Wallace Martins/Futura Press/Folhapress

MPF pede arquivamento de inquérito para investigar Coaf por relatório sobre Wassef

22.06.21 11:29

A procuradora da República em Brasília Márcia Brandão Zollinger pediu o arquivamento do inquérito aberto para investigar o Coaf em razão do vazamento do relatório sobre movimentações financeiras do advogado Frederick Wassef, que envolviam pagamentos de 9,8 milhões de reais da JBS.

Segundo a procuradora, “não houve quebra indevida de sigilo bancário ou fiscal, tão pouco vazamento indevido de informações praticados por agentes do Coaf“. “O relatório foi produzido de acordo com as normas de regência e com esteio em comunicações prestadas por variadas instituições financeiras, evidenciando que o documento foi elaborado e disseminado mediante critérios técnicos, de maneira impessoal e a partir de cálculos da matriz de riscos do Coaf“, afirmou.

O pedido de arquivamento foi endereçado à Justiça Federal em Brasília, onde tramita a investigação. O inquérito foi aberto por determinação do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. No fim de 2020, a corte concluiu que o documento foi produzido indevidamente, e também mandou trancar o inquérito que investigava Wassef com base nos dados do Coaf.

Crusoé também revelou que a desembargadora Maria do Carmo Cardoso, que votou a favor do arquivamento do inquérito sobre as movimentações de Wassef, é mãe de uma advogada que recebeu quantias milionárias da JBS e chegou a usar até mesmo seu e-mail funcional para pedir emprego para um parente na holding. Ela é próxima de Wassef e do senador Flávio Bolsonaro.

O advogado do clã Bolsonaro já compareceu duas vezes à PF para prestar depoimento na investigação aberta com base na decisão do TRF-1. “Fui intimado pela Polícia Federal para depor como vítima do grave crime da quebra de sigilo bancário e fiscal que eu sofri em minhas contas e o posterior vazamento criminoso à imprensa brasileira”, afirmou Wassef, em março, a Crusoé, quando compareceu à superintendência da PF em Brasília.

O relatório foi revelado por Crusoé, e mostrou os pagamentos milionários da JBS a Wassef, entre 2015 e 2020. Com a ajuda do procurador-geral, Augusto Aras, e do presidente Jair Bolsonaro, Wassef compareceu à PGR em outubro de 2019 para tentar negociar a repactuação da delação dos irmãos Batista. No entanto, o então chefe do Grupo de Trabalho da Lava Jato, José Adônis Callou de Araújo Sá, não aceitou conversar com o advogado, porque ele não tinha procuração da empresa.

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