Rodrigo Pacheco e Arthur LiraRodrigo Pacheco e Arthur Lira: a relação azedou

A lei petista

O Congresso vai resistir aos ataques de Lula contra o Banco Central?
10.02.23

Ataques coordenados e virulentos ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, trouxeram à tona uma conhecida tática petista, a de fritar publicamente os seus desafetos até inviabilizá-los politicamente. A senha para a ação foi dada por Lula, no dia 18 de janeiro, quando o presidente criticou a taxa de juros, que segundo ele estaria muito alta, sem justificativa para tanto. Desde então, membros do PT, de partidos secundários e de milícias digitais passaram a questionar não apenas a integridade de Roberto Campos Neto, como também a autonomia do Banco Central. Outros disparos foram realizados contra a privatização da Eletrobras, a reforma trabalhista e até o aplicativo Uber, numa demonstração de que o novo governo petista está disposto a retroceder na economia em diversas áreas, abalando algumas de suas instituições que lhe garantem a estabilidade.

A intenção dos petistas foi questionada por economistas, pela imprensa e por ex-integrantes de governos petistas, incluindo o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Mas a barreira definitiva que deverá proteger a economia está sendo erguida pelo Congresso. Ao longo desta semana, líderes da Câmara e do Senado deram diversos recados ao PT, ratificando que conquistas do passado serão mantidas, como a reforma trabalhista, a autonomia do Banco Central ou o processo de privatização de algumas estatais.

Sobre a independência do BC, Lula foi enquadrado por seus principais aliados no Congresso. Na noite de segunda (6), o presidente da República foi alertado por Renan Calheiros (MDB-AL) de que as falas mirando Roberto Campos Neto não seriam bem-vistas no Congresso Nacional. Na terça-feira, Lula resolveu dobrar a aposta e intensificou as críticas, alicerçado por Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e Guilherme Boulos, líder do PSOL. Gleisi insinuou que o BC persegue Lula: “A nota divulgada pelo Bacen está muito mais crítica ao governo do que acontecia no passado, quando o Banco Central não deu um pio sobre as façanhas orçamentárias de Bolsonaro para se reeleger”, disse a líder partidária. (Vale lembrar que, nessas “façanhas”, o então presidente Jair Bolsonaro contou com o apoio do PT para aumentar os gastos). Boulos foi mais direto nos golpes: “O Campos Neto é um infiltrado no governo Lula, um infiltrado do ex-ministro da Economia Paulo Guedes, um infiltrado do Bolsonaro. É um cara que não deixa a taxa de juros baixar. Tem um interesse, na minha opinião, de boicote à economia, à geração de empregos, à retomada do crescimento econômico”.

Do outro lado, Roberto Campos Neto produziu uma ata do Copom (Comitê de Política Monetária) com menções ao esforço do governo para equilibrar as contas públicas, atendendo a uma das cobranças do Planalto. O texto mais “amigável” foi visto como uma tentativa de suavizar as investidas e acabou sendo celebrado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Ainda na terça-feira, Lula foi aconselhado novamente, agora pelo vice Geraldo Alckmin (PSB), ministro do Desenvolvimento, que as críticas dificilmente surtiriam efeito e que a solução seria, no médio prazo, intensificar as tratativas para uma ampla reforma tributária. O raciocínio é que, com o governo mostrando ânimo em equilibrar as contas, o mercado ficaria mais confiante em sua capacidade de honrar as dívidas, o que inevitavelmente reduziria os juros.

Durante a reunião do Conselho Político de quarta (8), Lula foi pela terceira vez alertado por aliados: não se mexe com o que já foi feito, independentemente do governo. No PT, prevalece um sentimento coletivo de que os juros estão altos e que Campos Neto deve ser enquadrado. Mas esse trabalho deve ser terceirizado aos pelos partidos alinhados ao Planalto, que se prestam a executar as ordens petistas, como PCdoB, Solidariedade, PDT, PSB e Rede.

Todos esses partidos de esquerda, contudo, não têm quórum suficiente para aprovar um projeto de lei ou uma emenda à Constituição na Câmara dos Deputados. Os demais, como PP, PL, União Brasil e até PSD, não apoiam a investida capitaneada por Lula. “Até o presente momento, não acredito [em mudanças]”, disse a Crusoé o líder do PP na Câmara, André Fufuca (MA).

Não há clima para qualquer alteração nesse sentido. Ou, pelo menos, que não demande um intenso desgaste com o Congresso Nacional. Em Brasília, a conta é absolutamente simples: quanto maior a demanda do Planalto, maior a fatura a ser paga. E, hoje, o governo federal não tem crédito — na forma de distribuição de emendas e cargos — para arcar com um capricho do presidente da República. Coincidência ou não, após a reunião do Conselhão na quarta-feira, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), botou panos quentes na crise.

Não existe nenhuma iniciativa do governo sobre mudança da lei da autonomia do Banco Central e nenhuma pressão sobre mandato de qualquer diretor. A lei estabelece claramente que têm mandatos e que serão cumpridos“, declarou Padilha a jornalistas.

Nem mesmo o modelo de reforma tributária a ser aprovado por Câmara e Senado será 100% aquilo que Lula pretende emplacar. Temas como taxação de grandes fortunas ou de lucros e dividendos tendem a ser rejeitados pelo Congresso. Do outro lado, também há resistências a se estabelecer um Imposto de Valor Agregado ou imposto único, sem antes criar fontes de receita para estados e municípios.

Por esse tipo de gargalo, a tendência é que o texto dessa reforma tributária seja menos revolucionário e tenha um caráter mais acessório.

Na Câmara e no Senado, estão em discussão algumas propostas de emenda à Constituição (PECs) que têm o propósito de modificar os impostos. A tendência é que o texto-base dessa reforma seja a PEC 45/19, que foi baseada em estudos realizados pelo novo secretário especial da Reforma Tributária, Bernard Appy. A proposta será alvo de um grupo de trabalho coordenado pelo deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).

Mas isso não significa que outras propostas estejam descartadas. Muito pelo contrário. A expectativa é que no Congresso ocorra a aglutinação de propostas como a PEC 07, que pretende cobrar o imposto sobre o consumo apenas na venda final ao consumidor, permite aos estados a adoção de alíquotas complementares de Imposto de Renda e busca retirar encargos da folha de salários. Esse texto já passou em comissão especial e, em tese, estaria pronto para ser votado em plenário.

A reforma tributária é a mãe de todas as reformas. Nosso grande desafio será colaborar para o avanço dessa proposição”, disse o primeiro vice-presidente da Câmara, deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP).

Outra pedra no sapato para o futuro governo será a tentativa de reverter o voto de qualidade no Carf. A medida foi instituída por medida provisória, sob a justificativa de que a alteração instituída pelo governo Jair Bolsonaro beneficiou um número limitado de empresas, com uma renúncia fiscal de aproximadamente R$ 1 trilhão.

Nas primeiras conversas com o Congresso, integrantes do governo Lula foram avisados que haverá resistências em reverter as mudanças no Carf, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. A justificativa aqui é simples: essa é uma pauta cara à bancada ruralista, que hoje tem aproximadamente 160 congressistas. Seus representantes não querem que as regras sejam alteradas para beneficiar a Receita Federal nos julgamentos sobre dívidas. Mexer com a “bancada do boi” seria pedir para ter problemas de governabilidade em breve.

Por esse motivo, o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), já sinalizou que esse assunto precisará passar por um amplo debate junto aos parlamentares. “Vamos conscientizá-los de que esse é um assunto importante”, declarou a jornalistas na quarta-feira, 8.

Pelo visto, por mais que o governo do PT queira dar um cavalo de pau na economia, qualquer medida mais drástica dificilmente será aprovada por esse Parlamento. A não ser que o PT pague por isso. E aí, a conta pode ficar muito alta. Impagável até.

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500
  1. acreditaram nessa quadrilha outra vez e pior, sabendo das falcatruas perpetradas, é burrice. o brasileiro que votou nessa quadrilha tem Qi de idiota.

  2. Quem acreditou numa Frente Ampla democrática caiu no conto do vigário. O PT aos poucos pelas beiradinhas , come o mingau quente. O vice presidente Alckmin terá o mesmo destino que o o ex - presidente Michel Temer, vice presidente no governo Dilma. O petismo fará com o tempo, uma fritada de xuxu. O mesmo, serve para a ex senadora Simone Tebet. Serão cortadas se as asas crescerem.

  3. Um congresso que se vende por $$$$ , o Sr Ocupante de Palácio da Alvorada pode pensar em tudo. Quanto mais abre a boca mais dólar e juros sobem, mais insegurança aos investidores e mais gastos com a quadrilha do PT e aliados

  4. O que esperar de um Congresso composto em sua grande maioria de bandidos ambiciosos, sem ética, sem caráter e sem moral, que tem como primordial objetivo as rachadinhas, o orçamento secreto, o enriquecimento ilícito???

  5. Quem entende estratégia sabe que os ataques sistemáticos da quadrilha ao Banco Central e seu presidente é o primeiro passo da reforma tributária preparada para que viremos um estado clepto-comuno-fascista à venezuelana e esta nem o CapaCHECO vai apoiar por interesses pessoais, de seu grupo e de Minas que não pode ignorar e Nero largará sua Lira sob o incêndio e terá de defender o importante órgão de Estado mas não podem impedir sem um freio institucional que em 2024 já sejamos a nova Argentina.

  6. O canalha Zé Inácio vai permanecer destilando ódios e vinganças nos próximos 4 anos de desgoverno.. o Brasil vai quebrar e todos vão chorar lágrimas de sangue. Bem feito seus otários… fiquem fazendo o L até conseguirem vomitar..

  7. Para variar um país onde a maioria é classe média e baixa, 1% dela continua a não contribuir com nada, ou seja, cada vez mais ricos, e o povo paga a conta o ano todo. 1 trilhão em dívidas de empresas 😱

  8. Essas idéias malignas parte da ORCRIM, Lula, o désposta abstêmio odiento, ignorante pleno, assimila a pauta e faz o discurso de ódio, agitado com muito perdigoto. Quando toma baldes de cachaça o discurso de ódio durava horas, agora com cuidadora Dona Ginja regulando a água ardente delega para outro ignorante pleno, o Boulos que tem capacidade imensa de manifestação do intestino grosso.

  9. Esse canalha não for sério, não governar com dignidade e o País naufragar, vamos queimá-lo vivo, com gleise, Zé cueca e quadrilha. Também psol, partido do caralho de esquerda.

  10. Esse governo começou muito mal. Uma máquina gigante e retrógrada cuspindo absurdos, ideias dos anos 80, discursos de ódio, censura e perseguição de todos que não estão alinhados com o plano de poder petista. Uma receita para um fracasso gigantesco e irá nos jogar a um patamar de miséria e hiperinflação, com um potencial ditador no poder.

  11. Não se esqueçam, senhores “influenciadores”, que temos um stf “passadista-reformista de decisões e absolutista (“B.C. autônomo??. Nem morta!!!”).” E mais do que luloptista (desde criancinha) após livrar o ex condenado e lançá-lo candidato. Comprometidos “eternamente” (até a ruptura nessa “máfia” muiamiga).

  12. O que é que Lula entende de economia? Realmente o cérebro desse presidente só alcança o palanque. Desde que assumiu o cargo (pela 3 vez, infelizmente) só tem falado para os seus correligionários (como já fez anteriormente). Incapaz de analisar as consequências das suas propostas. Não deve nem saber usar calculadora.

  13. Não seria mais que na hora do BC se manifestar, mostrando ao povo os porquês dos juros altos? Quem sabe ensinar um pouco em um linguajar mais simples e apropriado, ajudaria?

    1. Pedagogia neste país de analfabetos? Economistas brasileiros pedagogos?? Luloptismo (sócios de deus) e povo brasileiro analfabeto funcional aprendendo com os "economistas da direita"? Compreendo a boa fé, mas, se o brasileiro não entrar no foco, teremos um poste luloptista na continuação do desastre LULADILMABOLSONARO.

    2. Realmente, Gil, o BC deveria explicar de modo convincente e didático o motivo de manter os juros altos. É preciso também que o presidente Lula e seus sequazes entendam a explicação e parem de falar e fazer besteiras em economia.

  14. O luloptismo sempre foi indecente no dis trato do inimigo (a meta é tirar o “neto de Roberto Campos!”. Se o palanques (com chapeuzinho no e) econômico caipira e as Globo da vida, não dá certo, irão de Congresso. Mais fácil será procurar a casa das leis instáveis, o stf. Os supremacistas especializam-se, para adoração do luloptismo, a fritura das leis e de personas, aa la carte… Mesmo as que julgaram decisões transitadas em julgado.

  15. Passei o olho nas manchetes da edição de hoje e me horrorizei com a forma virulenta com que Crusoé ataca a Lula e ao PT ao PT na busca da conquista de leitores da extrema direita. Nesse ponto, estão indo bem, tenho certeza. Não sou petista, nunca votei no Lula mas, diante dos horrores do governo do Genocida, não havia opção. É preciso que a revista faça uma escolha. Como está caminhando, daqui a pouco traz o Constantino e tira a máscara. Da minha parte, estou cancelando minha assinatura

    1. Já pensei em cancelar a assinatura, mas vou dar um voto de confiança. Não vejo a revista atacando gratuitamente o governo, mas, sim, se atendo aos fatos. Pergunto: há alguma inverdade no que é narrado? Os ataques coordenados não estão acontecendo? É alguma novidade o caráter autoritário do PT, a pretensa hegemonia das boas ideias e de bons princípios? Ou que quem pensa diferente deles, ou discorda, está condenado a ser chamado de fascista, acusado de bolsonarista ou olhado como uma excrecência?

    2. Por isso renovei minha assinatura, Crusoé 👏🏼

    3. Já cancelei a minha. Só estou cumprindo tabela

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