Reprodução/redes sociais

A motivação política por trás do congelamento de tarifas na Argentina

24.08.20 16:02

O presidente da Argentina, Alberto Fernández (foto), congelou as tarifas das empresas de telefonia fixa e móvel, internet e canais a cabo até o final do ano. Os serviços foram declarados de interesse público.

“Estamos recuperando instrumentos regulatórios que o governo anterior tirou do estado”, escreveu Fernández no Twitter. “Educação, acesso ao conhecimento, cultura e comunicação são direitos básicos que devemos preservar.”

Fora o populismo que cercou o anúncio nas redes sociais, o governo argentino tem o objetivo de tentar evitar uma espiral inflacionária nos próximos meses. Outro objetivo, também não declarado, é o de subjugar a imprensa livre da Argentina.

“Toda mudança na regulamentação e no esquema operacional das telecomunicações na Argentina sempre tem um teor político, porque grandes empresas de internet, de telefonia e de televisão também são importantes produtoras de conteúdo. Em alguns casos, elas entram em confronto direto com o governo”, diz o economista argentino Pablo Besmedrisnik, da consultoria Invenómica, em Buenos Aires.

Um conhecido inimigo dos kirchneristas é o Grupo Clarín, que se desentendeu com o casal Kirchner em 2008, ainda no primeiro mandato de Cristina Kirchner como presidente. Em uma disputa entre o governo e os produtores agrícolas, o jornal ficou do lado do campo, que não queria pagar impostos excessivos em suas exportações. O Grupo Clarín tem jornal, empresa de televisão a cabo, provedor de internet e companhia de telecomunicações.

A medida anunciada no último final de semana é abrangente e não trata nenhuma empresa ou veículo de forma específica, mas jornais pró-governo devem ser menos afetados por não terem outros negócios ou por ganharem verba pública. Para aqueles que têm negócios em outras áreas, como o Clarín, o efeito principal é o de afugentar investimentos. “Este é um setor que hoje já não conta com grandes investimentos, e a situação deve ficar assim pelo menos até 2021”, diz Besmedrisnik.

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  1. A Argentina está indo para o buraco com o aplauso da imprensa ou mídia oficial brasileira, Crusoé inclusa. Por estas e por muitas outras tentei cancelar a minha assinatura. O máximo que consegui, estava no contrato, foi a não renovação automática. Porque não se unem à Folha, à Globo e demais 'agremiações' que querem 'fazer a cabeça do povo estúpido', sem precisarem se desgastar em ficar tentando explicar seus vieses?

    1. Esta de congelamentos de õrgãos de utilidades públicas, interferência na iniciativa privada pelos os governista de plantão, nunca deu certo em lugar nunhum do mundo, haja visto:- Cuba, Venezuela, Corea do Norte etc etc. Nossos irmãos argentinos, diga-se de passagem, não têm acertados nos seu candidatos ao cargos políticos majoritários em seu país, lá também as velhas raposas estão sempre torcendo no quanto pior melhor.

    2. A Argentina e o Brasil causam pena, até porque assim o povo escolheu e ambos foram enganados.

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