Adam Schultz / White House via Flickr.

Primárias em Michigan testam apoio de árabe em democratas

25.02.24 10:28

Nas últimas semanas, o presidente dos EUA Joe Biden tem demonstrado mais reservas ao histórico apoio que o governo americano dá a Israel: no meio da guerra do governo de Tel-Aviv com o Hamas, Biden cobrou comedimento nas operações israelenses na Faixa de Gaza, e tem aumentado o alerta para a morte de civis.

Uma das razões para esse comedimento todo é a primária democrata desta terça-feira, 27, em Michigan. Concorrendo praticamente sozinho, Biden não deve ter dificuldade de formalizar o apoio dos delegados no estado. Mas é a demografia do estado — que possui um número relevante de eleitores de origem árabe — que pode indicar o quão em problemas está a principal campanha do partido Democrata.

Michigan tem 10 milhões de habitantes e cerca de 200 mil eleitores registrados com descendência árabe ou com a religião muçulmana, na última eleição em 2020. É também um swing state, um dos estados onde não há uma preferência contínua por um partido ou por outro, e onde democratas e republicanos tendem a lutar, voto por voto.

Na apertada eleição de 2020, Biden levou o estado contra Donald Trump por meros 150 mil votos. Agora, a guerra em Israel e o papel da Casa Branca geram até articulações para puni-lo politicamente nesta primária.

Rashida Tlaib, que é deputada pelo partido democrata pelo estado de Michigan, é uma das principais representantes do voto árabe-americano no Congresso. E ela sugere que o eleitor árabe em seu estado vá votar, mas não declare apoio em Biden.

É importante criar um bloco de votação, um megafone para dizer ‘já chega'”, diz Tlaib. “Essa é a maneira que você tem de erguer sua voz. Não nos faça ser mais invisíveis. Neste momento, nos sentimos não vistos e negligenciados pelo nosso governo. Se você quer nos ver falar mais alto, venha e vote ”em nenhum dos candidatos’.”

O apoio expressivo de Tlaib se junta a outras ações de base, feitas por cidadãos descendentes de iemenitas, da comunidade somali e de outros países do Oriente Médio, que moram em Michigan. A base, uma das mais engajadas e historicamente ligada aos democratas, agora corre o risco de virar contra o partido.

O sinal amarelo está aceso na campanha de Biden, mas esse não é o único: vendo as pesquisas eleitorais indicarem um avanço de Trump mesmo em estados-chave, Biden não tem conseguido responder à altura sobre as constantes críticas à sua idade — ele completa 82 anos dias após as eleições e tem citado conversas até com gente que já morreu.

Leia na Crusoé: E se fosse Michelle Obama?

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
Mais notícias
Assine agora
TOPO