Robson Fernandes/Estadão Conteúdo

Justiça livra Paulo Preto de crimes de lavagem de dinheiro anteriores a 2011

29.01.20 13:20

O juiz federal Diego Paes Moreira, da 6.ª Vara Criminal de São Paulo, determinou a prescrição dos crimes de lavagem de dinheiro praticados pelo engenheiro Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto (foto), antes de março de 2011. O período engloba a atuação dele como diretor da Dersa, estatal paulista de obras viárias, durante o governo do tucano José Serra (2007-2010).

A decisão, publicada nesta quarta-feira, 29, considerou que as penas máximas que poderiam ser aplicadas a Paulo Preto foram reduzidas pela metade, pois o operador do PSDB completou 70 anos em março do ano passado. Apesar da medida, ele continua preso no Paraná e respondendo, na mesma ação, a outros crimes de lavagem de dinheiro posteriores a 2011 e à acusação de embaraço à investigação de organização criminosa.

O ex-diretor da Dersa foi denunciado em março de 2019 pela força-tarefa da Lava Jato no Paraná por conluio com doleiros e as empreiteiras Odebrecht e UTC. Paulo Preto já havia sido preso um mês antes acusado de operações ilícitas envolvendo contas na Suíça e nas Bahamas por meio de offshore. Segundo o Ministério Público Federal, o engenheiro chegou a contabilizar 113 milhões de reais no exterior.

O juiz federal reconheceu a prescrição dos crimes de lavagem anteriores a 29 de março de 2011, oito anos antes da data em que a denúncia foi oferecida, a pedido da defesa de Paulo Preto. O magistrado, contudo, negou uma série de outras solicitações do engenheiro, como anulação das provas obtidas por meio da colaboração com autoridades suíças e da quebra de sigilo telemático que acessou as informações armazenadas na nuvem dos celulares de Paulo Preto.

O juiz também indeferiu os pedidos para remeter o processo para a Justiça Eleitoral e para declarar a nulidade do processo sob o argumento de que a 13.ª Vara Federal de Curitiba, onde a ação foi distribuída inicialmente, não tinha competência para decretar as medidas cautelares do processo.

Segundo o MPF, os crimes de lavagem de dinheiro de Paulo Preto foram praticados até 2017, quando ele efetuou duas transferências de 17 milhões de dólares cada de contas em nome do Groupe Nantes, da qual ele era beneficiário, no banco Bordier & Cie, na Suíça, para contas no Deltec Bank em Nassau, nas Bahamas.

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
  1. como sempre na política a crime compensa. os milhões desviados estão salvos nos paraísos fiscais. Nossa justiça é uma maravilha para os corruptos e políticos. De quebra ele leva o Serra.

  2. É isso aí, Paulão... Só não recomendo, logo que saia da prisão, evidentemente, que não vá curtir sua grana roubada nas ilhas Cayman. O terremoto por lá não foi coisa boa não. Recomendo as ilhas Seychelles no oceano Índico. Lá sim é um primor de tranquilidade e conforto. Bom descanso, Paulão!

  3. Prescrever os crimes só o livra de cumprir pena, mas devolver o dinheiro roubado é na esfera cível, e aí não tem essa prescrição, tem que devolver

    1. Com certeza irá devolver igualzinho os outros devolveram, ou seja nunca.

  4. Deveriam mudar o referencial de idade para mitigação de penas para 85-90 anos, pois o brasileiro, especialmente das classes mais altas vive mais. Não é só a expectativa de vida, mas a sobrevida após os 65 anos está crescendo aceleradamente. Seria muito justo o sujeito cumprir uns 40 anos de prisão, se condenado após devido processo legal, com provas inequívocas.

    1. Deveriam mudar as leis e copiar a vigentes no Oriente Médio.

  5. Justiça pra liberar ladrão corrupto é de uma rapidez impressionante. Para condená-los só com trânsito em julgado, expectativa mínima uns 30-40 anos. Só tem pilantra nesse meio!

  6. Esse meliante ainda vai sair da CADEIA impune e mantendo os R$ 130 MILHÕES depositados no exterior. Logo depois, claro, terá que pagar os 20% de honorários dos "adevogados" que NÃO FAZEM JUSTIÇA (cerca de R$ 26 MILHÕES). Pergunto: advogado presta? Advogado pensa no Brasil e nos brasileiros honestos, trabalhadores e honrados? Pensa na pobreza alarmante dos mais necessitados? Na falta de saúde dos coitados e sem hospitais, medicamentos? E moradias? São ou não uns PORCOS?

  7. O Brasil é o país das chicanas. Decisão em certos níveis da Justiça consiste em protelar e jamais decidir. E o processo sobe, latindo (ao, ao, ao) até que morram o réu, o juiz, ou os promotores. Apesar do esforço e da competência de juízes íntegros como Joaquim Barbosa e Sergio Moro, que ousaram brecar a marcha acelerada rumo a uma cleptocraica retumbante, o País se situa nos círculos inferiores do inferno retratado pela Transparência Internacional. Como é difícil sair do pântano político!!!

  8. Esse negócio de prescrição é um, dentre muitos, o maior golpe já inventado, seja por quem foi, esteja onde estiver escrito. Isso foi criado, definido por sacanas pra autoprotegrem-se. Roubou é ladrão e TEM que pagar por isso. O tempo não muda o adjetivo que ele mesmo criou prá si! Aliás, nesse caso, vai curtir a (nossa) grana roubada.

Mais notícias
Assine agora
TOPO