Ricardo Stuckert/PR via FlickrLady Janja e Lord Lula cabularam aulas do catecismo

A história real que o PT ignora

Na adoração fanática pelo terrorismo do Hamas, Lula despreza as origens históricas de holocaustos e genocídios além da propaganda
23.11.23

A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, defendeu o cessar-fogo “imediato” do conflito na Faixa de Gaza em mensagem enviada ao encontro “Todos Pela Paz na Palestina”, promovido pela primeira-dama da Turquia, Emine Erdogan. Do qual também participou Cilia Flores, mulher do ditador venezuelano, Nicolás Maduro. “Jamais imaginei que depois da Segunda Guerra e de todos os seus horrores, nós teríamos que assistir a um massacre de bebês, de crianças e jovens. É intolerável”, afirmou, antes de ser condecorada pelo cônjuge. Já o marido de Ermine, Recep Erdogan, é o ditador turco que se omitiu covarde, oportunista e criminosamente na investigação do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, em 2 de outubro de 2018, no consulado saudita em Istambul, a mando dos nababos árabes.

Na certa, Lady Janja e Lord Lula cabularam aulas do catecismo e nada aprenderam sobre o sangue derramado pela Turquia no Oriente Médio. Por exemplo: as palavras genocídio e holocausto não resultaram da experiência nazista, mas do “massacre dos armênios”, em 1915 e em 1921. A primeira vem da junção do termo grego que define raça, grupo, família, com o latino, que significa assassinato. Quem o criou foi o grande jurista judeu polonês Raphael Lemkin, como contou, em Nêumanne Entrevista no YouTube, o desembargador paulista aposentado, Walter Maierovitch. Holocausto define a perseguição sistemática e o assassinato de judeus europeus pelo regime nazista num processo contínuo que ocorreu por toda a Europa entre os anos de 1933 a 1945. No Antigo Testamento da Bíblia, a palavra designa sacrifício animal como oferenda a Deus.

Tomei conhecimento do massacre armênio quando, a convite do empresário e político Fernando Gasparian, discursei na celebração da memória do extermínio de 1 milhão e meio de seus ascendentes em sessão solene da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, em 23 de abril de 2001. As diferenças básicas entre as duas tragédias são o total das vítimas e a tecnologia do extermínio. Em assassinatos ou deportações forçadas, o total de armênios que viviam sob o violento tacão do Império Otomano caiu de 2 milhões, em 1914, para menos de 400 mil, em 1922. Velhos, mulheres e crianças, ao que parece, não atrapalharam os salamaleques de Lula, Janja da Silva, Ermine Erdogan e Cília Flores. Tiveram morte natural: eram forçados a caminhar pelo deserto sob intenso calor até o colapso final por desidratação e fome. Durante as perseguições promovidas pelo governo dos Três Paxás no Império Otomano, no poder de 1913 a 1918, os perseguidores usaram pela primeira vez campos de concentração e extermínio como parte da estratégia de eliminação das populações perseguidas. Foram criados para encarcerar sobreviventes das deportações em marchas da morte; que lhes foram impostas. Estudos indicam que existiram por volta de 25 campos, em sua maioria instalados nas proximidades das atuais fronteiras entre Síria, Iraque e Turquia. A Turquia moderna nega-se a reconhecer tais fatos. E o PT os desconhece.

Os nazistas executaram 6 milhões de judeus num sistema industrial de morte, com o uso de câmeras de gás em confinamento. Concluí o discurso citado no “Dia da Solidariedade para com o Povo Armênio” com as seguintes palavras: “Perdoado o genocídio pode até ser, o que não pode é ser esquecido, pois as suas lições são fundamentais para a sobrevivência não da Armênia, não do Brasil, mas do próprio gênero humano”.

Quem já leu a Bíblia sabe que os otomanos não foram os primeiros imperialistas a oprimir as regiões da república albanesa (hoje em parte independente) e o palco do conflito entre Israel e os terroristas do Hamas na Palestina. A posse daquela área desértica e montanhosa foi submetida no século 13 a.C. a assírios, conhecidos por seu talento de negociantes e pelo poderio de seus exércitos. No século 7 a.C. no fim do reinado de Assurbanipal, a Assíria foi substituída pela Babilônia, cujo registro chegou à nossa era pelo renome dos jardins suspensos de Nabucodonosor. Os fenícios, negociantes finos, conviveram em paz com os romanos, cujas legiões submeteram os hebreus de Jerusalém, fundadores da religião monoteísta mais antiga, a suas leis politeístas. Cidadão romano de origem judaica, Saulo de Tarso fundou a segunda fé num Deus único, sob a égide do profeta Jesus, conforme esplêndido relato do francês Ernest Renan. O Cristo entrou no cânone venerado pelos súditos de Alá em torno do profeta Maomé, líder político, militar e religioso árabe, que conquistou com os devotos a posição de terceira religião monoteísta no século VII.

Neste ponto da história entrou o crudelíssimo império otomano. Este reinou, no Oriente Médio após a queda de Constantinopla, do século 15 até o 20. Aí o sultanato voltou às origens territoriais turcas com a derrota para Inglaterra e França após a Primeira Grande Guerra.

Na Conversa com o Presidente, Lula fantasiou agora outra versão desta história: “Israel parece que quer ocupar a Faixa de Gaza e expulsar os palestinos de lá. Isso não é correto, não é justo”; Sua Excelência ignora 24 séculos de colonialismos naquele enclave por assírios, babilônios, persas, fenícios, gregos, romanos, otomanos, franceses e ingleses. O Estado de Israel tem 75 anos, nos quais foi constantemente agredido por egípcios, sírios e jordanianos, tendo, enfim, desistido porque derrotados. Hoje o Hamas tem 30 mil homens em armas determinados a exterminar os judeus da face da Terra para sempre. E o nome disso isso é genocídio. Só não o é na cartilha tosca de Janja e Lula.

 

José Nêumanne Pinto é jornalista, poeta e escritor

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  1. A cartilha do casal luladrão da silva não é tosca. Ela é hipócrita, asquerosa. De uma ignorância criminosa. São 2 representantes legítimos de uma casta de parasitas que não gostam de trabalhar, mas adoram usufruir do trabalho alheio

  2. Desculpe-me, pessoal, mas seus comentários não procedem num ponto: Lula não é burro, é mau. Invoca o surrado discurso esquerdopata de oprimidos contra opressores, nós contra eles, e assim fomenta ódios e rancores nas mídias. Alguma dúvida de ele apoiar regimes autoritários, querendo, ele mesmo, construir seu próprio? Maquiavel tiraria o chapéu.

  3. Seria ótimo se este ou outros artigos de Nêumanne estivessem integrando questões de provas de vestibular. Imagina quanto fedelho não aprenderia antes de sair falando besteira em manifestações que não entendem nada? mas bastou a Esquerda soar a corneta e eles saem correndo, tal como galinha quando se joga milho no chão.

  4. O fato é que cada vez mais a imprensa tradicional e a esquerda Leblon descaracterizam o significado das palavras, banalizando os termos genocida, facista, nazista e terrorista. Triste caminho esse que estamos seguindo.

    1. LULA e sua LADY são toscos intelectualmente e não estão interessados em ilustrarem-se porque seus seguidores confiam cegamente nos disparates intelectuais do ilustre casal!

  5. Lula é um analfabeto funcional. Saber falar jamais significou ser intelectualmente desenvolvido. O negócio dele é cachaça.

  6. Lula não tem grandeza, não tem o respeito que estadistas e grandes homens têm por seus conhecimentos, vivência, experiência, sagacidade, inteligência e história de vida. É muito primitivo e primário e seu atávico antissemitismo aflora agora. No passado já ofendeu Israel recusando-se a visitar o mausoléu de Teodor Hertzel em Israe, quando lá esteve durante passado mandato presidencial.

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