US NavyMarinheiros resgatam balão espião chinês que caiu perto da Carolina do Sul, em 2023.

Temporada de caça aos óvnis

Quatro objetos voadores não identificados foram abatidos nos Estados Unidos em fevereiro — três deles ainda estão envoltos em uma nuvem de mistério
17.02.23

Os Estados Unidos subitamente foram acometidos por uma febre de “objetos voadores”. Desde o início de fevereiro, a Força Aérea americana disparou contra quatro deles. O primeiro foi um balão de espionagem chinês, abatido no dia 4 por um caça. Os outros três, derrubados no último final de semana, ainda não foram analisados. Por isso, foram categorizados como “objetos voadores não identificados”, ou óvnis. Mas, para a frustração dos ufólogos, não foi detectado qualquer sinal de vida extraterrestre. “Isso não é uma invasão alienígena”, disse a conselheira de Segurança Interna da Casa Branca, Li Sherwood-Randall, na segunda (13). “Quero dizer, é engraçado. Mas também não é engraçado, porque as pessoas estão falando disso em plataformas que são amplamente vistas, e isso está criando um medo desnecessário.”

Sem que uma invasão alienígena esteja em andamento, o primeiro mistério a ser desvendado é a utilidade desses balões ou seus similares. Em nota oficial publicada um dia antes de lamentar seu artefato caindo no mar, o Ministério das Relações Exteriores da China afirmou tratar-se de um balão meteorológico civil, que acabou desviando do seu curso projetado. Os fatos contam outra história. O governo americano afirmou que o balão era capaz de transmitir informações sensíveis, sendo um artefato de espionagem chinesa. Em coletiva de imprensa no dia 8, o porta-voz do Pentágono, General Pat Ryder, disse: “Posso garantir que isso não era usado para propósitos civis. Estamos 100% certos disso.”

No intervalo de uma semana em que esteve na atmosfera sobre o território americano, o objeto sobrevoou as proximidades de três bases da Força Aérea. A de Malmstrom guarda um arsenal de mísseis intercontinentais. A de Offutt sedia o comando do Departamento de Defesa encarregado do armamento nuclear americano. Haveria motivos, portanto, para enviar um balão espião.

O uso desses equipamentos para fins de espionagem ou bélicos não é novidade. Esses objetos são mais baratos que colocar satélites na órbita terrestre. Do alto, eles podem fotografar a superfície terrestre com mais precisão e captar sons, incluindo frequências de rádio. Balões têm alguma capacidade de corrigir a rota, mas em geral pegam carona nas “correntes de jato”. Esses ventos ocorrem no alto da troposfera, perto dos polos, atingem 400km/h e são sempre de oeste para leste. Algumas dessas correntes saem da Ásia e cruzam o Pacífico. Na Segunda Guerra, o Japão aproveitou a vantagem dessas correntes de jato para enviar balões armados aos Estados Unidos. Um deles matou seis americanos na costa oeste. “Não foi por acaso que o balão chinês chegou aos Estados Unidos”, diz Fernando Catalano, professor do curso de Engenharia Aeronáutica da USP em São Carlos. Segundo os registros, o objeto entrou no espaço aéreo americano pelo Alasca, no extremo noroeste do país, no dia 28 de janeiro.

Sabe-se ainda que essa ideia estava sendo aventada na academia chinesa há alguns anos. Em 2019, o cientista chinês Wu Zhe, da Universidade de Beihang, anunciou na imprensa estatal que sua equipe lançou um dirigível pilotado remotamente capaz de cruzar o mundo, passando pelos Estados Unidos. A máquina poderia alcançar altitudes acima de 17 mil metros da superfície terrestre — a mesma altitude em que o balão chinês foi detectado. Em comparação, voos comerciais tendem a permanecer na faixa de 10 mil metros.

Quanto aos três óvnis abatidos no final de semana, um foi derrubado no Alasca na sexta (10), outro no noroeste do Canadá no sábado (11) e o último na região dos Grandes Lagos, fronteira entre Estados Unidos e Canadá, no domingo (12). O primeiro foi descrito pelas autoridades americanas como um “objeto do tamanho de um carro” e o segundo, como “pequeno balão metálico com uma carga amarrada abaixo dele”. O terceiro objeto tem formato octogonal e cordas penduradas nele. Segundo o governo americano, não há nenhum sinal de que qualquer um desses três objetos não identificados estivesse emitindo sinais de comunicação. Eles foram derrubados por sobrevoarem próximo da faixa de altitude dos voos comerciais.

E por que tantos óvnis foram identificados nos últimos dias, sendo que ninguém falava nisso? A questão é que, após identificar o balão chinês, as autoridades americanas reprogramaram os seus radares. Antes, eles só buscavam objetos grandes e rápidos, como mísseis e caças. Depois do episódio do início do mês, a peneira foi ajustada para pegar objetos voadores menores e mais lentos. “Com alguns ajustes, conseguimos agora uma melhor categorização dos rastros do radar. E é por isso que acho que vocês estão vendo isso no geral. Além disso, há um alerta maior para procurar essas informações”, disse o general Glenn VanHerck, responsável pela defesa aeroespacial americana, em coletiva de imprensa no domingo.

Em 1938, Orson Welles criou pânico nos Estados Unidos ao narrar uma invasão marciana em um programa de rádio, inspirado no livro de ficção científica A Guerra dos Mundos, de H.G Wells. Ouvintes ligaram histéricos para a polícia e para os jornais, e o assunto foi a manchete no país inteiro no dia seguinte. Desta vez, também não ocorreu uma invasão alienígena. Os balões e os outros objetos abatidos são todos deste mundo. A histeria ficou por conta do governo americano, que deflagrou uma temporada de caça a óvnis. Por via das dúvidas, é melhor ficar atento para o que se passa lá em cima.

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  1. O mundo pega fogo os comunas levam a Europa a mais uma guerra e a América LatRina há muito é um imenso galinheiro clepto-comunaZista e a grande nação do mundo que assegurou a liberdade por mais de cem anos desgovernada por um idiota senil entrega o novo "império romano" aos bárbaros da vez ... Odoacro travestido de Putin e aqui da escória vermelha e seus cúmplices tolos e futuras vítimas de quatro arriam caudas e déspotas de tudo capazes e assim já chegaremos lá .. no censor la veritá please.

  2. Chega a ser risível a declaração de que os radares do sistema de defesa americano não detecta alvos lentos.Conversa mole! Um balão projetado para ser navegável furou a defesa americana por dias é um evento grave, pois alguém na vigia errou feio ou confiou demais nos computadores. Um objeto do tamanho de um carro, da uma resposta no radar enorme.Me engana que eu gosto.

  3. Com certeza eram “ OVEBC! Objetos voadores espiões bem chineses ! Simplesmente colocaram pra voar na barba dos americanos para demonstração de força. Militares americanos falando qoe sao OVNIs é desinformação ! Confirmar que são objetos espiões e que um levou 24 hs para ser detectado seria perigoso é inaceitável .

  4. 1-Acredito na existência de vida inteligente fora da terra. Afinal, o Universo é infinito. A ocorrência é raríssima, porém, existem , não bilhões ou trilhões, mas infinitos planetas com condições de abrigar vida. O problema é a distância entre nós e eles. Ela também é infinita.

  5. 2-Evidentemente esses objetos abatidos não são extraterrestres. A tecnologia para construir um objeto que possa viajar, no mínimo, 20 anos-luz pra chegar aqui, não permitiria o seu abate por uma caça “de antes da idade da pedra”.

  6. Excelente resumo da situação. A transparência adotada pelos EUA é salutar. Esmaga prontamente as teorias de conspiração, só testando crença no espírito dos mais doidos.

  7. Os objetos eram, na verdade, aparelhos da Polícia Federal brasileira, que buscavam dados dos bolsonaristas, armazenados na nuvem, por ordem do STF.

    1. Foi visto um no Brasil mas n negada nem ligou por desconfiar que espionava o que a Canja fazia no carnaval da Baêa ... que saudade da Roze kkkkkkkk.

    2. Acharam um monte de estilingues como carga para o próximo atentado terrorista.. kkkk

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