claudia Sheinbaum.

A paralisação veio com 1.202 votos favoráveis e 201 contrários dentro da principal associação de magistrados do país. Em estados como Michoacán e Oaxaca, juízes e funcionários do Judiciário saíram às ruas para protestar, chegando a bloquear ruas.

O texto proposto pelo presidente mexicano quer que juízes sejam eleitos por voto popular e cumpram mandatos para o cargo. A proposta é vista como uma violação de poderes e uma tentativa do partido do presidente em romper o sistema de pesos e contrapesos que rege o Estado mexicano. A bolsa de valores do país caiu após o início da greve.

Os juízes são os primeiros críticos da proposta. “Não é possível que, sob a invocação da defesa da vontade popular, possa se defender o desconhecimento da ordem jurídica”, disse a associação nacional de magistrados mexicanos (Jufed), “posto que nada contraria mais os interesses do povo do que a própria transgressão constitucional.”

A reforma do Judiciário, no entanto, deve continuar a ser debatida no Legislativo do país mesmo após AMLO deixar o poder, em 1º de outubro. Isso porque é sua pupila política, a ex-governadora Claudia Sheinbaum, que o sucederá para seis anos no cargo nesta data.

Se aprovada —o que o governo espera que ocorra em setembro— a proposta prevê uma primeira rodada e eleições no início de junho do ano que vem. A segunda rodada de eleições ocorreria em 2027, junto a um novo ciclo de eleições para deputados federais. A campanha, então, poderia colocar candidatos a parlamentar no mesmo palanque daqueles que o julgarão, ou uma situação inversa onde eleitorados escolham deputados e juízes de campos políticos opostos.

Apesar disso, a proposta é vista com bons olhos pelos eleitores mexicanos, e em parte surfa nos bons números de AMLO.

Leia mais em Crusoé: O que diz pesquisa do governo sobre 80% de apoio a reforma do Judiciário

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