Adriano Machado/Crusoé

De olho em chapa ‘Lulalckmin’, PT se cala sobre anulação de CPI contra tucanos

07.12.21 09:20

Em março de 2019, a bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo fez muito barulho quando tucanos e aliados conseguiram emplacar uma série de pedidos de CPI “chapa-branca” na frente da tão aguardada CPI da Dersa, que investigaria os escândalos de corrupção envolvendo a estatal de obras viárias nos governos do PSDB.

Por causa da fila de CPIs, a comissão que mirava principalmente o engenheiro Paulo Vieira de Souza, ex-diretor da Dersa preso e denunciado na Lava Jato, só seria criada em abril deste ano. Em dez meses, porém, ela nunca saiu do papel e, como mostrou Crusoé, o ato formal de criação da CPI foi anulado no último sábado, 4, pelo presidente da Assembleia, o tucano Carlão Pignatari.

Ao contrário da grita de 2019, quando petistas queriam investigar a todo custo as suspeitas de fraudes e desvios de dinheiro público nas obras da Dersa, a controversa decisão de Pignatari que anulou a criação da CPI proposta pelo PT foi seguida por um silêncio conveniente dentro da bancada.

Dos dez deputados do PT na Assembleia, apenas um se manifestou publicamente sobre a decisão do presidente tucano, que justificou a medida dizendo que o pedido de CPI estava baseado em “alegações genéricas de supostas irregularidades” na Dersa.

“Quem tem medo do Paulo Preto? Todos os tucanos e seus aliados”, escreveu o petista Paulo Fiorilo no Twitter, na única manifestação dos integrantes da bancada. A Crusoé, ele disse que a assessoria jurídica da legenda vai estudar quais medidas podem ser tomadas.

Nos bastidores da Assembleia, o silêncio petista foi automaticamente interpretado como uma conveniência eleitoral. Isso porque um dos tucanos que certamente sairiam desgastados com a investigação sobre a Dersa seria o ex-governador Geraldo Alckmin, que negocia com o PT uma aliança na qual seria vice do ex-presidente Lula nas eleições do ano que vem.

Alckmin governou o estado de São Paulo por 13 anos, sendo que metade deste período estava no objeto de investigação da CPI proposta pelos petistas. “O requerimento da Dersa foi encabeçado pelo PT. Como o governo Alckmin está no centro das investigações e agora vai ter chapa Lula-Alckmin pode não ser interessante”, afirmou a deputado Janaina Paschoal, do PSL, que não vê outra razão que não seja “política” no ato de anulação da CPI.

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  1. Realmente, que moral teriam petistas para criticar o vergonhoso fim da CPI dos tucanos, quando seu líder criminoso está livre das acusações fartamente comprovadas, tudo articulado pela "justiça" brasileira.

  2. O suplente de Tasso Jereissati no senado é o cunhado do Gilmar Mendes, o Aécio não foi expulso depois da "mala", a CPI da Dersa engavetado, o Alckmin estudado ser vice do Lula, perdi minha admiração pelo PSDB. É um PT azul e amarelo.

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