Adam Schultz/ White House via Flickr

Os sinais que Biden recebeu de Michigan

28.02.24 11:00

Joe Biden (foto) teve 81.1% dos votos nas primárias democráticas de Michigan, nesta terça-feira, 27. Sem outros concorrentes de peso (o outro candidato, Dean Phillips, teve 2,7% dos votos), o atual presidente americano se consolida como o candidato democrata em novembro, devendo ter um tira-teima contra Donald Trump — que também venceu Nikki Haley no estado.

Outros números, no entanto, confirmaram que a candidatura democrata enfrenta mais problemas do que o aparente à primeira vista. O primeiro recado veio do eleitor árabe-americano — que constitui uma fatia relevante da população do estado: como retaliação pelo apoio dos Estados Unidos a Israel no conflito em Gaza.

Cerca de 13% dos votos democratas foram para “nenhum dos candidatos”, como vieram pressionando eleitores de descendência somali, libanesa, iraquiana, jordaniana e mesmo palestina — uma parlamentar do estado chegou a pressionar pelo voto em branco.

Parece que a pressão funcionou: em Dearborn, cidade nos arredores de Detroit que concentra a maioria do eleitorado árabe-americano, 56% votaram em “nenhum candidato”, contra 40% dos votos em Biden.

Nos últimos dias, quando sentiu que o apoio do voto árabe-americano poderia estar em risco, Biden tentou mudar o foco da questão: apareceu em um talk show tentando parecer um senhor descolado de 81 anos. Após o programa ser gravado, disse acreditar que um cessar-fogo entre Israel e o Hamas estaria perto, e que apoia esta decisão.

O eleitorado árabe no estado reclama, principalmente, de invisibilidade de suas pautas — em um momento onde Biden não pode ignorá-los. Isso porque Michigan é um estado-pêndulo (swing state), que não tem preferência por um partido específico.

Em 2016, a vitória de Donald Trump no estado contra Hillary Clinton garantiu a vitória ao final do candidato republicano. Em 2020, Michigan virou o voto para democrata, e Joe Biden levou o estado por uma margem de 2,78%, ou 154,1 mil votos. Segundo o movimento árabe-americano, dos 10 milhões de moradores no estado, 200 mil são eleitores de origem árabe.

Até novembro, Biden deve pisar em ovos para não romper o apoio histórico com Israel, ao mesmo tempo em que evita irritar essa pequena mas estratégica base.

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