Foto: Tom Costa/MJSPFlávio Dino, o primeiro caso da história em que um político profissional pode vir a ser indicado para o Supremo

Esta avacalhada republiqueta federativa

Os PMs de Bahia e São Paulo torturam e matam com a conivência de seus chefes e do ministro da Justiça, que pode ser o primeiro político no STF
29.09.23

Os governos dos estados da Bahia e de São Paulo não se destacam pelo fato de as ideologias dos chefes do Executivo serem diametralmente opostas. O primeiro da esquerda, ou melhor, do Partido dos Trabalhadores (PT), agora o professor Jerônimo Rodrigues de Souza, que votou em Lula; e o outro de direita, ou seja, do partido Republicanos (PR), o militar Tarcísio de Freitas, eleitor de Jair Bolsonaro.

Cinco homens foram mortos a tiros e dois ficaram feridos na terça-feira (26) em Acajutiba, a 185 km de Salvador. Segundo a PM-BA, eles foram baleados em confronto com as forças de segurança. Mas quem viu uma notícia importante nos últimos dias sabe que a tropa matou, em setembro, 52 suspeitos de terem participado do assassinato do policial federal Lucas Caribê Monteiro de Almeida, aos 42 anos, no último dia 15.

“Se alguém fizer uma ferida no seu próximo, far-se-á o mesmo a ele: fratura por fratura, olho por olho, dente por dente; conforme o dano que tiver feito a outro.”

Há três semanas outra PM, a de São Paulo, encerrou a Operação Escudo no Guarujá, cuja população inculpa o clima de terror vivido recentemente à morte, atribuída a traficantes, do soldado das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) Patrick Bastos Reis, 30 anos, em 27 de julho. Notícia dada em manchete pelo UOL no último dia 26 narra a origem do pânico ao longo de 40 dias após o crime. “Testemunhas, familiares e vizinhos de pessoas mortas na Operação Escudo apontam que policiais militares executaram, torturaram, ameaçaram, forjaram provas e alteraram cenas de crime em ações na Baixada Santista durante as últimas semanas”. A Constituição de 1988 não inclui a pena de morte como punição criminal no Brasil. Não há também no referido texto a vigência da “lei de talião”, citada como punição na Bíblia, mas não reproduzida em códigos penais de democracias e resumida pela máxima que traduz o sentido do substantivo comum talião como sendo “retribuição”.

Este não foi o caso específico da morte do torcedor são-paulino ferido por bala na cabeça quando comemorava do lado de fora do estádio do Morumbi o resultado da final contra o Flamengo e, em consequência, da Copa do Brasil de 2023. A Polícia Civil paulista, segundo a notícia mais recente, investiga se algum bean bag, munição adotada desde 2021 pela PM, atingiu a cabeça do tricolor Rafael dos Santos Tercilio Garcia, de 32 anos, e o matou durante confronto entre policiais e torcedores do São Paulo Futebol Clube (SPFC), no domingo, 24 de setembro. A vítima era portadora de deficiência auditiva e, portanto, merecedora da atenção da equipe do ministério cuja cúpula compareceu ao prélio, transportada de Brasília para São Paulo gratuitamente num jato da Força Aérea Brasileira (ou seria Farra Aérea Brasileira?), ao pretexto de executar tarefa oficial de campanha contra o racismo no futebol, sob chefia de Anielle Franco, irmã de Marielle Franco e ministra da Igualdade Racial. Agrava tudo a tolice da ex-assessora Marcelle Decothé da Silva, exonerada por ter definido a torcida do campeão da Copa do Brasil como “branca”.

Apesar de não figurar mais na vendetta mafiosa da PM paulista, a possível confirmação da suspeita merece, como o fez a colunista Milly Lacombe, do UOL, desviar a atenção generalizada da viagem e do disparate da assessora exonerada para o disparo que matou o pobre —por isso, alijado pelas direções dos ricos clubes cariocas e paulistanos na nova era da comemoração dos recordes de renda. Como o fez, vaiado de forma justamente estrepitosa, o adversário derrotado em sua casa no primeiro jogo em que foi justamente vencido. A partida de São Paulo obedeceu ao critério da saída isolada das duas torcidas; por isso, não há hipótese de ter havido conflito das violentas torcidas organizadas, que no caso, aliás, convivem com harmonia.

A coluna desta semana poderia criticar com acerto e justiça a especulação petista da nomeação ao STF do ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino de Castro e Costa, cujo desempenho na pasta é lamentável, como demonstram exemplos pontuais dados nos três primeiros parágrafos deste artigo. Pela omissão nos massacres perpretados pelos aliados baianos e adversários paulistas. Mas, sim, pela especulação do primeiro caso da história em que um político profissional, que foi juiz com vários quilos a menos, pode vir a ser indicado para o Supremo Tribunal Federal, cujas 11 vagas são destinadas a cidadãos “com NOTÁVEL saber jurídico”, não adquirido em parlamentos nem palácios, Por que será que todos omitem que ele é do Partido Socialista Brasileiro, grei servidora do PSDB e do PT, hein?

Mas, como Milly tem razão e eu lha dou, o registro da violência policial sem motivo nenhum substitui esta informação e outra: a de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mais uma vez expôs um pretexto para faltar ao dever primário de visitar as vítimas de ciclones no Rio Grande do Sul. E de ser para tanto substituído pela mulher, Janja da Silva, que até o momento em que este texto está sendo escrito não ocupa cargo em poder nenhum desta avacalhada republiqueta federativa.

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
  1. Sr. colunista, o que o senhor chamada massacre eu chamo de justiça e legítima defesa. seria interessante lhe por um fuzil nas mãos e colocá-lo no fogo cruzado em que as pobres vítimas (criminosos) enfrentam a nobre polícia. Agora imagine um mundo sem polícia. será o caos, com as suas vítimas (criminosos) tomando o poder (como já fazem os políticos). Só imagine...

  2. Como sempre brilhante. Aproveito para relançar uma dúvida pessoal e recorrente: o que foi feito, ou aonde andam, aqueles 13 celulares apreendidos pela polícia baiana junto ao cadáver do miliciano Adriano por ocasião de sua execução.

  3. O que parece mais uma pérola da fina e folclórica ironia do mestre Nêumanne, ""avacalhada republiqueta federativa"" é na realidade a descrição exata do que este país do futuro virou depois de que o FHC passou a faixa.

  4. Associam a Bahia hoje dominada pelo crime com São Paulo que ousou combatê-lo? a CF de 1988 gerou monstros, um deles foi em excesso proteger criminosos sob o sofisma de vítimas sociais que em parte o são POR CULPA de elites insanas a semi-escravizar a nação onde o trabalho não vale a pena para os miseráveis e não por acaso 19 milhões recebem bolsa esmola que mata a fome e aliena .. é a ética de um Estado a se eximir de culpa do massacre de cidadãos pelo crime? eis a triste realidade dos Manés.

Mais notícias
Assine agora
TOPO