Eles merecem?
Rodrigo Pacheco e Arthur Lira querem mais um mandato à frente do Senado e da Câmara, respectivamente. É natural que queiram, considerando o poder que acumularam nos últimos dois anos. Mas merecem?
Não preciso olhar para os concorrentes de Pacheco e Lira para defender que haja renovação. Basta ver como ambos lideraram suas instituições, ou melhor, como rebaixaram o Legislativo Federal ao nível moral de uma Câmara de Vereadores de um município da Baixada Fluminense.
O orçamento secreto é de longe o maior escândalo político da história da República e o pagador de impostos ainda espera por investigações sérias que descortinem a aplicação, longe dos olhos da sociedade, de mais de R$ 64 bilhões nos últimos quatro anos.
Cobrados pela imprensa, negaram a negociata. Pressionados pelo Supremo, fizeram cara da paisagem por meses. Ao fim, articularam uma solução que oficializou o controle sobre fatia indecente do Orçamento em troca da distribuição dos recursos de forma mais ‘equilibrada‘ e ‘transparente‘.
Sob Pacheco, acordos firmados também longe dos olhos da sociedade inviabilizaram o escrutínio público sobre decisões judiciais e quase impedem a instalação da CPI da Covid.
Sob Lira, acordos firmados também longe dos olhos da sociedade inviabilizaram a abertura de um processo do impeachment de Bolsonaro durante a pandemia ou quando o então presidente começou a atacar o sistema eleitoral.
Manter Bolsonaro sangrando em plena Praça dos Três Poderes tornou-se estratégia fundamental para garantir a polarização da campanha eleitoral e a vitória (ainda que apertadíssima) de Lula, descondenado e reabilitado politicamente pelo Supremo.
A manutenção de um presidente fraco serviu ao Centrão como escada para o avanço sobre a máquina pública e para a desmontagem dos avanços no combate à corrupção — pauta de interesse comum de aliados e inimigos da política.
Sob Pacheco e Lira, o Congresso assistiu passivamente à escalada dos ataques de Bolsonaro e de sua milícia digital a ministros do Supremo e à democracia, e também à contundente (e necessária) reação institucional personificada por Alexandre de Moraes.
Apesar do potencial dano colateral dessas decisões sobre as liberdades individuais, o Legislativo permanece omisso e leniente, acovardado até; daí o esgarçamento institucional inevitável.
Caberá aos deputados e senadores da nova legislatura decidirem tratar o problema como herança maldita ou serem cúmplices de um crime permanente.
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A profeta mais uma vez acertará, pois não importa quem ganhar, perderemos. São todos seguidores da mesma cartilha, isto é, autores ou cúmplices.
Muito bom o artigo. Mas concordo: mantenho a assinatura em homenagem ao Diogo e Mário. Voltem, por favor
Concordo com as críticas e gostaria de comentários às alternativas colocadas à mesa.
O Brasil não merece o congresso que tem.
Merece sim! "Todo povo TEM o governo que merece". Foram eleitos...
Concordo com você, Cláudio.
É isso aí, Claudio.. vê se consegue restabelecer a utilidade da nossa Crusoé.. se vira aí mano.. convence Diogo e Sabino a voltarem à plataforma.. senão vc ja sabe.. ela vai morrer..
Ainda na esperança de ver Diogo e Sabino voltando, rrnovei a assinatura… mantenha-se na linha CD
Se aliando ao PT? Não merecem! Assim como qualquer parlamentar que votar na presidência deles.
Excelente resumo
Nossa última esperança é que a maioria dessa nova geração de deputados e senadores seja capaz de encerrar essa herança maldita. Sei que é complicado, mas sempre há a esperança. Desejamos que essa maioria possa lutar e fazer o melhor pelo país.