ReproduçãoCapacete de soldado russo morto na Ucrânia: notícias das derrotas circularam na Rússia

O moedor de carne humana

Cerca de metade dos soldados russos enviados para a invasão da Ucrânia morreram no campo de batalha, e Putin quer mandar mais 300 mil
23.09.22

Czares e ditadores soviéticos nunca tiveram qualquer escrúpulo ao mandar milhões de seus súditos para morrer em campos de batalha. O descaso deles com as vidas de seus próprios cidadãos sempre foi aterrador. Qualquer número de óbitos podia ser justificável, desde que os ajudasse a alcançar seus objetivos. O presidente russo, Vladimir Putin, segue a mesma tradição. Dos 175 mil soldados que iniciaram a invasão da Ucrânia, em fevereiro, aproximadamente metade morreu nos sete meses seguintes. Indiferente a isso, Putin anunciou esta semana o alistamento de 300 mil reservistas. É possível que ele esteja planejando mandar mais centenas de milhares de conscritos, os jovens que fazem o alistamento militar obrigatório, para a guerra.

Você não precisa morrer por Putin”, disse em um comunicado a coalizão de movimentos sociais russa Vesna, que orientou os russos a recusarem o alistamento. “As pessoas que te amam querem você na Rússia. Para as autoridades, você é só bucha de canhão, e sua vida será desperdiçada sem nenhum significado ou propósito.” Diversos grupos de oposição e o dissidente russo Alexei Navalny, que está preso, convocaram protestos. Mais de 1,3 mil pessoas foram detidas por se manifestarem em 38 cidades. Russos indignados incendiaram mais de vinte locais de alistamento militar, incluindo estações de polícia e prefeituras, com coquetéis Molotov. Outros correram para as estradas ou para os aeroportos para escapar do conflito.

A reação negativa da população era esperada. Logo após deflagrar a invasão da Ucrânia, em fevereiro, manifestações já tinham ocorrido em diversos pontos do país. Entre elas, mães de soldados reclamavam notícias de seus filhos. Mas essas vozes foram abafadas pelos policiais e escondidas pela censura. Para acalmar a população, Putin prometeu que só usaria soldados profissionais no que ele chama de “operação militar especial”. Ficariam de fora os conscritos e os reservistas (na Rússia, todo cidadão é obrigado a realizar um ano de serviço militar obrigatório entre os 18 e os 27 anos).

Com suas tropas sob ataque, Putin foi se desdobrando para abastecer o front com novas almas. Em março, ele autorizou a convocação de combatentes do Oriente Médio para lutar na Ucrânia. Mas, entre os países árabes, seu chamado só foi respondido pela Síria. De início, falou-se que mais de 40 mil sírios se dispuseram a lutar. Mas o dado não se concretizou. Os poucos que bateram à porta do consulado russo em Damasco, capital da Síria, foram avisados de que deveriam procurar os parceiros privados do governo. Uma dessas empresas, a Al-Sayyad, que se apresenta como firma de segurança, só recebeu o currículo de trinta voluntários. Sem uma causa religiosa, sem preparo e sem armamento adequado, os sírios preferiram cuidar das próprias vidas a se arriscar numa guerra distante e sem propósito.

TassTassPutin tinha prometido não enviar reservistas para a Ucrânia
Os chechenos, conhecidos pela brutalidade, foram os mais solícitos e se prontificaram rapidamente. O governador da República da Chechênia, Ramzan Kadyrov, foi pessoalmente liderar um batalhão. De início, falou-se que cerca de 20 mil foram para a Ucrânia para defender Putin, mas esse número também pode ter sido superestimado. Há um mês, um decepcionado Kadyrov acusou o Kremlin, nas redes sociais, de esconder a realidade do campo de batalha, o que deve afugentar novos recrutas.

Até mesmo prisioneiros russos foram assediados com a promessa de terem suas sentenças reduzidas caso aceitem ir para a Ucrânia. Yevgeny Prigozhin, que foi chef de cozinha de Putin e realiza diversas operações irregulares para o seu superior, pousou de helicóptero em uma prisão ao sul de Moscou para convencer assassinos e ladrões a lutarem pela pátria. Prigozhin queria que eles se juntassem aos mercenários do Grupo Wagner, que realizam ações em outros países, como Síria e Venezuela. Segundo autoridades americanas a meta do Grupo Wagner era alistar 1.500 criminosos, mas a grande maioria recusou a proposta.

Em desespero total, Putin tentou uma última cartada. Assim que ele anunciou a mobilização parcial de 300 mil reservistas, líderes pró-Rússia divulgaram a realização de referendos em regiões do leste e do sul da Ucrânia. Essas consultas populares, totalmente fabricadas, serão concluídas na terça, 27. Então, o Kremlin anunciará que a maior parte da população quer se juntar ao reino de Putin.

Foto: ReproduçãoReproduçãoZelensky: “Eles vêm à Ucrânia para morrer”
Com esses referendos em territórios ucranianos, Putin busca ao menos dois objetivos. O primeiro é tentar convencer os homens de etnia russa de que esta é uma guerra em defesa do seu povo. A chance de sucesso é baixa. Aqueles que vivem na Ucrânia e estão em condições de lutar já pegaram em armas, principalmente contra Moscou. Os que moram na Rússia dificilmente serão convencidos por um discurso tão simples, até porque eles têm muitos laços com os ucranianos e sabem das derrotas de seu Exército.

O segundo objetivo pode ser o de enviar conscritos para a guerra. A legislação russa impede que os conscritos com menos de quatro meses de treinamento sejam mandados para fora do país. Caso essas áreas da Ucrânia passem a ser consideradas como território russo, esse impedimento deixa de existir. Putin então estaria desimpedido para mandar milhares de jovens sem preparo para lutar no inverno ucraniano.

Esta, portanto, não é só uma guerra contra a Ucrânia, mas também contra a população russa. “Milhares de homens russos — nossos pais, irmãos e maridos — serão jogados no moedor de carne da guerra”, escreveu a organização Vesna no seu comunicado. “Agora a guerra chegou a todos os lares e a todas as famílias.”

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, comentou a decisão de Putin ao jornal alemão Bild: “Putin quer afogar a Ucrânia em sangue, mas também no sangue de seus próprios soldados. Eles (os soldados russos) vêm à Ucrânia para morrer.

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  1. É nisso que dá eleger dementes, eleger psicopatas, eleger sociopatas, eleger criminosos covardes, ladrões e genocidas vocacionados, para desgovernarem o seu país, ""né mesmo, compatriotas BRASILEIROS????????!!!!!

    1. O fim desse nanoputin cultivador da morte será exatamente o mesmo do sadat e do kafafi. E tomara que aconteça logo. Os cidadãos russos finalmente acordaram! TOMARA QUE ACONTEÇA O MESMO NO BRASIL, NÉ MESMO 2 GADOS FANÁTICOS ???!!!

    2. O fim desse nanoputin cultivador da morte será o mesmo do sadat e do kafafi. E tomara que aconteça logo. Os cidadãos russos finalmente acordaram! TOMARA QUE ACONTEÇA O MESMO NO BRASIL!!!

  2. ... aqui no Sul Maravilha só passamos vergonha; enquanto um maluco às vésperas da guerra vai à Moscou prestar total solidariedade ao criminoso de guerra o outro afirma que tudo seria resolvido com umas cervejas e "branquinhas"! ... e tudo indica que por aqui se algo mudar vai ser ainda para pior! 😡😬😱🥶🥶🤯

  3. Nós, os brasileiros, que adoramos um discursozinho de ditador, deveríamos entender que ditadura não é bom em lugar nenhum. Nem Lula, nem Bolsonaro. MS

  4. O comando da OTAN precisa pelo menos uma dezena de planos alternativos para acabar com a guerra imediatamente. Uma é salvar Putin em troca de sua renuncia. O resto são aalternativas para eliminação desse patife sanguinário da face da Terra.

  5. O inverno foi decisivo para a derrota de Napoleão e Hitler quando invadiram a Rússia. Agora o Putin espera que o frio europeu sem gás russo para aquecimento funcione para minar o apoio à Ucrânia. Prefiro pensar que os países da Europa Central vão encontrar alternativas, mesmo que poluentes.

  6. Logo ali vizinho na esquina a Venezuela mata de fome e 2 milhões de cidadãos vivem exilados no Brasil, Peru e Colômbia ... será também o idiotizado povo brasileiro amanhã? Como diria o DataLixo e com 99% de chances.

    1. Queria entender o que esse comentário tem a ver com a matéria…. Deve ser o processo de idiotização.

  7. O problema é que Putin é louco, está viciado no poder e sabe que não poderá nunca mais sair do seu Bunker. Ganhe ou perca a Guerra. Ou seja, para ele tanto faz. Então por que não continuar a carnificina? Não sei como pode viver um homem assim. Deve ter 3 pessoas para experimentar sua comida à cada refeição. Envenenamento é o mais comum naquelas paragens.

  8. Putin como todo e qualquer ditador faz uso da polícia militar para o patrulhamento ( entenda-se dar proteção) a sua população civil. Logo é mais fácil os brasileiros se rebelar contra a polícia militar de sua antiga ditadura, do que a população russa depor seu tirano. Ah! Qualquer semelhança com o uso da polícia militar aqui será uma mera coincidência.

    1. Derrubar e colocar ele no moedor de carne e triturar bem devagarinho. Putin está tentando fazer o que Hitler fez, mas, para seu azar, ele não tem o carisma nem a retórica do ditador nazista. Muito pelo contrário.

  9. Será que veremos um golpe de estado na Rússia? Muito improvável, mas não impossível. Hoje o povo russo, em especial os de menos de 50 anos, já não se submete passivamente a seus governantes, como o faziam os que viveram na antiga União Soviética.

  10. 1/2- Estamos a caminho da maior crise da história da humanidade. A escassez de alimentos, uma realidade em muitos países, vai se intensificar. O preço das commodities já vinham sendo pressionados com o crescimento da população urbana, que diminui a quantidade de hectares de plantação, sendo que os urbanos consomem mais carne, e o gado requer mais grãos que um humano. Outros fatores para a carestia dos alimentos, é a necessidade dos biocombustíveis e as mudanças climáticas.

    1. 2/2- Putin busca desestabilizar o mundo ainda mais, escalando na sua guerra. Infelizmente o derramamento de sangue vai transcender o conflito. Um ser humano faminto, deixa de ser humano. Votar no espantalho e no PT, é ser a favor da Guerra do Putin, e da fome dos pobres no Brasil e no mundo. Vote Sim🇧🇷ne 15.

  11. Isso sim é que é jornalismo, apresenta os fatos e as verdades, para que o leitor tenha suas próprias conclusões e não a opinião pessoal do graeb a respeito das coisas, o que não interessa a ninguém. Vocês estão bem de opinadores, ein. Alexandre Soares e graeb. O único jornalista de primeira linha que vocês tem é o Duda, que apresenta os fatos e não tenta convencer os outros das opiniões dele. O Dantas é do mesmo time dos outros. Saudades do mainardi e do Sabino

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