Tunísia, único caso de sucesso da Primavera Árabe, tem Parlamento suspenso

O presidente da Tunísia, Kais Saied (foto), depôs o primeiro-ministro, Hichem Mechichi, e suspendeu o Parlamento por 30 dias na noite deste domingo, 25. Saied também retirou a imunidade de todos os deputados.

A ação de Saied foi uma tentativa de apaziguar os protestos contra o aumento dos casos de Covid e a falta de oxigênio suplementar nos hospitais.

Com a medida, Saied passou a acumular todos os poderes executivos.

O partido islâmico Ennahda, que tinha a maior representação no Parlamento, acusou Saied de golpe de estado. Veículos militares cercaram o prédio da Assembleia e membros das Forças Armadas impediram a entrada do líder do Ennahda, Rached Ghannouchi, no edifício.

Saied afirmou que agiu de acordo com a Constituição. O texto não permite dissolver o Congresso, mas autoriza a suspensão por 30 dias. O presidente deve nomear outro primeiro-ministro em breve.

A Tunísia é considerada o único caso de sucesso da Primavera Árabe. Em dezembro de 2010, um vendedor de frutas ateou fogo ao próprio corpo em protesto contra as propinas cobradas pelos policiais. As manifestações que se seguiram levaram à queda do ditador Ben Ali, que fugiu do país em janeiro de 2011, e deram início a uma frágil democracia.

Nos demais países que foram sacudidos por protestos, o resultado foi o surgimento de outras ditaduras, como a do Egito, ou uma guerra civil, como no caso da Síria.