Adriano Machado/Crusoé

Mesada, cofre, pedágio e offshore: o propinoduto do governo Witzel

29.08.20 08:01

Além do meio milhão de reais que o governador do Rio, Wilson Witzel (foto), teria recebido de propina de fornecedores do governo por meio do escritório de advocacia de sua mulher, a primeira-dama Helena Witzel, o “sofisticado” esquema de corrupção investigado pelo Ministério Público Federal envolveu pagamentos de “mesada” e “pedágio” a aliados por meio de offshores no Uruguai e na Suíça e até o armazenamento de dinheiro ilícito em um cofre em Portugal.

Os investigadores afirmam que foi o Pastor Everaldo, presidente nacional do PSC, partido de Witzel, quem instituiu um caixa único a partir de uma cobrança de “pedágio” em contratações de organizações sociais na área de saúde com o governo do Rio. Everaldo e um dos filhos dele, que era assessor especial do governador, foram presos na sexta-feira, 28, a pedido da Procuradoria-Geral da República.

Os valores, de acordo com o MPF, eram utilizados posteriormente no pagamento de propina ao primeiro escalão do governo e operadores, na seguinte proporção: 30% para o então secretário de Saúde, Edmar Santos, 20% para Witzel, 20% para o próprio Pastor Everaldo, 15% para Edson Torres e 15% para Victor Hugo Barroso, este último apontado como operador financeiro do presidente do PSC.

Victor Barroso, afirma o MPF, cuidava da contabilidade paralela do Pastor Everaldo, cooptava agentes públicos e privados e indicava empresas e organizações sociais a serem contratadas pelo governo Witzel. Os investigadores descobriram que ele possuiu uma offshore no Uruguai para movimentar recursos ilícitos em nome de sua mãe e de um irmão.

Parte dos pagamentos ilícitos era feita em espécie e parte por meio de cartão de crédito quitado por outros operadores do esquema. Um dos responsáveis pelas operações financeiras, segundo os investigadores, era Juarez Fialho da Silva Junior, secretário das Cidades e tesoureiro-geral do PSC.

O dirigente integra o quadro societário de uma transportadora de valores que fazia entrega de dinheiro em espécie e mantinha uma offshore na Suíça para receber vantagens indevidas de recursos desviados dos cofres públicos.

Em um outro núcleo de corrupção vinculado ao governador, segundo o MPF, o empresario José Carlos de Melo, dono de uma universidade privada em Nova Iguaçu chamada Unig, propôs mesada de 300 mil reais a Edmar Santos, em troca de negociar empresas para serem contratadas na área da saúde.

Em seu acordo de delação premiada, o ex-secretario da Saúde de Witzel admitiu ter recebido, efetivamente, 600 mil reais, ou seja, duas mesadas, que foram entregues em dinheiro vivo dentro de mochilas. Segundo o delator, outra pessoa que recebia mesada de José Carlos de Melo era Leonardo Rodrigues, secretário de Estado da Ciência e Tecnologia, com um valor menor: 150 mil reais.

Segundo o MPF, a mesada paga ao ex-secretário de Saúde de Witzel foi enviada por meio de um operador financeiro para um cofre no banco Millennium BCP Prestige, em Portugal. Durante o período de um ano e cinco meses em que esteve no governo, Edmar fez três viagens a Portugal, todas custeados pelos cofres públicos do Rio.

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  1. Além do Rio de Janeiro,existe,em todo País,esse sistema de corrupção -Depois que inventaram essas -OS -no SUS dos estados e municípios falta tudo e os GESTORES e POLÍTICOS enriquecem...

    1. Desconfiem de políticos que viajam e adoram Portugal! Fonte e origem da tese de direitos adquiridos todo corrupto de plantão tem Portugal como norte para guardar ou gastar seu $ ! Poderia citar os nomes dos viajantes e aspirantes a viver naquele país gastando o que arrecadam aqui!!!

  2. Diantes das incertezas e da corrupção o Rio de Janeiro é hexacampeão de governadores presos, tudo isso é a proximidade do crime entranhado na sociedade permissiva com políticas públicas da libertinagem dos esquerdopatas.

  3. O povo do Rio de Janeiro sofre ainda mais que os demais estados. Depois de 3 governadores presos, votam em um Juiz e ainda assim a roubalheira continua. Impressionante! Não sou a favor da ditadura militar, mas fica parecendo que somente um governo militar no R.J. para resolver.

  4. Pena saquearem o Rio de Janeiro, mandato após mandato! o eleitor carioca, merece melhores governantes, assim como o resto do país.

    1. Coitado, mas também olha o perfil dos candidatos no RJ, olha a assembleia legislativa e assim vai? É um estado que tem na sua mentalidade não generalizando a premissa de malandragem

  5. Entra político, sai político e, a roubalheira continua... Não adianta culpa o povo ao dizer que não sabemos votar, vez que não temos opção de voto, pois todos os candidatos vêm sempre dos mesmos partidos políticos, manta de corjas... A solução começa ao se fortalecer as Instituições de controle e promover uma real reforma política, como também alterar a forma de escolha da composição dos Tribunais Superiores...

    1. Concordo, o eleitor está mais consciente. O problema maior está nos candidatos que se submetem ao escrutínio. O currículo desse atual larápio do Rio era bom. Carreira no Judiciário etc. . Não podemos e nem devemos desanimar.

  6. É raro o servidor honesto que consegue sobreviver numa cleptocracia, o governo aparelhado por ladrões com o propósito exclusivo de enricar a quadrilha, seus padrinhos e afilhados. Os poderes da Res Putrida exibem série notável de engrenagens de gatunice. Rachadinhas proliferam nas casas legislativas. No executivo e judiciário prevalece o Voleibol Sinistro: Líbero (cônjuge, filho, parente) ergue a bola e o político, togado ou não, executa a bomba, endereçada à fenda glútea do contribuinte inerme.

    1. O contribui quita as faturas do (des)governo, além de remunerar a todos. É tratado como tolo. Dele se extraem tributos de porte europeu, cuja contrapartida consiste em bens e serviços públicos de padrão moçambicano. Que o contribuinte anda de bagos cheios não se pode negar. Que pretende dar o troco nas eleições vindouras é evidente. Como Davi Eleitor, o contribuinte não teme os Golias de araque. Munido de estilingue e seixos certeiros, o contribuinte, mais que os políticos, só pensa no voto.

  7. Esse e outros esquemas criativos são o solapa esse país em todos os níveis - municipal, estadual e federal. E com tudo isso vemos alguns membros do STF e Augusto Aras tentando acabar com a parte seria do judiciário e ministério público. População acorda. MORO 2022.

  8. Os melhores votos de toda a letalidade do mundo ao crápula e aos seu pares!!!! É só o começo. 'Eles passarão, nós.... águias'!!!!

    1. Não mofam Maria e tem a certeza da impunidade no final! Este é o maior problema

    2. verdade!! mas difícil acontecer efetivamente. mas a gente tem que seguir buscando o caminho correto.

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