Abertura de CPI em Brasília assusta aliados de Ibaneis e antecipa sucessão de 2022
A iminência da abertura de uma CPI para investigar atos e gastos do governo do Distrito Federal durante a crise da Covid-19 está no centro de um conflito político que antecipa em dois anos os debates sobre a sucessão do governador Ibaneis Rocha, do MDB. A Câmara Legislativa do DF já tem 13 assinaturas, o...
A iminência da abertura de uma CPI para investigar atos e gastos do governo do Distrito Federal durante a crise da Covid-19 está no centro de um conflito político que antecipa em dois anos os debates sobre a sucessão do governador Ibaneis Rocha, do MDB. A Câmara Legislativa do DF já tem 13 assinaturas, o mínimo exigido pelo regimento da casa para a abertura da CPI da Pandemia.
Num último esforço, a base aliada do governador vai aproveitar o fim de semana para tentar demover pelo menos um dos signatários da ideia de instalar a CPI -- a retirada de uma assinatura seria suficiente para abortar a criação da comissão. Mas, diante da enorme resistência dos deputados distritais de oposição, o grupo ligado a Ibaneis já se articula para ao menos garantir maioria numa futura CPI e, assim, evitar estragos políticos à imagem do emedebista durante as investigações.
O requerimento para abertura da comissão parlamentar de inquérito foi apresentado pelo deputado distrital Leandro Grass, da Rede Sustentabilidade, em julho. O pedido lista denúncias relacionadas à Operação Falso Negativo, deflagrada no mesmo mês, que apontaram irregularidades na compra de testes de coronavírus, além do suposto superfaturamento de leitos de UTI no hospital de campanha, relatos de desvios de respiradores, falta de transparência na divulgação de dados sobre leitos disponíveis e acusações de nepotismo na estrutura da rede pública de saúde.
Em tese, como já foram alcançadas as 13 assinaturas de apoio à CPI, o presidente da Câmara, Leonardo Prudente, já poderia instalar a comissão. Mas o emedebista, aliado de primeira hora do governador Ibaneis Rocha, resolveu adiar a decisão.
A pressão pela abertura da investigação ficou ainda mais intensa com a prisão, na última terça-feira, 25, de parte da cúpula da Secretaria de Saúde da capital. O secretário da pasta, Francisco Araújo, foi preso preventivamente na segunda fase da Operação Falso Negativo, assim como subsecretários e secretários-adjuntos da saúde.
Segundo o Ministério Público, os prejuízos chegam a 18 milhões de reais. Os promotores descobriram ainda a existência de uma “lista VIP” nos testes de Covid-19, em que políticos como o ex-governador José Roberto Arruda e o senador cassado Luiz Estevão tinham preferência na fila dos exames. Ibaneis classificou a operação como “desnecessária”, mas optou por afastar os gestores presos.
A possível abertura da CPI da Pandemia teve o apoio imediato de boa parte da bancada do DF no Congresso. Entre os que deram aval público à investigação estão nomes apontados como potenciais adversários de Ibaneis Rocha na disputa pela reeleição em 2022, como os senadores José Reguffe, do Podemos, e Izalci Lucas, do PSDB.
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Comentários (4)
Frederico
2020-08-31 00:50:43Esse governador que gostava de criticar o Sérgio Moro. Agora tá explicado tamanho recalque.
Silvana
2020-08-30 18:32:28Estava sentindo falta de matérias da CRUSOE sobre a roubalheira dos governos estaduais na pandemia. E preciso trazer mais informações sobre a bandalheira no resto do país.
Getulio
2020-08-30 12:29:04Tanto no RJ quanto em BSB servidores de carreira criticaram a falta de experiência gerencial de seus governadores, predizendo rápido desgaste e "carrera corta". No RJ a situação parece bem pior que isso; não se sabe ainda como anda a investigação em BSB. As insondáveis escolhas eleitorais no RJ e no DF são deletérias. Apesar dos bons centros de pós-graduação, sobretudo no RJ, em áreas profissionais diversas, acabam sendo eleitos políticos aptos a zelar apenas pelos interesses do "Número Um".
Alberto
2020-08-30 12:13:29Alberto (Belém-Pa). Lúcio Costa quando projetou Brasília deveria ter pensado a cidade em forma de ratoeira e não d um avião, tal é quantidade d ratos travestidos de autoridades q ocupam cargos públicos na capital federal. E os oportunistas q se lançam como candidatos a governador não têm nenhum compromisso com a boa gestão, são aventureiros q visam tão somente seus projetos politicos pessoais. Parece ser o caso do atual governador, o famigerado Ibaneis Rocha.