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Uma cabeça a menos da hidra chamada Hamas 

Uma explosão em Teerã atribuída a Israel matou o chefe da ala política do Hamas; o regime dos aiatolás e os terroristas deverão reagir, cada um no seu tempo 
02.08.24

O chefe da ala política do Hamas, Ismail Haniyeh, morreu em uma explosão em  Teerã na manhã desta quarta-feira, 31 de julho. Ele havia comparecido à posse do recém-eleito presidente iraniano Masoud Pezeshkian — o vice de Lula, Geraldo Alckmin, também estava presente. A reunião de terça, 30, com o líder supremo Ali Khamenei, principal financiador do Hamas, veio a ser um dos últimos atos de Haniyeh. Quando ele estava no quarto do alojamento que o Irã lhe reservou, uma bomba instalada dois meses antes explodiu, matando Haniyeh e seu guarda-costas.

A morte foi prontamente confirmada pelo grupo terrorista palestino e pela Guarda Revolucionária do Irã, força de elite do regime fundamentalista. Enquanto o Hamas acusou Israel de estar por trás da explosão, a Guarda apenas afirmou que investigava o caso. Nenhuma autoridade israelense reivindicou a eliminação de Haniyeh.

Fato é que a morte do até então líder político do Hamas veio menos de 24 horas depois da baixa de outro alvo de Israel, Fuad Shukr. Chefe militar do Hezbollah, outro grupo que inclui entre seus objetivos aniquilar o Estado judeu, Shukr morreu também em uma explosão, mas em Beirute, no Líbano. Neste caso, Israel reivindicou o ataque.

A eliminação de Haniyeh é a baixa mais importante do alto escalão do Hamas desde o início do atual conflito aberto em Gaza, após os atentados de 7 de outubro. Ele comandava a ala política do Hamas desde 2017. Antes, ele liderou o grupo terrorista à vitória nas eleições palestinas de 2006 sobre o partido laico Fatah, de Mahmoud Abbas. Haniyeh chegou a assumir o cargo de primeiro-ministro da Autoridade Palestina, AP. Era ele quem estava no poder quando o Hamas deu um golpe de Estado, separando a Faixa de Gaza da Cisjordânia, que seguiu sob governo do Fatah. A falta de figuras mais experientes também explica a ascensão de Haniyeh, morto aos 62 anos. Os dois líderes da primeira geração do Hamas, fundado em 1987, já foram mortos em operações israelenses, em intervalo de poucas semanas, em 2004.

O aiatolá Ali Khamenei emitiu uma ordem de ataque a Israel em retaliação à morte de Haniyeh, noticiou o New York Times, citando três autoridades iranianas anônimas. Em declaração pública na quarta, o líder supremo do Irã disse: “Consideramos que é nosso dever vingar o sangue [de Haniyeh] quando foi martirizado no território da República Islâmica do Irã”.

A fala de Khamenei pode não ter efeitos a curto prazo. Levou mais de três anos para Teerã orquestrar o 7 de outubro. A Guarda Revolucionária do Irã declarou que os atentados, que deixaram 1.200 mortos no ano passado, foram a retaliação pela morte do general iraniano Qassem Soleimani, eliminado por Israel em janeiro de 2020 — Soleimani era uma figura muito mais importante para o regime dos aiatolás do que Haniyeh. Hoje, uma guerra aberta com Israel não seria de interesse do Irã. “Uma guerra aberta é muito custosa. O Irã foca muito mais em financiar os seus aliados, como o Hamas”, diz Karina Calandrin, professora de Relações Internacionais e assessora do Instituto Brasil-Israel.

A capacidade do Hamas de reagir de maneira impactante à morte de Haniyeh é duvidosa. Seus terroristas estão acuados nos subterrâneos de Gaza. Mas também seria um erro supor que esse acuamento e a eliminação de um líder como Haniyeh signifique a destruição do Hamas. Em menos de um mês, em 2004, Ahmad Yassin e Abdel Aziz al-Rantissi, os fundadores do grupo terrorista, foram mortos por Israel. Dois anos depois, herdeiros de sua ideologia chegaram ao poder em Gaza. “O Hamas tem uma estrutura interna que permite a rápida substituição de líderes mortos ou incapacitados”, diz Calandrin.

Até esta quinta, não se havia divulgado o nome do sucessor de Haniyeh no comando da ala política do grupo terrorista. Segundo a pesquisadora, “o Hamas provavelmente encontrará um sucessor rapidamente. Possivelmente, entre os membros mais experientes do grupo”. Em outras circunstâncias, Yahya Sinwar seria um forte candidato a ocupar esse posto. Ele é o principal líder político do Hamas na Faixa de Gaza. Mas está praticamente incomunicável. É mais uma das cabeças da hidra que podem ser decapitadas num futuro próximo.

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  1. O caráter pacifista do Islã foi violado sob a violência de assassinos que pretensamente em nome de Deus ou Alah escravizam e submetem ditatorialmente seus povos ... é a isto que ditadura tupi se alinha ... lamentável !!!

  2. Infelizmente esses teocratas dependem do terror para se manter no poder. Sofrem todos que não estão alinhados ao regime.

  3. Israel já é medalha de ouro em Tiro ao Alvo.Só falta eliminar o restante dos Terroristas e militantes que começaram a guerra contra Israel a exatos 301 dias.

    1. Não tivessem matado o Thomas Matthew Crooks... O jovem até ajudou o Trump a parecer um sioux, com furo na orelha. E isso a 100 m de distância. Será que Maduro também ficaria "hermoso" de brincos?

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