Dispensada como faxineira, Vanessa Bonfim passou a pedir dinheiro perto do Congresso para conseguir alimentar os filhos

Miséria às portas do poder

A profusão de desempregados que viraram pedintes nas proximidades da Esplanada dos Ministérios expõe uma triste realidade que contrasta com a capital federal das regalias e benesses sem fim desfrutadas pelas excelências
24.12.21

A família da diarista Vanessa Bonfim dos Santos, 36 anos, tinha acabado de se acomodar no gramado da Esplanada dos Ministérios, no começo da tarde do dia 24 de novembro, quando uma caminhonete dobrou a esquina, ligou o pisca alerta e parou perto do meio-fio. Foi a senha para que um dos cinco filhos de Vanessa gritasse: “Corre que é marmita!”.

Como se uma campainha tivesse sido acionada, sem perder tempo, outros dois meninos saíram em disparada em direção ao veículo, pegaram os recipientes de alumínio que embalavam a refeição e retornaram. Na quentinha, arroz, feijão, carne, batata frita, tomate e alface – comida que, em poucos minutos, seria devorada. A sorte havia sorrido aquele dia para os Bonfim dos Santos, que percorrem 50 quilômetros todos os dias de ônibus para conseguir desembarcar em frente ao prédio do Ministério da Economia, local onde erguem cartazes, escritos com caneta hidrográfica azul, com pedidos de cestas básicas. Não fosse a doação das marmitas, eles teriam passado fome mais uma vez – uma realidade que faz parte do cotidiano de várias famílias que sobrevivem perto dos gabinetes do poder em Brasília. “Muitas vezes, temos que abrir mão das nossas refeições para que as crianças possam comer”, admite Vanessa, que perdeu as quatro faxinas semanais que costumava fazer até 2019.

A desgraça da miséria, que deploravelmente contrasta com a capital federal das regalias sem fim, dos cartões corporativos, dos orçamentos secretos e fundões eleitorais desfrutados pelas excelências, agravou-se com a pandemia.

Os motivos que levaram a família de Vanessa a procurar comida em plena Esplanada dos Ministérios são hoje comuns a muitos brasileiros. Atualmente, 19 milhões de pessoas no país passam fome, o que representa 9% da população brasileira, segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil. O número saltou de 10,3 milhões para 19,1 milhões de pessoas, entre 2018 e 2020. Esse contingente enfrenta o que é chamado por especialistas de insegurança alimentar grave, quando não há comida no domicílio e a pessoa é obrigada a pedir doações ou buscar alternativas para se alimentar.

Na avaliação do economista Daniel Duque, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, Brasília reflete a mesma situação de penúria vivida por famílias de baixíssima renda que moram em grandes metrópoles do país, como São Paulo e Rio de Janeiro. São pessoas que dependem exclusivamente do mercado de trabalho, por não se enquadrar nos critérios exigidos pelos programas de transferência de renda do governo. “Quem tinha renda dependente do mercado de trabalho e pouca participação em programas sociais sofreu impacto forte, pois não tinha um colchão social ou renda alternativa”, afirma.

Foi justamente a falta de oportunidades de emprego que levou Jeferson Alves Barbosa da Silva, 25 anos, a um semáforo próximo a um shopping da capital federal, a dois quilômetros do Ministério do Desenvolvimento Regional. Ao lado do filho de 4 anos, Silva pede roupas, brinquedos, cesta básica ou qualquer doação em dinheiro, que pode ser feito via PIX. “Aceito o que vier”, resume.

Morador de Águas Lindas, cidade do entorno de Goiás localizada a 50 quilômetros de Brasília, Silva perdeu há três meses o trabalho de descarregador de bebidas. “Começou a acabar o alimento, fiquei até sem gás de cozinha. Entreguei muito currículo, mas não tenho retorno”. Com o que ganha como pedinte no semáforo, às vezes 150 reais numa tarde, ele consegue quitar o aluguel, mas nem sempre sobra para alimentar a família – além do menino de 4 anos, Silva tem uma filha de 7, que fica em casa com sua mulher, Maria Luana da Silva Araújo, 22.

Com o filho de 4 anos sobre os ombros, Jeferson Alves Barbosa pede doações em um semáforo a dois quilômetros do Ministério do Desenvolvimento Regional
Brasília reúne características bem peculiares que agravam o cenário já deteriorado pelos efeitos da pandemia e pela falta de um olhar mais acurado dos governantes. A cidade conta com grande número de servidores federais, em geral, donos de alto poder aquisitivo, mas cujas atividades e funções possibilitaram o trabalho remoto por home office durante a pandemia — seja baseado na própria capital federal ou mesmo em outros estados, no caso dos profissionais que não tem o DF como região de origem. Com a maioria em casa, houve uma drástica redução na demanda por serviços, o que impactou no encolhimento de postos de trabalho e na redução da renda. Silva, assim como Vanessa, representam a ponta mais vulnerável dessa realidade.

“A baixa do consumo que fluía para restaurantes, serviços, comércios e empreendimentos que empregam trabalhadores de baixa qualificação desencadeou uma perda de renda e emprego para famílias. Muito emprego vinha desse consumo de Brasília. O que aconteceu foi que esse consumo diminuiu muito mais em Brasília do que em outras regiões e todas as cidades do entorno foram afetadas por isso. Eram empregos que colocavam essas famílias acima da linha da pobreza. Agora, elas perderam isso”, lamenta Duque.

Dados de outubro da Secretaria de Desenvolvimento Social do DF revelam que 2.328 pessoas se autodeclaram em situação de rua na capital do país. Entre eles, está Carlos Jefferson Neves Pereira, 57 anos, que há um mês pede dinheiro em frente à Catedral de Brasília, monumento projetado por Oscar Niemeyer. “Venho para conseguir comer”, reconhece. Nascido em Sergipe e criado no Rio de Janeiro, Pereira vive há sete anos em Brasília. Em seu caso, há um agravante: ele é cego do olho esquerdo e tem a mão direita imobilizada devido a um acidente que sofreu em 2016. No dia em que tudo “dá certo”, ele consegue voltar para casa com 80 reais no bolso, além de receber frutas, biscoitos e quentinha. “Se está ruim para você, imagina para mim que moro na rua e sou deficiente da mão e do olho”, diz o cartaz que exibe em frente ao sinal.

Há um mês, Jefferson Pereira pede dinheiro em frente à Catedral de Brasília: “Venho para conseguir comer”
Faixas e cartazes com pedidos de ajuda viraram, de fato, a última esperança de conseguir algum sustento para parte da população brasiliense que segue desempregada e desassistida por benefícios sociais. “Papai, tem comida?“, diz a placa exibida por Laisson Gomes, 28 anos, ao lado do Memorial que homenageia Juscelino Kubitscheck, outro ponto turístico de Brasília. “Essa foi uma indagação que eu ouvi do meu filho de 8 anos e que me atormenta até hoje”, conta o ex-ajudante de garçom, que não consegue emprego com carteira assinada há cinco anos. “Nesse dia meu filho ficou sem almoçar. Você não esquece uma coisa dessas”, acrescentou.

Gomes já trabalhou também como atendente de balcão e auxiliar de bombeiro hidráulico. Mais recentemente, atuou como chapeiro em uma lanchonete em Taguatinga, cidade-satélite de Brasília. O estabelecimento, no entanto, não suportou as restrições impostas pela pandemia e Gomes foi demitido. Há poucos dias, foi recusado na seleção de uma vaga temporária. “Não como carne, para deixar para os meus filhos. Às vezes fico só com arroz”. Gomes conta que escolheu “como ponto” o semáforo do memorial JK porque, segundo ele, é onde o sinal fica mais tempo “no vermelho”, o que permite que os motoristas leiam a mensagem da placa e, quem sabe, se sensibilizem com sua situação.

Laisson Gomes, ao lado do Memorial que homenageia Juscelino Kubitscheck, exibe a súplica do filho
No intervalo entre o primeiro trimestre de 2019 e janeiro de 2021, a população pobre do DF cresceu de 12,9% para 20,8%. Proporcionalmente, foi o maior aumento percentual do país, segundo dados da FGV. A fórmula para vencer a fome e a miséria passa obrigatoriamente pela recuperação do emprego, aliada aos programas de transferência de renda e ao fim definitivo da pandemia.  

“A menos que o Auxílio Brasil venha com recursos maiores de forma permanente, haverá impacto importante na pobreza extrema, mas não vai tirar as pessoas das ruas, principalmente em cidades como Brasília, São Paulo e Rio. São as principais candidatas a ficarem em situação pior do que antes da pandemia”, avalia o economista Daniel Duque.

No fim do ano, houve um pequeno alento. Impulsionado pelo avanço da vacinação e por incentivos fiscais na área da construção civil, o setor de serviços iniciou um movimento de reaquecimento. Mas ainda está longe de representar uma virada no quadro atual. “O que vai garantir a mudança é o desenvolvimento da economia em âmbito nacional. O DF não está isolado do país. Precisamos de crescimento do PIB para manter geração de emprego e renda, além da transferência de renda. São medidas macro para superar a crise e melhorar indicadores de inflação que afetam os mais pobres”, diz Jean Lima, presidente da Companhia de Planejamento do Distrito Federal.

Enquanto isso, a bolha dos poderosos de Brasília, com seus incontáveis privilégios, seguirá vizinha da miséria que as excelências insistem em não querer enxergar.

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  2. Enquanto uns se deleciam com camarões,bacalhoada e vinhos premiados os desempregados correm atrás de esmolas atrás de uma simples refeição, que junto venha a ira e a revolta com tanto escárnio esfregando na cara dos brasileiros de bem.

  3. Democracia brasileira linda,justa,igualitária, vamos pensar numa coisa melhor, esta não é a melhor para o brasileiro, para a elite sim.

  4. Uma pessoa que ganha 150,00 numa tarde, “trabalhando” 20 tardes por mesfatura 3.000,00 no mês. Mais que a média salarial do país. Desculpe, Crusoé, mas só passa fome se quiser.

    1. Ai Andre, vai tentar vc fazer esse "trabalho". Vc parte do princípio que o homem ganha o máximo todos os dias. É muita má fé, sabe? Ele não é político que gasta isso no lanchinho da tarde pago com o nosso dinheiro. Vc é func. público?

    2. Ganha 150 em uma tarde de sucesso. E nas demais?

  5. De todas as tantas injustiças descaradas e imorais desse país, uma que me toca muito é que em cada pãozinho, ou produtos alimentares básicos incidem altos impostos que vão ser esbanjados pela nata do alto escalão. Muito nojento! 🥲🤮

  6. A desigualdade social - crescente em ritmo alucinante - vai tornar o país inviável! Seremos um país de miseráveis, analfabetos funcionais e submissos a governos corruptos de populistas sem ética. Este será o legado que deixaremos para as próximas gerações.

  7. Essa situação é revoltante pelo fato do contraste que existe em Brasília de funcionários do executivo, legislativo e judiciário cheios de mordomias e penduricalhos em seus salários insensíveis a essa triste realidade desses brasileiros que não têm nem o que comer!

  8. o RESULTADO da COALIZÃO PRÓ CORRUPÇÃO! o ACORDÃO dos DEGENERADOS MORAIS para EVITAR o IMPEACHMENT do BOLSONARO e TIRAR LULA da CADEIA! os EXEMPLOS EXECRÁVEIS que uma SOCIEDADE tão CORRUPTA é capaz de produzir! Em 2022 SÉRGIO MORO “PRESIDENTE LAVA JATO PURO SANGUE!” Triunfaremos! Sir Claiton

  9. Brasilia local de residencia de tantos come e dorme diretos e indiretos da politica, sem falar nos ministerios e autarquias de governos com salarios nas alturas, nao fazem nada pra empregar estas pessoas, imaginemos o resto do pais como tem sofrido nestes tempos de pandemia. Brasilienses, batam as portas destas castas de deputados, senadores,governador e ministros de todos os poderes e ministerios e exijam solucao emergencial com doacoes e empregos formais para alimentar as familias. Moro PR ja.

  10. "VIVEMOS ESPERANDO DIAS MELHORES, DIAS DE PAZ, DIAS A MAIS, DIAS QUE NÃO DEIXAREMOS PARA TRÁS." NOSSOS IRMÃOS QUE HOJE SÃO VÍTIMAS DO SISTEMA CORRUPTO QUE DESTRÓI ESPERANÇAS PODERÃO SONHAR COM DIAS MELHORES A PARTIR DE 2022. NÃO FOSSE ESSA QUADRILHA NO COMANDO DOS 3 PODERES TERÍAMOS ATRAVESSADO TODA A CRISE SANITÁRIA E ECONÔMICA COM MENOS SOFRIMENTO MAS SEJAMOS FORTES POIS A ESPERANÇA AINDA ESTÁ VIVA. TODA HONRA E TODA GLÓRIA AO NOSSO SENHOR JESUS CRISTO 🙏🙌 SALVE MORO E VIVA A LAVA JATO ⚖️🚔

  11. seria a hora do país ser reestruturado com uma nova constituição já que a existente é um aborto a escravizar o povo em favor de criminosos e ladrões .. nenhum dos candidatos até agora sequer lembra disto atolados em ideologias medievais ou interesses pessoais .. pobre Brasil.

    1. Quem fechou tudo, batalhou pela vacina e livrou muitas pessoas da morte, "apesar de avisados" é que são culpados? O PR genocida e os políticos corruptos e gananciosos não tem culpa de nada? Abra os olhos e a mente William!

    2. Vc quer dizer que foi o fecha tudo o responsável pela fome , pela inflação e não essa política econômica desastrosa feita por um economista de araque, e um governo desonesto que está distribuindo Bilhões para o Centrão ,

  12. O que vc fez para ajudar? Falar é fácil, o mundo está passando por isso. Essa mídia só consegue mostrar desgraça. Parabéns FOLHETIM MORO, hipócritas.

    1. Eu ajudo tendo feito um PIX para o cidadão acima. Eu ajudo fazendo doações mensais para organizações como CUFA. Eu ajudo nunca mais tendo votado no 13 desde 1989. Mas eu não ajudo tendo votado 17 na última eleição presidencial. E você?

  13. Infelizmente, esses miseráveis podem contar com a inépcia e a torpeza dos nossos governantes que, qdo pensam, não conseguem ir além dos próprios interesses.

  14. Opuderoso Gilmar poderia mostrar sua grandeza de espirito, exigindo da governanca atual auxilio alimentar pra todos os necessitados do momento nesta longa epidemia ora quem acabou com a lava jato seria quem sabe grande oportunidade pra uma leve desculpa portanto Gilmar mostre seu poder agora que e justissimo nos o povao lheperdoamos um pouco/ ass rita queiroz

    1. Ora, tal sujeito é o arauto do Mal em pessoa. É sem dúvida a pessoa mais poderosa deste país(acima da Constituição inclusive). Com sua vaidade e soberba imensuráveis nem mesmo a noção de Fé e de Deus lhe fazem a menor diferença... Ele é mais... É maior... Tem mais poder... Não se iluda(m): milhões de desempregados, necessitados, etc. não tem o menor significado para este sujeito. É a máxima expressão desta vileza, porém atrás dele são milhares de Vs. Exs. federais, estaduais e municipais.

    1. O "fique em casa" teria sido minimizado com vacina, que 'alguém' não quis comprar. Ah, o 'fique em casa' foi adotado no mundo todo, mas você deve ser um daqueles seres iluminados que acha que o brasileiro é uma raça diferente, que entra no esgoto, então que não precisaria disso. Corroboro com que Lúcia e Antônio disseram - mas infelizmente tenho certeza que você não será capaz de compreender, Rodrigo.

    2. Essa narrativa ja se provou equivocada! O “fique em casa” salvou milhares de vidas mas os bolsonaristas fazem questão de não enxergar porque politizaram a desgraça! E continuam com a politização à respeito das vacinas. Acho deprimente usar uma situação de desgraça para fazer política!

    3. Faça-me um favor Rodrigo! Que comentário mais reducionista! Eu iria responder, mas desisto. Qualquer extremista (Bolsonarista e lulista) não ouve, não lê, não é letrado para analisar tudo que se tem dito sobre o assunto.

    4. se na ficassem em casa e sem aglomerações teriamos milhões de morte. simples assim

  15. O mini ministro da Economia, já jogou à toalha faz tempo. Acredito que só pensa na cenoura do André Esteves. Velhas teses, velhos facínoras e a mesma miséria de sempre. Pergunta para o nosso Executivo (que come carne cujo kilo custa 1799 e dança funk ostentação em lancha), o Legislativo, que só pensa no orçamento secreto e no Fundão, e o Judiciário, que só quer comer lagosta e beber champanhe, se eles CONHECEM O POBRE DE FATO. Só pela televisão. Moro Presidente 🇧🇷

    1. Interpretação muito lúcida, coerente e verdadei! 👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾

  16. Uma triste realidade em um país que exporta alimentos mas não alimenta o próprio povo, a impunidade também gera fome.

    1. Típico bolsonarista capacho e burro, é por isso que nunca mais voto nessa gente imunda que se diz conservadora. Conservadora da desgraça dos pobres isso sim! São piores que os PTistas.

    2. Cadáveres e doentes não fazem compras! Sem as medidas restritivas tudo terminaria pior do que está!

  17. É um dever para qualquer candidato, vá anotando, Moro: 1. Auxílio emergencial | 2. Trabalho/Emprego | 3. Educação, pois com a baixa qualificação não há solução viável.

  18. E o orçamento secreto, está farto? O fundo eleitoral está aprovado? O fundo partidário segue bilionário? Isso é que importa. Eles querem é que "pobre se exploda", como dizia Justo Veríssimo. A pobreza não pode acabar nunca, é manancial inesgotável de votos.

  19. Esta é a cara horrenda do governo Bolsonaro: 03 anos de marcha à re'. Insano é alguns inqualificaveis ainda apoiarem sua reeleição...

    1. Trabalhamos pro Estado que deveria trabalhar para nós.

  20. Temos mais de 30 milhões de famintos de comida. Educação e outros itens não contam mais. ... É sobrevivência básica o que importa. .... Tristes Trópicos.

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