Não há discurso pacifista de Lula que sobreviva a um encontro com Putin
Quando o petista pisar na Rússia, estará não apenas esmagando o direito internacional, como toda sua retórica a favor da paz
O presidente Lula pode discursar à vontade a favor de uma atuação maior da ONU, da proteção dos direitos humanos ou do avanço nas negociações de paz.
Mas nenhuma palavra empolada resiste a um único aperto de mãos com o ditador Vladimir Putin.
A Agência Brasil divulgou nesta segunda, 14, uma nota dizendo que o presidente Lula será recepcionado na 16ª Cúpula de Líderes dos Brics em Kazan, na Rússia, "com uma cerimônia de boas-vindas no dia 22, seguida de um jantar oferecido pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin".
O diplomata Eduardo Saboia afirma na nota que "nas margens da reunião da Cúpula, o presidente Lula cumprirá agendas bilaterais com alguns presentes em Kazan".
Crusoé perguntou ao Itamaraty se haverá um encontro entre Lula e Putin.
O Ministério de Relações Exteriores recomendou que o pedido de informação fosse feito à Secretaria de Comunicação da Presidência, a Secom.
Segundo um e-mail enviado pela Secom na tarde desta segunda, 14, "a agenda do presidente ainda está em construção".
Um milhão de mortos na invasão da Ucrânia
Caso o encontro entre Lula e Putin aconteça, será a primeira vez que o presidente brasileiro se reunirá pessoalmente com o ditador russo desde o início da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Lula assumiu a Presidência em janeiro de 2023, quando a guerra já tinha se iniciado.
O conflito deixou um milhão de mortos ou feridos, segundo uma reportagem do Wall Street Journal, de setembro.
Após o início da guerra, os governantes das principais democracias do mundo congelaram as relações com Putin e apoiaram as sanções econômicas contra o país.
No ano passado, Putin foi alvo no ano passado de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional, o TPI.
O ditador é acusado de crimes contra a humanidade, ao se envolver no sequestro de crianças ucranianas para a Rússia.
Putin quer usar Lula
Ao atrair o presidente brasileiro para a Rússia, Putin enfraquece os países democráticos que defendem as sanções.
Além disso, fortalece os laços com o Brasil, país que elevou a importação de diesel russo, financiando indiretamente a máquina de guerra russa.
Putin ainda utilizará Lula para mostrar aos russos que não está isolado no resto do mundo, pois consegue atrair governantes de vários países, até mesmo do Ocidente.
Quando Lula pisar em Kazan, na Rússia, na próxima semana, estará não apenas esmagando o direito internacional, como pisoteando toda sua retórica a favor da paz no mundo.
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