Adriano Machado/CrusoéPacheco e Lira: o Legislativo permanece omisso e leniente, acovardado até

Eles merecem?

Rodrigo Pacheco e Arthur Lira querem mais um mandato à frente do Senado e da Câmara, respectivamente. Vejamos então como eles lideraram suas instituições
27.01.23

Rodrigo Pacheco e Arthur Lira querem mais um mandato à frente do Senado e da Câmara, respectivamente. É natural que queiram, considerando o poder que acumularam nos últimos dois anos. Mas merecem?

Não preciso olhar para os concorrentes de Pacheco e Lira para defender que haja renovação. Basta ver como ambos lideraram suas instituições, ou melhor, como rebaixaram o Legislativo Federal ao nível moral de uma Câmara de Vereadores de um município da Baixada Fluminense.

O orçamento secreto é de longe o maior escândalo político da história da República e o pagador de impostos ainda espera por investigações sérias que descortinem a aplicação, longe dos olhos da sociedade, de mais de R$ 64 bilhões nos últimos quatro anos.

Cobrados pela imprensa, negaram a negociata. Pressionados pelo Supremo, fizeram cara da paisagem por meses. Ao fim, articularam uma solução que oficializou o controle sobre fatia indecente do Orçamento em troca da distribuição dos recursos de forma mais ‘equilibrada‘ e ‘transparente‘.

Sob Pacheco, acordos firmados também longe dos olhos da sociedade inviabilizaram o escrutínio público sobre decisões judiciais e quase impedem a instalação da CPI da Covid.

Sob Lira, acordos firmados também longe dos olhos da sociedade inviabilizaram a abertura de um processo do impeachment de Bolsonaro durante a pandemia ou quando o então presidente começou a atacar o sistema eleitoral.

Manter Bolsonaro sangrando em plena Praça dos Três Poderes tornou-se estratégia fundamental para garantir a polarização da campanha eleitoral e a vitória (ainda que apertadíssima) de Lula, descondenado e reabilitado politicamente pelo Supremo.

A manutenção de um presidente fraco serviu ao Centrão como escada para o avanço sobre a máquina pública e para a desmontagem dos avanços no combate à corrupção — pauta de interesse comum de aliados e inimigos da política.

Sob Pacheco e Lira, o Congresso assistiu passivamente à escalada dos ataques de Bolsonaro e de sua milícia digital a ministros do Supremo e à democracia, e também à contundente (e necessária) reação institucional personificada por Alexandre de Moraes.

Apesar do potencial dano colateral dessas decisões sobre as liberdades individuais, o Legislativo permanece omisso e leniente, acovardado até; daí o esgarçamento institucional inevitável.

Caberá aos deputados e senadores da nova legislatura decidirem tratar o problema como herança maldita ou serem cúmplices de um crime permanente.

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  1. A profeta mais uma vez acertará, pois não importa quem ganhar, perderemos. São todos seguidores da mesma cartilha, isto é, autores ou cúmplices.

    1. Merece sim! "Todo povo TEM o governo que merece". Foram eleitos...

  2. É isso aí, Claudio.. vê se consegue restabelecer a utilidade da nossa Crusoé.. se vira aí mano.. convence Diogo e Sabino a voltarem à plataforma.. senão vc ja sabe.. ela vai morrer..

    1. Ainda na esperança de ver Diogo e Sabino voltando, rrnovei a assinatura… mantenha-se na linha CD

  3. Nossa última esperança é que a maioria dessa nova geração de deputados e senadores seja capaz de encerrar essa herança maldita. Sei que é complicado, mas sempre há a esperança. Desejamos que essa maioria possa lutar e fazer o melhor pelo país.

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