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Ao fazer pouco caso da OEA, Nicarágua corre risco de ser suspensa

17.06.21 09:50

A aprovação de uma resolução sobre a Nicarágua na Organização dos Estados Americanos, a OEA, nesta terça, 15, abre a possibilidade de a ditadura de Daniel Ortega (foto) ser suspensa da organização.

O texto aprovado com apoio de 26 estados condena “a prisão, a perseguição e as restrições arbitrárias contra potenciais candidatos, partidos políticos e contra a imprensa independente” e pede a libertação dos pré-candidatos a presidente e demais presos políticos. A eleição está marcada para novembro.

A partir de agora, ministros de Relações Exteriores dos vários países que integram a OEA podem convocar uma reunião extraordinária para decidir a suspensão. Para aprovar o artigo 21 da Carta Democrática Interamericana, que regula esse processo, seria necessário o apoio de 24 países — menos do que foi conseguido nesta terça.

Minha impressão é que os diplomatas estão avançando lentamente com isso, na esperança de que Ortega mude de posição e faça uma eleição justa“, diz Mauricio Díaz Dávila, que já foi embaixador da Nicarágua na OEA. “Mas Ortega tem desprezado a OEA. O que ele quer é conversar diretamente com os Estados Unidos.”

Uma eventual negociação direta com os Estados Unidos seria apresentada para os nicaraguenses como uma vitória da ditadura. “Para sua base fiel de eleitores, Ortega poderia dizer que é um líder mundial e que conseguiu subjugar o imperialismo americano. Além disso, ele quer retirar as sanções impostas pelos Estados Unidos“, diz Días Dávila. Na semana passada, o Departamento de Estado americano impôs sanções contra seis figuras do governo da Nicarágua, incluindo a filha de Ortega, Camila.

Com Ortega fazendo pouco caso da OEA, aumenta a chance de que o país seja suspenso, assim como ocorreu com Honduras, em 2009, quando o presidente Manuel Zelaya foi deposto. Honduras voltou para o grupo em 2011.

A Carta Democrática Interamericana foi criada em 2001 para evitar ditaduras no continente. Uma suspensão da Nicarágua seria um triste sinal de a Carta não é eficiente em seu papel“, afirma Díaz Dávila.

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  1. Governos militarizados são todos iguais. Não há um que se preocupe com a população. O objetivo final será sempre se apossar dos bens públicos para manter as boquinhas privadas!

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