Reprodução

Desconfiança com sistema eleitoral gera disputas entre chavistas na Venezuela

10.08.21 13:02

As eleições venezuelanas são frequentemente manipuladas para beneficiar os chavistas e prejudicar a oposição Contudo, nos últimos dias, chavistas foram para as ruas e para as redes sociais protestar contra fraudes no processo eleitoral.

No domingo, 8, o Partido Socialista Unido da Venezuela, PSUV, realizou eleições primárias para decidir quais serão os candidatos da sigla na eleição geral marcada para novembro. Mas vários pré-candidatos reclamaram dos esquemas para beneficiar os chavistas mais poderosos que ocupam cargos como prefeitos e governadores. Em alguns centros de votação, teve empurra-empurra e coerção com homens armados com pistolas e facas.

O ex-vereador da cidade de Maracay, José Gregorio Sánchez, disse que o governador de Aragua, Rodolfo Marco Torres, estava coagindo os empregados públicos a fazer foto das cédulas de votação. “Isso está proibido pelo regulamento interno do PSUV. Isso é intimidação. Eu denuncio neste momento esta irregularidade“, disse Sánchez.

Na cidade de Simón Planas, militantes do PSUV brigaram com guarda-costas do prefeito Jean Gerardo Ortiz, que tenta a reeleição. Feridos foram levados a um hospital nas proximidades.

Muitos chavistas se revoltaram ao ver que há um desequilíbrio entre as chances de um candidato e de outro. Em Aragua, por exemplo, o governador colocou muitos recursos para tentar se reeleger, o que deixou muitos chavistas raivosos“, diz o cientista político venezuelano José Vicente Carrasquero. “Isso revela que há desavenças entre membros do PSUV que não se resolvem pelas suas lideranças ou pelas regras existentes.”

Durante a contagem dos votos, o vice-presidente do PSUV, Diosdado Cabello (foto), não deixou margem para disputas, mandando todo mundo se calar. “Quem ganhar as primárias não necessariamente será o candidato. Isso está no regulamento. Aqui o estratégico é a preservação da revolução bolivariana“, disse Cabello.

Quem definirá os candidatos, portanto, é a cúpula do partido. “Nos locais onde os resultados estão tão próximos não é possível dizer quem venceu. Nós somos obrigados a procurar alternativas. Isso nos obriga a rever politicamente o caso para além dos resultados desta consulta. Isso está no regulamento“, disse Cabello.

As primárias, portanto, não passam de um mero teatro. “O PSUV realiza eleições primárias com o intuito de propagandear um suposto caráter democrático. Mas é fácil constatar que o desejo de seus militantes está em segundo plano. Para eles, o mais importante é manter o projeto político“, diz Carrasquero.

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
Mais notícias
Assine agora
TOPO