Rejeição a Flávio Bolsonaro é o fator-chave
Esse será o argumento que o Centrão deve usar para tentar demover o clã Bolsonaro da ideia de lançar candidatura própria
O dado mais relevante trazido pela pesquisa Quaest, publicada na terça, 16, é a rejeição ao nome de Flávio Bolsonaro.
A rejeição aos candidatos tem sido uma variável decisiva para o resultado das eleições, e o sobrenome Bolsonaro só perde para Lula nesse quesito.
Quando os entrevistados são questionados se conhecem o candidato e se votariam nele, 54% rejeitam Lula, enquanto o índice de rejeição a Flávio Bolsonaro chega a 60%.
Esse será o argumento que o Centrão deve usar para tentar demover o clã Bolsonaro da ideia de lançar candidatura própria.
Ratinho Júnior e Tarcísio de Freitas apresentam índices de rejeição de 39% e 47%, respectivamente.
Governo x desempenho pessoal
Outra pesquisa, realizada pelo site Poder 360, mostra que o governo Lula tem mais aprovação do que a figura do presidente: 42% contra 37%.
Esse fenômeno provavelmente se deve à rejeição pessoal, indicando uma fadiga de material e a necessidade de uma eleição marcada por uma “competição de rejeições” para garantir sobrevivência política do petista.
Eleição do Chile não é parâmetro
Após a vitória do candidato de direita José Antônio Kast no Chile — que avançou em segundo lugar no primeiro turno e virou o resultado com a união dos candidatos não esquerdistas — muitos se perguntam se o mesmo poderia ocorrer no Brasil.
Mesmo que a direita se divida entre Flávio Bolsonaro e outro nome do Centrão, o voto anti-Lula favoreceria o candidato que avançasse ao segundo turno.
No entanto, não há garantia de que esse cenário se repita no Brasil, por duas razões: muitos eleitores de centro rejeitam mais o sobrenome Bolsonaro do que Lula.
Além disso, parte dos eleitores de direita não aceitaria votar em um candidato do Centrão, preferindo se abster da eleição.
Movimento para o centro
Diante desse contexto, observa-se um movimento dos candidatos em direção ao centro político.
Assim como Lula caminhou para o centro em 2022 — a adesão de Geraldo Alckmin à chapa presidencial foi o grande diferencial — Flávio Bolsonaro pode tentar seguir o mesmo caminho.
Suas primeiras declarações buscam mostrar que ele é mais moderado que o pai.
Uma sinalização de apoio a Ciro Gomes no Ceará — posteriormente abortada por intervenção de Michelle — indica a intenção de formar um grupo político próprio.
Se essa postura irá ou não melhorar seu índice de rejeição é o que todos observarão nas próximas pesquisas.
Leonardo Barreto é cientista político
Instagram: leobarretobsb
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Comentários (1)
Luiz Filho
2025-12-17 11:35:32Flavio acabou com o Bolsonaro. Sua salvação custou a entrega ao supremo. Por outro lado o pai se mostrou péssimo estrategista, burro é um chorão. Como votar no rachador que abortou a lava toga, que teria impedido todos os desmandos atuais?