Inelegível?
Quando o núcleo duro da campanha presidencial de Jair Bolsonaro endossou a ideia estapafúrdia tida pelo próprio ex-presidente de conclamar uma reunião com aproximadamente 70 embaixadores, realizada em 18 de julho de 2022, para colocar em dúvida o sistema eleitoral, a dor de cabeça que isso poderia causar não entrou nos cálculos nem do mais pessimista integrante do comitê do PL.
Hoje, aproximadamente nove meses após o episódio, especialistas em Direito Eleitoral, integrantes do TSE e até a aliados do ex-presidente da República já trabalham com a hipótese – cada vez mais concreta – de que Jair Bolsonaro fique inelegível para as próximas eleições gerais.
O ex-presidente é alvo de 16 ações de investigação por abuso de poder político e econômico, mas a do PDT relacionada justamente ao encontro com os embaixadores é a que está mais próxima de um desfecho. Ela deve ir a julgamento já em maio, segundo integrantes do Tribunal Superior Eleitoral ouvidos por Crusoé.
Como O Antagonista mostrou em primeira mão na noite de quarta-feira, 13, o vice-procurador-geral eleitoral Paulo Gustavo Gonet Branco defendeu na ação impetrada pelo PDT a inelegibilidade do ex-chefe do Poder Executivo por abuso de poder político, por ele ter utilizado a estrutura do Palácio do Planalto e a TV Brasil para desequilibrar o processo eleitoral.
Na manifestação do Ministério Público Eleitoral, ainda sob sigilo, mas que teve trechos obtidos por Crusoé, o vice-procurador-geral considerou como “grave” a conduta do ex-presidente da República ao reafirmar “acusações contra o sistema eleitoral sem lastro e que já foram abusados e desmentidos anteriormente”. Também pesa contra o ex-presidente da República a transmissão do evento tanto nas redes sociais quanto na TV Brasil, por determinação direta da Secretaria de Comunicação da Presidência da República.
“O discurso do investigado, aliado às advertências a um propósito da Justiça Eleitoral de favorecer o seu adversário mais notório, beneficiou a posição estratégica do investigado no contexto das eleições ali tão próximas. Era esperado que o comportamento viesse a infundir desconfiança sobre o sistema de votação, apuração e totalização de votos adotado. Esse potencial se confirmou com os fatos notórios, alguns violentos, de inconformismo com os resultados das eleições presidenciais, em que se lhes atribuía a pecha de ilegítimos e fraudulentos”, disse Gonet em seu parecer.
“O discurso atacou as instituições eleitorais, e ao tempo que dava motivo para indisposição do eleitorado com o candidato adversário, que seria o beneficiário dos esquemas espúrios imaginados, atraía adesão à sua posição de candidato acossado pelas engrenagens obscuras do tipo de política a que ele seria estranho”, complementou o vice-procurador eleitoral.
Para Gonet, as falas de Jair Bolsonaro extrapolaram “o limite da liberdade de expressão” e não somente colocaram em dúvida o processo eleitoral como também buscaram desequilibrar a disputa, criando um cenário de pânico para tentar fomentar a desistência de eleitores indecisos ou aqueles que não coadunavam com o então presidente da República. O vice-procurador reafirmou que o ex-presidente se utilizou do “prestígio” do cargo para instituir um mecanismo que desequilibrou o processo eleitoral.
O caso tem como relator o ministro Benedito Gonçalves, atual corregedor-geral eleitoral, e a expectativa no TSE é que ele siga na mesma linha da manifestação do vice-procurador-geral eleitoral. Segundo fontes ligadas ao ministro, a tendência é que ele libere seu voto nas próximas duas semanas e já peça a pauta para julgamento ao presidente do TSE, Alexandre de Moraes – que pretende dar o quanto antes um desfecho para esse processo.
Porém, e a vida é feita de “poréns”, alguns movimentos podem atrasar um pouco esse julgamento.
Como na vida, timing é tudo e o TSE passará por uma troca de cadeiras nas próximas semanas, que pode influenciar o resultado dessa ação, considerada uma das mais importantes da história recente do Tribunal.
Hoje, já há uma cadeira vaga, a do ex-ministro Ricardo Lewandowski. Dos outros seis ministros titulares, três são apontados como votos que tendem a acompanhar a manifestação de Gonet: além do já mencionado Benedito Gonçalves, o presidente do Tribunal, Alexandre de Moraes, e a ministra Cármen Lúcia.
Assim, seria necessário apenas mais um voto pela condenação de Bolsonaro.
O voto do ministro Raul Araújo, por seu perfil “fechado” e “conservador” é tido como manifestação certa em favor do ex-presidente da República. Araújo já proferiu decisões contra Lula, ao longo do ano passado, quando ele proibiu manifestações de caráter político em festivais de música como o Lollapalooza, depois de artistas demonstrarem apoio ao petista. Araújo chegou ao TSE em setembro do ano passado e seu mandado terminará apenas no ano que vem.
Outro voto tido como possivelmente favorável ao ex-presidente é o do ministro Sérgio Silveira Banhos. Banhos chegou ao TSE pelas mãos de Jair Bolsonaro e está em seu segundo mandato. Pelo regimento interno do Tribunal, não pode exercer mais um. Nas palavras de ex-ministro do TSE que acompanha diretamente a ação do PDT “ele não tem nada a perder, nem precisa prestar favores a ninguém.”
Mas é aí que surgem algumas peculiaridades. Mesmo tido como um voto pró-Bolsonaro, Banhos — mestre e doutor em Direito pela PUC de SP e mestre em políticas públicas pela Universidade de Sussex na Inglaterra — é cunhado do deputado federal emedebista Eunício Oliveira (CE), um dos principais aliados de Lula no Congresso Nacional. Obviamente que a relação entre ambos não tende a influenciar uma manifestação como essa, mas essa ligação trouxe um fio de esperança dentro do eixo petista de que pode haver uma virada inesperada nessa reta final.
O voto do ministro Carlos Bastide Horbach é considerado uma incógnita por integrantes do Tribunal. Ex-assessor do ministro Gilmar Mendes no STF e apadrinhado do decano do Supremo, Horbach não tem ligações políticas, vota por convicção de posicionamento acadêmico e é avesso ao jogo de interesses típico da capital federal. Pelo menos até agora.
Como Horbach deu vários pró-Bolsonaro ao longo de 2022, supõe-se que seu voto seja a favor do ex-presidente. Contudo, há um componente que não pode ser desconsiderado. Ele pode ser reconduzido para mais um biênio ao cargo ainda em maio e integrantes do TSE acreditam que esse fator não pode ser descartado diante de um julgamento importante. Uma sinalização pró-Lula por parte do ministro, antes do julgamento, é vista como fundamental para que ele fique mais dois anos na Corte.
Diante desse cenário, há quem defenda, dentro do TSE, que Alexandre de Moraes paute o caso apenas após as respectivas substituições de Banhos e Horbach. O primeiro deixa a Corte em 17 de maio; o segundo, um dia depois. Isso se o segundo não for reconduzido à função por mais dois anos.
Eis que surge outro componente importante: se as regras da Justiça Eleitoral forem seguidas, os substitutos naturais seriam, pela ordem, os ministros Maria Claudia Bucchianeri Pinheiro e André Ramos Tavares. A primeira concedeu várias decisões pró-Jair Bolsonaro; o segundo chegou ao TSE sob influência do agora ex-ministro Ricardo Lewandowski. Em teoria, segundo interlocutores da Corte Eleitoral, um voto pelo ex-presidente; outro, contrário.
Mas há dentro do TSE quem defenda também que o presidente do Tribunal encaminhe ao TSE duas listas tríplices com nomes mais alinhados às teses atuais da Corte, de forma a evitar surpresas nesse julgamento ou reviravoltas drásticas.
Por fim, outra questão em aberto diz respeito ao próprio substituto de Lewandowski no TSE: Kassio Nunes Marques. Ele deve ser confirmado no Tribunal na próxima semana, após votação protocolar no STF.
Primeiro-ministro do STF indicado por Jair Bolsonaro, Nunes Marques é tido como voto favorável ao ex-presidente. Possível voto, no entanto. Já há no TSE quem afirme que, com a virada de governo, Nunes procuraria demonstrar independência nesse julgamento.
“Bolsonaro deve se tornar inelegível. Se não for por essa ação, será pelas demais. A reunião dos embaixadores foi uma conduta grave; há outras piores, como o uso desenfreado da máquina para se reeleger. Se o Bolsonaro fosse um prefeito e tivesse utilizado a máquina pública para tentar a reeleição, com certeza ele teria o mandato cassado”, diz o integrante da comissão de Direito Eleitoral da OAB-SP Renato Ribeiro de Almeida.
“Em relação àquela reunião, eu levo em conta a própria jurisprudência do TSE de já ter cassado o cargo do ex-deputado Fernando Francischini por ter divulgado fake news sobre as urnas no dia da eleição de 2018. Ele teve o mandato de deputado estadual cassado por isso. Bolsonaro usou de sua prerrogativa de chefe de Estado para convocar os embaixadores. Eles foram convocados por ato do presidente da República. É algo que não se recusa”, acrescenta o especialista. O TSE cassou o mandato de Francischini por seis votos a um. Contudo, a composição era bem diferente da atual: dos seis membros titulares, três permanecem – Moraes, Banhos e Horbach. Banhos acompanhou o parecer pela cassação de Francischini; Horbach, não.
Politicamente, caciques do PP e do PL já trabalham com uma espécie de “plano B” por entender que o ex-presidente da República está em maus lençóis. “É preciso ter alternativas. Não podemos ficar simplesmente nas mãos de uma Corte que atuou fortemente contra Jair Bolsonaro durante a campanha”, diz um lider do PP a Crusoé. Entre as alternativas, dois nomes despontam: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais.
O próprio ex-presidente da República não esbanja otimismo. A pessoas próximas, como Valdemar Costa Neto — presidente do PL —, Bolsonaro tem dito que “não ficará nada surpreso” diante de um revés no TSE. Mas, aconselhado por integrantes do partido, o ex-presidente não pretende se manifestar antes do julgamento. Possivelmente, nem depois.
Dentro do PL, há uma corrente que defende uma intensa campanha nas redes sociais após o julgamento desse caso — em caso de revés para Jair Bolsonaro — para denunciar a “interferência da Justiça Eleitoral brasileira” no jogo político. Uma nova tentativa de levantar dúvidas sobre o processo eleitoral, agora com “novas provas”. Uma outra corrente, porém, defende que o partido se isente de qualquer crítica e jogue o jogo apenas dentro dos tribunais: se Jair Bolsonaro for considerado inelegível por ter colocado em dúvidas o processo eleitoral, não seria inteligente adotar a mesma atitude.
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É uma pena que não haja pena de morte !
Acho incrível como as contas se fazem de acordo com as conveniências e favores políticas, e não pelo mérito do caso. E isso não é exclusivo da corte eleitoral, mas de todas as cortes sob forte influência política, mais concretamente STJ e STF. Que justiça resta desse modo? Enfim, pelo menos há uma luz no fim do tudo: Bolsonaro inelegível e Lula fazendo o que sabe fazer (merd@) pode nos garantir candidatos novos em 2026.
Do jeito que o desgoverno Lula3 vai se Bozo se candidatar em 2026 levará no 1⁰ turno. É importante que o TSE e o STF pararem de fazer jogo politico (como fizeram ao descondenar o Lula) e comecem a julgar de acordo com as leis. Há razões suficientes para afastar ambas desgraças de nossas vidas. Pelo bem do Brasil.
Bolsolixo inelegível já é uma esperança para 2026. Daí teremos só o indigitado Lulalixo para defenestrarmos................DEFINITIVAMENTE, inclusive se houver o "poste"...
O judiciário contaminado e promiscuído não impõe respeito e credibilidade, impõe muito medo pois não se sabe quando realmente a justiça será cumprida dentro das normas legais.
Lula / Lula / Dilma / Dilma / Temer / Bolsonaro /Lula. Poucos países resistiriam a tanta roubalheira e incompetência. Temos 7 mandatários trabalhando para aperfeiçoar, nos três poderes. a Cleptocracia aqui instalada. Nota: Dos quatro Cleptocratas acima, Temer é o único com uma formação adequada ao cargo... os demais, não conseguem ligar o Lé com o Cré, sendo o Dilmão Rivotril a campeã, que voltou para nos envergonhar mundo a fora. - Prisão em segunda instância; - Voto distrital misto já!
É só por uma eleição. Já já ele volta pra fazer parte da quadrilha. O Brasil gosta de eleger gente corrupta e incompetente.
Inelegível e preso para sempre, é o que ele merece.
👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏
Exatamente
Quero a besta fera inelegivel! Queria preso e inelegivel! Fosse eleitoralmente, ou criminalmente. O mal que esse homem fez ao país foi gigante! 700 mil mortos, a volta do lulopetismo e o fim da #LavaJato Mas eles voltam ( vide collor) Eles saem da prisao ( vide lula, cunha, cabral …) Nossas principals cortes e instituicoes são vendidas. No Brasil virtudes e retidao de carater nao valem nada!
Disse o “extrato” dos males causados pelo último estorvo da presidência e da fragilidade das condenações, Maria!
Evidente sua total cegueira em política… com tantos flancos abertos deveria ter concorrido a uma vaga de eleição certa para o parlamento… Contando com o ovo no &@#% da galinha agora nem cargo, nem foro! Vai pagar sim…
No mínimo, mas eu quero mesmo é que seja devidamente preso.
obrigado pela coerência e equilíbrio!
Ladrão pode?
E de dinheiro público????
De jóias 💩💩💩💩
Com esse judiciário aí perdi as esperanças. Segurança jurídica zero. Este é o país da impunidade e aqui, infelizmente, o crime compensa.
Era seu direito questionar a eficiência da votação eletrônica, antes pediu volta do voto impresso, e após, auditorias mostrarem anomalias no funcionamento das urnas, então só uma recontagem pelo TSE comprovaria eventual falta de lastro na acusação
Ótimo. Vamos ter oito anos de muita paz e sossego.
Já é um GANHO. Gostaria de ver Lula pelas costas - Faça dois L: Lava Lula! - mas entre ele e Bolsonaro, fico com ele. Nunca votei em Lula, mas votei uma vez em Bolsonaro. Se arrependimento matasse eu estaria morta desde o dia 01.01.2019. Não morri, mas tomei um ódio mortal por esse primitivo e vou tomar um champagne francês quando ele ficar impedido de candidatar. Finalmente alguém vai mostrar pra ele quanto ele vale.
Se tivesse roubado 70bilhões estaria presidente deste pardieiro que chamam república.
Xico você não está sozinho
Teste teste teste teste
Mas no Brasil? É só ver o caso do atual presidente , mesmo sendo acusado de corrupção e preso, foi reeleito. Infelizmente, não estamos com referências de certo e errado, e pior, impunidade virou "possibilidade" pelo STF. TRISTE
Elegeu 70 por cento do conhresso e dos governadores e nao ganhou eleicO. O q sera que aconteceu
Não só foi acusado de corrupção como condenado! ou seja, o cara é ladrão mesmo.