Marlene Bergamo/FolhapressOs ex-presidentes Dilma e Lula: R$ 287,5 mil mensais para consolar a companheira

Consolar Dilma, eis a questão da hora

Para ganhar a eleição, Lula prometeu pacificar o país, mas no poder, sua prioridade é compensar a companheira pelo impeachment
17.02.23

Em 2014, Dilma Rousseff, do PT, foi reeleita derrotando o adversário do PSDB, Aécio Neves, por uma margem apertada de votos. Para tanto precisou do apoio de seu companheiro de chapa, o vice Michel Temer, do PMDB. Sem os votos do partido, não conseguiria a maioria que obteve. Mesmo com os votos somados, o PSDB entrou na Justiça Eleitoral para contestar sua vitória. Diplomada e empossada, a “presidenta”, como sempre fez questão de ser chamada, não teve dificuldade em arquivar o processo que contestava a vitória da chapa com a aliança do então já vice. O relator do processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Herman Benjamin, que havia pedido a cassação da dupla e, portanto, a vitória do adversário, deu uma definição exemplar do julgamento: “o processo foi anulado por excesso de provas”. A história mostrou que os tucanos reconheceram a decisão como justa, deixando tudo como já estava.

Mas Dilma não se fez de rogada, criando uma esparrela em que escorregou e caiu por excesso de empáfia e ausência de empatia: resolveu desafiar a vitória tida como certa do candidato da aliança da chapa vencedora na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, do Estado do Rio, apelidado nos documentos do propinoduto recolhidos pela operação Lava Jato na empreiteira corrupteira Odebrecht, de Caranguejo, apresentando o pouco apetecível pretendente petista ao importante cargo, Arlindo Chinaglia. Esse foi derrotado, mas Cunha, fiel ao codinome, não deixou por menos.

A gestão desastrada da mineira sediada no Rio Grande do Sul jogava no cestão do lixo da República a economia, culminando com o uso das famosas “pedaladas fiscais”. Isso estimulou Cunha a abrir o processo para desalojar a sucessora de Lula da chefia do Executivo, criando a vaga que seria ocupada pelo companheiro de partido, Michel Temer. O pedido de impeachment, formulado por dois professores da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), foi acolhido e tramitou até o final, numa sessão presidida pelo então chefão do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, de uma família em São Bernardo do Campo íntima dos Silva, Lula e Marisa.

Ao lado de Renan Calheiros, seu correligionário e então presidente do Senado Federal e do Congresso Nacional, o Caranguejo da Odebrecht teve seu objetivo alcançado, mas com uma atenuante. No caso anterior de impeachment, o punido, Fernando Collor, sem base partidária numerosa, ficou inelegível e incapacitado de exercer cargo público por dois mandatos (oito anos). Num apelo emocional descabido e sem precedentes, Lewandowski, do alto de sua suprema e impune autoridade judicial, rasurou a Constituição, permitindo que Dilma não recebesse a pena suplementar e mantivesse o livre acesso a cargo público. À época, falou-se muito que a ex-presidente poderia ocupar, por exemplo, o emprego de merendeira de escola pública. Tal humilhação foi evitada por Dilma, que se submeteu, em 2018, ao voto popular disputando uma cadeira no Senado pelo Estado de Minas Gerais, feito por ela não alcançado.

Um dos destaques da sessão final do processo de impeachment foi o então deputado federal Jair Bolsonaro. Ao votar com a maioria, fez questão de dedicar a decisão a seu ídolo, o coronel Brilhante Ustra, relacionado como torturador à época da ditadura militar pela Comissão da Verdade, que a própria Dilma criou em sua passagem de seis anos e meio pela Presidência da República. Numa época em que sua atitude poderia ser conhecida, esta sim, como antidemocrática, o voto esdrúxulo passou despercebido e o parlamentar não precisou nem pedir desculpas às vítimas da violência notória e registrada do torturador. Ao contrário, sua presença na disputa eleitoral de 2022 foi permitida depois de uma série de manobras em que ficou óbvia a intenção mútua dos maiores líderes da extrema direita e da esquerda oportunista, de terem um ao outro como adversário num segundo turno sem terceira via, desprezada pelos chefões de sempre das organizações políticas partidárias. Assim, coube ao eleitor mineiro corrigir a rasura golpista do companheiro jurista.

Durante toda a campanha presidencial de 2022, o candidato da frente ampla armada para desalojar Jair Bolsonaro da Presidência da República, Lulinha da Silva Paz, manteve a protegida de antes à sombra dos holofotes, E ainda recorreu ao insano pretexto injusto de ter sido golpista o impedimento de Dilma, riscando o nome de Michel Temer da relação histórica dos ex-presidentes, sem nunca repreender publicamente o amigo de família que assinou a deposição rasurada da ex-pedetista que chegou à chefia do governo por suas mãos. O líder da frente amplíssima usou o êxito econômico de suas gestões, principalmente a primeira, mas escondeu sob sete chaves o malogro econômico espetacular das gestões econômicas de sua antiga ministra. Matou dois coelhos numa só cajadada: expulsou o adversário ideal do segundo turno do poder e manteve até o fim em sigilo sua intenção de dar um prêmio de consolação à derrotada pelo povo, esbanjando com volúpia o palavreado elogioso e os cofres da viúva.

Depois de execrar Temer sem razão e elogiar sempre que possível a ex-presidente, o chefe do governo mandou a frente ampla às favas, nomeando a ex-guerrilheira e companheira de batalhas políticas presidente do banco do Brics, grupo formado por Rússia, Índia, China e África do Sul, além do Brasil. O salário bancado pelos orçamentos dos cinco membros do bloco da deposta da Presidência da República será de R$ 287,5 mil mensais. Consolação é pouco, muito pouco, hein?

Numa gestão em que atende mais uma vez ao interesse do capitão-terrorista em se tornar líder maior da oposição extremista à esquerda de ocasião, Lula tem dedicado os primeiros meses de sua gestão a manter vivas as chances de seu adversário preferido e a fake news de um golpe que não foi praticado por Michel Temer. Este, aliás, nem sequer votou no afastamento da companheira da chapa na reunião do Congresso, ao qual não pertencia mais.

 

José Nêumanne Pinto é jornalista, poeta e escritor

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  1. Um ser tão importante, tão valioso, inteligência abaixo da média, realmente o Brasil precisa se esforçar para agradá-la e ao seu precioso mentor! Todo o tempo perdido que teremos constatado ao fim deste trágico mandato, inclusive com essa anta, mostrará o que é o Lula e seu PT.

  2. Os bandos empoderados se protegem e cruelmente mostram a uns que se render ao ditador da vez é a chave para a riqueza imerecida e ladra da inconsciência e do dinheiro do povo ... e os tolos em vez de lutar idolatram o lixo.

  3. É tudo um lixão de corrupção e descrédito! O País deveria não votar em mais ninguém,ou votar só uma vez para qualquer cargo,o candidato! Fazer um rodízio de novos candidatos,reduzirem 50% o n° de partidos no congresso! O roubo seria menor,e os prejuízos insignificantes,acabando com toda mordomia! Cada um pagando por suas despesas como o assalariado o faz!

  4. Uma pena que o Temer não tenha se candidatado para a presidência em 2018. Hoje nossa economia e nosso país já estaria muito melhor e não teríamos tido o desprezar de termos sido governados pelo desqualificado nem pelo ilusionista.

  5. Sempre digo que talvez a saída fosse o parlamentarismo com voto distrital, pra todo mundo ter consciência de que quem manda é o Arthur Lira (hj no caso), e cobrar dele quando der m3rd4. O congresso sempre se esconde, ora atrás do PR, pra atrás do STF, ora do eleitor, que nem sabe quem elegeu nessas horas. Mas, na boa, a saída pro Bananão, como já disse o Ruy Goiaba, é Franco Montoro, o aeroporto no caso. Quem puder, que se vá daqui, limpe a poeira do calçado e não olhe pra trás. Boa sorte!

  6. Excelente texto do grande jornalista, escritor e poeta Nêumanne! Descreveu com exatidão quem é quem nessa política rasteira da república de bananas chamada Brasil. Quero EDUCAÇÃO PARA O POVO!

  7. Lula deve muito a ex-presidenta que sempre zelou pelos interesses do projeto de poder junto a nossa Petrolífera. E com seu ministro da justiça, municiou os advogados de defesa do atual presidente com informações privilegiadas e acesso irrestrito ao STF que foi revendo suas interpretações das leis até poder soltar o presidente responsável pelo maior esquema de corrupção do planeta terra. !!! Precisamos de uma Terceira Via Já !!!

  8. CRUUUZZZZ CREDO!!!! O BRASIL abriu a porta do fantasmódromo!!!! Quando nos livraremos, e às futuras gerações, dessas visões dantescamente fantasmagóricas????!!!! CRUUUUZZZEEESSS!!!!

  9. Muito bom! Para que tenhamos a possibilidade de um governo decente a partir de 2027, é preciso que esse pessoal da extrema-direita entenda de uma vez, que continuar apoiando o mau-caráter do Bolsonaro, só vai facilitar a vida do Lula e sua turma …

    1. Tb gostaria disso. Só q a viabilização de uma terceira via não interessa a ninguém.

  10. Vamos combinar. Dilminha, segundo o mau caráter Lula, é altamente competente. Canalha. Zé Dirceu, segundo o farsante Lula, é um político altamente qualificado. NOOOOJJJOOO. BANDIDOS, LADROES, FARSANTES.

  11. Quem merece prêmio de consolação por aturar esses dois bandidos somos nós, pagadores de impostos. O que Dilma fará nesse banco, se não teve capacidade para gerir uma lojinha de bugigangas vendidas a R$ 1,99? Esse Lula é a pior praga que tivemos e, ainda sendo praga, voltou mais robusto para nos desgraçar por completo.

  12. Parece que ninguém da imprensa ainda notou que o Lula está apresentando sinais de demência. Observem as confusões e incoerências que ele tem apresentado..... Fora a fixação no passado.

  13. E pensar que todos esses detalhes são esquecido pelo povo na hora de votar! Nêumanne você é muito bom, e eu gostaria que esse artigo fosse um dos que estivessem sendo discutidos nas salas de aula, para ajudar os futuros "influencers" a ajudar o Brasil.

  14. Esse vagabundo traidor da pátria e ladrão, nunca quis pacificar nada! Esse traste é um poço de ressentimentos, ódio e recalques. Uma criatura satânica e odienta.

  15. Rasurou =" Cagou "; nos dois Impeachments: Sentenciou " sem objeto ". Cindiu a pena infringindo a lei. 39% que elegeu Lula é a soma dos que vivem de contravenções ,crimes em geral , corrupção e tráfico de drogas: Facções e " auxiliares ". Esquerda e direita : faces da mesma moeda. Métodos e a incompetência igualam-se. 3ª via ou MORTE CÍVICA da Nação.

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