Milei da Selva

Enquanto “inativista” radical , continuo na minha atividade incansável de coçar o saco até fazer ferida. De fato, as escaras na minha bolsa de valores doem muito, mas o que fazer quando não há nada para fazer?

Felizmente, nos últimos dias, interrompi a minha ociosa preguiça lancinante porque surgiu algo de novo na encarquilhada política latino-americana depois do Chavez, do Chapolin Colorado e das novelas mexicanas, é claro.

Inspirado em Guga Chacra, o descabelado e desca*%ralhado Javier Milei surpreendeu a todos, até ele mesmo, e foi eleito presidente da Argentina. Todos pensavam que na Argentina só existe um ator, o Ricardo Darín, que trabalha em todos os filmes argentinos e já interpretou grandes figuras históricas lendárias do país como Evita, Maradona, Borges, Perón e a Mafalda.

Estávamos todos errados, o que também não é nenhuma novidade. Surgiu um novo ator na cena política argentária: Javier Barden Milei, o Cantinflas. Ao contrário do Ricardo Darín, que encara qualquer personagem, o Milei segue uma linha mais caricatural e mini animalista, no estilo Bolsoasno e Pato Donald Trump, dois canastrões.

Assim como o Bolsonazi, que ficou famoso graças ao CQC e à Luciana Gimenez, Milei criou a sua marca (ou brand, como se fala em coachês) dando entrevistas bombásticas na TV argentina.

Ali, nas emissoras locais Gluebo e Recuerd, Milei começou a sua pregação anarcocapitalista defendendo a implosão do Banco Central e a dolarização do peso. Ou o contrário: a pesificação do dólar, para combater o imperialismo ianque. Javier Milen é um cara peculiar, apesar de solteiro é professor de sexo tântrico, e para se aconselhar, prefere ouvir a opinião dos seus cachorros, politicamente isso se chama “perronismo”.

Com uma motosserra na mão e nenhuma ideia na cabeça, o extremista de direita também xingou o papa Francisco e o Lula de comunistas, o que é um absurdo porque tanto o Vaticano quanto o PT gostam mesmo é de ostentar luxo e riqueza.

Por conta dessas ofensas maldosas, Luísque Inácio Lira da Silva, o Janja, já avisou que não vai na posse de Milei porque no dia vai ter jogo do Corinthians. No seu lugar (quer dizer, no lugar do Lula e da Janja) vai o ministro Flávio Dino, ocupando duas cadeiras do avião. O obeso Dinossauro não ia perder essa oportunidade de cair de boca nas carnes argentinas, conhecidas pela sua maciez, ao contrário do “povón” argentário, cada vez mais duro e ossudo.

O nosso ministro da Justiça já marcou várias audiências com chuletas, bifes ancho, chorizos, morcillas e assados de tira que representam a rica diversidade carnívora local, pretendendo assim melhorar as relações com a Argentina e piorar o colesterol.

Graças ao peronismo de esquerda, direita e de centro, a Argentina está no buraco com uma inflação de quase 200% por ano. O orgulhoso povo argentícola, que já foi um dos mais ricos do mundo, se acha “europeu” e chama os brasileiros de “macaquitos”, o que é uma ofensa grave. Aos macacos, é claro. Só que hoje em dia a Argentina está por baixo e o arrogante argentino, coitado, não passa de um paraguaio que fala espanhol, acha que é italiano e ainda por cima ganha da nossa seleção no Maracanã pensando que é a Alemanha.

Agamenon Mendes Pedreira acha que o argentino, assim como Jorge Luis Borges, não se enxerga.

Agamenon Mendes Pedreira é correspondente velho de guerra