Como o tema da segurança ajudou a esquerda no Uruguai
Crimes diminuíram durante o governo de Luis Lacalle Pou, mas a taxa de homicídios se manteve estável
A coalizão de esquerda Frente Ampla, do Uruguai, venceu o segundo turno das eleições neste domingo, 24.
Yamandú Orsi foi eleito com quase 50% dos votos, vencendo o candidato da centro-direita, Álvaro Delgado, apoiado pelo presidente Luis Lacalle Pou.
No primeiro turno, os partidos de direita conseguiram mais votos que a Frente Ampla, mas a situação se inverteu nas semanas seguintes.
O principal tema foi a segurança pública, um assunto em que a direita normalmente se sai melhor.
Lacalle Pou
Antes da pandemia de Covid, o Uruguai experimentou um surto inédito de criminalidade.
A taxa de homicídios que era de cerca de 6 casos para cada 100 mil habitantes subiu para 11,8 para cada 100 mil habitantes em 2018, praticamente o dobro.
As causas principais eram as disputas no mercado ilegal de drogas rentáveis, como a cocaína e a pasta-base.
Além disso, o país tinha mudado a maneira de julgar crimes e punir os seus culpados.
O sistema tornou-se mais “garantista”, dando amplas oportunidades para os traficantes, ladrões e assassinos se defenderem e cumprirem a pena em liberdade.
O descontrole na segurança sob o governo de Tabaré Vázquez, de esquerda, foi um dos principais motivos para a vitória de Luis Lacalle Pou, em 2019.
Lacalle Pou conseguiu melhorar a segurança em relação a vários crimes, mas não em todos os aspectos.
Homicídios seguem em alta
"Há cinco anos, a Frente Ampla deixou uma situação muito ruim na área de segurança. O atual governo de Lacalle Pou prometeu solucionar esse problema, ainda que não de forma ambiciosa. O panorama melhorou muito. A maioria dos principais crimes diminuiu bastante. Os roubos com violência caíram 40%. Os roubos de veículos caíram 25%", diz o uruguaio Diego Sanjurjo, coordenador de estratégias de prevenção no Ministério do Interior do Uruguai.
"Mas o crime que mais importa aos uruguaios, e com razão, são os assassinatos, e esses se mantiveram iguais. As taxas não subiram como na época da Frente Ampla, mas ficaram estáveis. Então, apesar dessas melhoras, a opinião pública entende que este governo não conseguiu cumprir sua principal promessa de campanha", diz Sanjurjo.
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