Nelson Jr./SCO/STF

Celso de Mello deixa para a próxima semana decisão sobre sigilo de vídeo

15.05.20 17:25

O ministro Celso de Mello (foto), do Supremo Tribunal Federal, anunciou em nota, nesta quinta-feira, 15, que vai assistir ao vídeo da reunião interministerial de 22 de abril na próxima segunda-feira, 18, e, somente depois, decidirá sobre o sigilo do material. O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro citou o encontro no âmbito do processo que investiga a interferência política do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal.

De acordo com a corte, o decano “já tem uma visão geral do teor da reunião”, baseada no relato feito pelo juiz auxiliar que atua em seu gabinete. Contudo, a nota destaca que, “sem o conhecimento do conteúdo do vídeo, o ministro não terá condições de avaliar os argumentos apresentados pelo advogado-geral da União, pelo procurador-geral da República e pelos advogados do ex-ministro Sérgio Moro”.

No encontro, Bolsonaro cobrou a proteção da família e de amigos no Rio de Janeiro. “Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente e não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar f. minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar; se não puder trocar, troca o chefe dele; não pode trocar o chefe, troca o Ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira”, disse, segundo a degravação”, disparou, conforme transcrição entregue pela Advocacia-Geral da União ao STF. O órgão defendeu a retirada do sigilo somente das falas do presidente. 

Conforme relatos de pessoas que viram a filmagem e a defesa de Sergio Moro, ao mencionar a palavra “segurança”, Bolsonaro se referiu à superintendência da Polícia Federal no Rio. O trecho separado pela AGU reforça esse entendimento. O presidente, por sua vez, alega que falava de sua segurança pessoal, feita pelo Gabinete de Segurança Institucional, o GSI. 

Em outro trecho apresentado pela AGU, Bolsonaro reclamou da falta de informação recebidas da PF e afirmou que iria “interferir”. “Eu não posso ser surpreendido com notícias. Pô, eu tenho a PF que não me dá informações; eu tenho as inteligências das Forçar Armadas que não têm informações, a ABIN tem os seus problemas, tem algumas informações, só não tem mais porque tá faltando realmente… temos problemas… aparcelamento, etc. A gente não pode viver sem informação. Quem é que nunca ficou atrás da… da… da… porta ouvindo o que o seu filho ou a sua filha tá comentando? Tem que ver pra depois… depois que ela engravida não adiante falar com ela mais. Tem que ver antes. Depois que o moleque encheu os cornos de droga, não adianta mais falar como ele: já era. E informação é assim”.

A Procuradoria-Geral da República, PGR, seguiu a mesma linha da AGU e pediu a divulgação parcial do vídeo. No parecer, Augusto Aras afirmou que “não compactua com a utilização de investigações para servir, de forma oportunista, como palanque eleitoral precoce das eleições de 2022”. A defesa de Sergio Moro, por outro lado, quer a disponibilização integral da gravação.

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