Jair Bolsonaro e Romeu Zema, do Partido Novo: sorrisos até quando? - Foto: Reprodução/X

Uma saída para a direita

Como partidos, movimentos e institutos liberais estão se organizando para retomar protagonismo político no Brasil
16.11.23

A direita voltou às ruas neste 15 de Novembro. Na Avenida Paulista, em São Paulo, por volta das 15h, eram umas poucas centenas de manifestantes com bandeiras do Brasil e faixas que pediam o impeachment de Lula ou o enquadramento do STF. A cena se repetiu em uma dúzia de outras capitais. Nada que chegasse perto do frenesi dos acampamentos que, no ano passado, incitavam os militares a dar um golpe.

A invasão da Praça dos Três Poderes e a prisão de muitos participantes do 8 de Janeiro tiveram um efeito inibidor sobre quem vinha se engajando na política, disseram a Crusoé algumas das pessoas que tiraram suas camisetas amarelas da gaveta neste feriado. O silêncio das figuras que lideraram a direita nos últimos anos também diminuiu a voltagem do movimento. Jair Bolsonaro não só não compareceu a nenhuma das manifestações como tampouco se pronunciou sobre a data nas redes sociais. Como na peça do italiano Luigi Pirandello, a direita brasileira, ao fim do primeiro ano do governo Lula, parece ter voltado a ser um personagem em busca de um autor.

“A fantasia de que os militares podiam dar uma solução política ao país se desfez e Bolsonaro está inelegível”, diz o deputado federal conservador Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PL-SP). Existe uma ressaca na direita. Para sair dela, teremos de ser racionais e perceber que hoje não temos nada, além de uma base social. Não temos partidos sólidos ideologicamente e não temos meios efetivos de mobilização popular. O PL pode vir a ser esse partido, mas ainda não é.”

Alguns enxergam uma oportunidade nessa situação. O partido Novo e o Movimento Brasil Livre (MBL), por exemplo.

O Novo perdeu um bom pedaço de seu capital político no final do ano passado, quando o seu fundador, o empresário João Amoêdo, declarou apoio a Lula no segundo turno das eleições presidenciais. A oposição (ferrenha) a Lula é traço indispensável para que um político possa integrar o campo da direita, sejam quais forem as propostas positivas que ele tenha a oferecer. Não pode haver concessões nesse sentido – e o gesto de Amoêdo acabou tornando o Novo suspeito aos olhos dos eleitores. O efeito permanece, apesar de Amoêdo ter se desfiliado do partido em novembro do ano passado.

Em parte por causa disso, o Novo deu início a um processo de reposicionamento. Foram feitos três tipos de pesquisa: uma de big data, que analisou 10 milhões de postagens em redes sociais, blogs e áreas de comentários de sites; uma quantitativa, que mirou uma amostra estatística de todos os eleitores que não votaram em Lula em 2022; e uma qualitativa, para testar algumas hipóteses sobre aquilo que as pessoas esperam de uma legenda de direita.

O DNA do partido continua inalterado, ou seja, liberal: reformas econômicas para destravar o capitalismo, gestão pública eficiente, combate à corrupção e defesa das liberdades individuais permanecem no centro da agenda. “Havia um certo temor de que a pesquisa apontasse caminhos contrários aos nossos valores, mas isso não aconteceu”, diz o empresário Eduardo Ribeiro, atual presidente do Novo. “O que ela nos mostrou é como conectar nossas causas com aquilo que preocupa o nosso eleitorado potencial atualmente.”

O Novo pretende fazer do combate aos privilégios e mordomias uma das suas pautas principais. “Há uma sensação muito forte na sociedade de que os impostos são pagos para sustentar regalias e oferecer serviços ruins”, diz Ribeiro. “Descobrimos, com alguma surpresa, que a reforma administrativa é uma ideia popular. As pessoas acreditam que o serviço público precisa diferenciar os bons e os maus funcionários. Mais de três quartos daqueles que foram ouvidos acreditam que demitir o servidor que não cumpre a contento o seu papel é justo e faz bem ao país.”

Outro tema importante será a defesa da liberdade de expressão. “O eleitor de direita voltou a se sentir tolhido”, diz a economista Marina Helena, que coordenou o trabalho de pesquisa do Novo e foi recentemente anunciada como pré-candidata à prefeitura de São Paulo nas eleições do ano que vem. “Ele se vê bombardeado por ideias e valores que não são os seus e, ao mesmo tempo, proibido de se contrapor a isso. Há uma sensação permanente de patrulhamento. Não é que existe medo da censura, a censura já está aí.”

Ribeiro acredita que essas causas poderão alavancar os resultados do partido nas próximas eleições, porque elas já são abraçadas de maneira consistente pelos seus representantes. “As pessoas perceberão que existe coincidência entre o discurso e a prática”, diz ele. “Romeu Zema, que tem uma gestão eficiente, bem avaliada no governado de Minas Gerais, sempre disse que a essência do liberalismo é o combate a qualquer privilégio. Nossos deputados se opõem sistematicamente a projetos de lei ou decisões judiciais que restringem o direito de as pessoas dizerem o que pensam.”

Depois de altos e baixos, o Novo tem hoje 37 mil filiados e pretende chegar aos 50 mil até outubro de 2024, data das eleições municipais. A intenção é também disputar a prefeitura em cerca de 500 das maiores cidades brasileiras – uma medida necessária ao crescimento do partido, que João Amoêdo também hesitava em tomar.

Na ativa desde 2014, o MBL lançou alguns de seus integrantes na disputa eleitoral em 2018, por meio de legendas como o DEM, que depois se fundiu ao PSL para dar origem ao União Brasil. O grupo agora dá um novo passo: começará, em breve, a colher as assinaturas necessárias para fundar um partido, que também tem a ambição de se tornar o grande referencial político da direita brasileira.

“O bolsonarismo existe como veículo para Jair Bolsonaro”, diz o deputado federal Kim Kataguiri (União-SP), um dos fundadores do MBL e também pré-candidato à prefeitura paulistana em 2024. “Não é um movimento liberal, nem sequer conservador, porque quando Bolsonaro esteve no poder não levou adiante de maneira convicta nenhuma das pautas liberais e conservadoras que estavam na mesa, como a da escola sem partido, por exemplo. Ao contrário do MBL, que foi para a oposição ainda em 2019, o Novo comportou-se como linha auxiliar do bolsonarismo durante todo o governo passado. Não vejo como possa sair dessa sombra. O União, onde estou, me dá ampla autonomia, não posso reclamar de nada, mas é um partido de centro. Então, está claro que existe um terreno virgem para um partido de direita com valores autênticos e independência.”

Distinções entre vários segmentos da direita, como os apontados por Kataguiri – bolsonarismo, liberalismo, conservadorismo – ganharam relevância neste momento, embora isso não seja visível para quem acompanha a movimentação a uma certa distância. No Congresso, todas as diferenças se diluem no combate ao lulismo, o adversário comum. Mas as nuances importam entre os políticos que se identificam como sendo de direita e, talvez mais ainda, entre ativistas que se interessam por ideias e causas.

Há pelo menos duas décadas, e para usar um conceito da moda, um “ecossistema” de organismos dedicados a difundir ideias conservadoras ou de matriz liberal vem se desenvolvendo no Brasil. Fazem parte dele o Instituto de Estudos Empresariais, IEE, fundado em 1984; o Instituto de Formação de Líderes; o Instituto Mises Brasil; o Instituto Millenium; o Instituto Liberal; o Lola Brasil, que pretende engajar mulheres e cujas dirigentes colaboram com Crusoé; entre vários outros. “É um processo de disseminação que foi acontecendo a longo prazo. Hoje temos mais de trinta institutos reunidos na Rede Liberdade, diz o advogado Rodrigo Saraiva Marinho, diretor-executivo do Instituto Livre Mercado. “Há poucos dias, fui convidado a participar de um evento em Itajaí, no Espírito Santo, onde um novo grupo liberal foi fundado. É algo que tem força própria e acontece no país todo.”

Boa parte desses institutos trabalha com as ideias liberais clássicas, que tiveram origem no século 17, com pensadores como o inglês John Locke, e se desenvolveram ao longo do tempo, chegando a autores do século 20 como os austríacos Ludwig von Mises e Friedrich Hayek. Outros defendem ideias mais radicais, libertárias, em diferentes vertentes: o minarquismo do americano Robert Nozick, o objetivismo da exilada russa Ayn Rand, o anarcocapitalismo do também americano Murray Rothbard. Na verdade, há quem diga que Mises não é um liberal clássico, mas sim o libertário original, enquanto Hayek seria um  tímido social-democrata… Seria preciso gastar muitos parágrafos, ou mesmo dias, para fazer justiça a todas as diferenciações.

O libertarianismo ganhou destaque recentemente por causa da candidatura do economista Javier Milei à presidência da Argentina. Milei foi suavizando certos  posicionamentos ao longo da campanha, para não espantar eleitores. Algumas de suas crenças pessoais – como a oposição ao aborto – fazem com que libertários “raiz” o olhem com desconfiança (eles acreditam que o Estado não pode interferir de forma alguma naquilo que um indivíduo adulto faz com seu corpo). As credenciais libertárias do argentino no campo da economia são menos contestadas, uma vez que ele promete reduções drásticas no campo de atuação e influência do Estado, caso seja eleito. Foi alardeado o seu propósito de extinguir o Banco Central da Argentina. No último debate com o seu adversário Sergio Massa, ele disse que não manterá relações com o Brasil enquanto Lula estiver no poder, pois basta que os empresários dos dois países façam negócios, não havendo motivo para que os governos se intrometem nessas relações privadas de maneira alguma.

Com exceção talvez do deputado federal Gilson Marques (Novo-SC), não há políticos brasileiros que se identifiquem claramente como libertários. Mas a direita brasileira se manifestou em peso em favor de Milei nos últimos tempos e, inclusive, viajou no primeiro turno ou pretende viajar à Argentina neste fim de semana, para acompanhar o desfecho da corrida presidencial. Eduardo Bolsonaro esteve lá no final de outubro para tirar uma casquinha (e foi tratado como inconveniente pela TV argentina quando tentou defender o porte de armas durante uma entrevista). O deputado federal Marcel Van Hattem (Novo-RS) viajou ao país vizinho na mesma data. “É importante um parlamentar brasileiro mostrar de que lado está, mesmo quando a eleição é em outro país”, disse ele na ocasião à reportagem de Crusoé. “No caso do Milei acho ainda mais relevante, porque ele tem posições liberais muito fortes em economia, e está disputando com o Sergio Massa, que representa o populismo de esquerda como o Lula, no Brasil.”

Vale a pena notar que Milei não era um desconhecido para aqueles que são ligados aos institutos liberais brasileiros. Esses think tanks mantêm contatos frequentes com seus similares no exterior. Na Argentina, em particular, as raízes da doutrina liberal são mais antigas e profundas do que no Brasil. “Um dos livros do Mises nasceu de uma série de palestras que ele deu em Buenos Aires, em 1959”, lembra Rodrigo Saraiva Marinho, que deve desembarcar na Argentina nesta sexta-feira ao lado de seu amigo Helio Beltrão, presidente do Instituto Mises Brasil.

Segundo Eduardo Ribeiro, o Novo gostaria de ser um guarda-chuva para todas as vertentes da direita, das variedades do liberalismo ao conservadorismo. “Já somos assim, mas queremos reforçar essa característica”, diz ele. “O partido pretende ser um espaço onde os vários tipos de simpatizante da direita possam conviver e fazer política.”

Não será tão fácil convencer os conservadores mais voltados para a pauta de costumes. “O Novo tem posturas muito globalistas, tem simpatia por modas como o ESG, que tomou as empresas com imposições do ambientalismo e dos movimentos sociais”, diz Luiz Philippe de Orléans e Bragança. Se fosse para aglutinar a direita já teria acontecido.”

Mas sem dúvida é a charada do bolsonarismo que terá de ser solucionada para que a direita encontre uma saída do seu momento atual.

Ainda que não possa se candidatar a nenhum cargo público até 2030, ou principalmente por isso, Bolsonaro dará máxima atenção àquilo que possibilite sua sobrevivência política nos próximos anos. Os traços personalistas do movimento que ele lidera devem se exacerbar ainda mais. E não faltam exemplos de situações em que os bolsonaristas se voltaram contra qualquer personagem da direita visto como infiel ou como uma ameaça ao chefão.

Não há conflitos por enquanto, porque o governo Lula é um alvo para todos. Nas eleições ficará evidente se os integrantes da direita sabem fazer alianças ou preferem devorar-se uns aos outros.

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  1. Voltaram-se contra o Zema. Ele faz administração incontestável em MG, mas o que postam é a foto com Bolsonaro.

  2. Se Novo e MBL estivessem de fato preocupados com um crescimento da direita, estariam se unindo e não criando mais um partido com ideias iguais. Só serve pra dividir o eleitorado.

    1. O problema é que o Novo tolera o Bolsonaro e o bolsonarismo, o MBL não.

    2. O novo hoje é só um puxadinho do bozonarismo, não tem união com esse tipo de câncer. O MBL e seu partido é única direita possível, mas eles precisam, sim, de um partido de verdade, senão serão reféns dos caciques donos de legendas.

  3. Moro, Daltan, A. Vieira, Ana Amélia e outros de mesma estirpe precisam criar um partido que moralize a política e canalize a vontade das pessoas de bem.

  4. Enquanto tiver gente na direita que se preocupa mais com aborto que com combate à corrupção, mais preocupada com trabuco na cinta que com livro na mão e mais com garimpo ilegal que com meio-ambiente, não tem como dar certo. Não enquanto tiver deputado querendo empurrar goela abaixo lei baseada na bíblia, a direita brucutu vai se impor. E partidos como o Novo, ao invés de se imporem, passam pano pra maluco. A salvação é Franco Montoro, boa sorte.

  5. Vou dar um voto ao partido novo, espero que.o partido cresça de qualquer forma jamais darei.meu.voto a algum partido de esquerda..

    1. Bravo,,,Voltarei a ter esperança,Precisamos acabar com as MORDOMIAS nos tres poderes , , Os impostos direcionados a todos os trabalhadores e ao crescimento d essa Nação rica e abandonada num deserto de homens e de IDEIAS,,,

  6. Espero que a direita mantenha um mínimo de inteligência e se unir efetivamente para varrer do poder essa esquerdalha podre e corrupta.

  7. Bolsonaro avacalhou o que se pode chamar de direita. Ser de direita nada tem a ver como governo militar, mandar às favas a proteção ao meio ambiente, ser "amiguinho" dos EUA e "ficar de mau" dos chineses, muito menos criar arsenais domésticos. Bolsonaro é apenas um saudosista do regime militar e de uma corporação que ele não soube honrar a hierarquia, nada mais. Sempre foi um político medíocre monotemático e só chegou ao poder porque o brasileiro que não sabe votar o colocou no 2º em 2018.

    1. Perfeita análise. Acrescentaria também traidor da causa liberal e da pauta anti-corrupção, sabemos bem o porquê.

  8. Apesar de ainda pequeno, o Novo é o único Partido decente e coerente com as ideias que defende. Não sei se os brasileiros o merecem …

  9. Eu gostaria de saber o que ECG? O NOVO não quer obrigar empresa nenhuma a nada que ela não queria , o empresário que decida. Tem 3 federais do NOVO, todas as pautas excelentes. O NOVO atem O melhor governador e o melhor prefeito, se informem. Fatos importam.

    1. O melhor governador está pedindo regime de recuperação fiscal para MG.

    2. O melhor governador está pedindo regime de recuperação fiscal para MG.

    3. O melhor governador está pedindo regime de recuperação fiscal para MG.

    4. O governador que está pedindo regime de recuperação fiscal para MG, mesmo após receber indenização grande da Vale por sua criminosa negligência.

    5. ECG é a sigla de EletroCardioGrama. Acho que você quis dizer ESG, esta é uma sigra em inglês, Enveronmental, Social & Governance. Está ligada ao desenvolvimento sustentável das empresas social e ecologicamente.

    1. Justo. Talvez tenha sido até melhor ter ficado inelegível. Abre caminho pra uma direita mais razoável.

    2. Concordo. Ele é capaz de queimar qualquer opção razoável.

  10. Se a direita não for capaz de formar alianças não nos livraremos do pt. Tenho votado no Novo, votaria no Kim mais vejo com tristeza o risco de não sairmos desse atoleiro por falta de composição.

  11. Sim, fomos tolhidos graças as loucuras do Bolsonaro e não vejo que haverão grandes manifestações sem haver antes um grupo organizado que saiba como enfrentar com firmeza e atitude que possa intimidar as autoridades. É o desejo de muitos brasileiros, mas a chama bolsonarista tem se mantido. Enquanto não varrerem Bozo e seus fiéis seguidores acho difícil mudar. Temo até a eleição de Micheque aqui no Paraná.

  12. O que o ocorreu de fato com os brasileiros foi uma grande desilusão com lideranças fajutas de duas caras e vazias de conteúdo e coragem. Quem tem que ir pra rua são políticos e instituições com atribuições e responsabilidades com mudanças no país. Convocação pelas redes e movimentos mobilizadores pelas redes já eram. Pé na estrada a comer pó nos rincões e a fumaça no asfalto. Talvez algum desses consiga quem preste atenção nele.

  13. Como eleitora, digo que o NOVO terá que suar muito a camiseta para me convencer a votar em seus candidatos outra vez. Não se desgastou somente nas eleições 2022, mas desde o início do desgoverno Bolsonaro atrelou sua imagem ao bolsonarismo e virou um partido de passapanistas. Espero que o partido do MBL, a Missão, possa ser fundado, cresça e lance muitos bons candidatos em todas as capitais do Brasil. Creio que tem todas as condições pra isso e o MBL nunca se vendeu pra ninguém, ao contrário do Novo e seu Marcel Van Hatten e afins.

    1. Verdade. Eles pagam um preço alto pela coerência, o crescimento é lento. Mas um dia pode render frutos.

    2. Pois é, Anna, foi o que Bolsonaro fez em todo o seu governo: em vez de fechar o bocão, ficava só falando M e dando de bandeja tudo o que os adversários precisavam pra se fortalecerem. Ele foi o maior inimigo de si próprio. Nem precisaria de oposição.

    3. Minha esperança também é a Missão, partido do MBL. Na direita são os únicos que entregam resultados concretos. Bolsonarismo e cia, além de não propor nada e não votar os projetos de leis como supostamente deveriam, só sabem gritar na rede social... gritam tanta besteira que dão munição para a esquerda se fortalecer

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