A polêmica sobre a participação de mulheres na CPI da Covid
Um acordo firmado entre a cúpula da CPI da Covid e a bancada feminina, que garante o direito de fala das mulheres na comissão mesmo antes do fim das intervenções de titulares e suplentes homens, desagradou integrantes da tropa de choque de Jair Bolsonaro. O acerto, chancelado de forma simbólica pelo plenário na terça-feira, 4,...
Um acordo firmado entre a cúpula da CPI da Covid e a bancada feminina, que garante o direito de fala das mulheres na comissão mesmo antes do fim das intervenções de titulares e suplentes homens, desagradou integrantes da tropa de choque de Jair Bolsonaro.
O acerto, chancelado de forma simbólica pelo plenário na terça-feira, 4, foi a saída encontrada para melhorar as condições de participação das senadoras em um colegiado formado, em sua totalidade, por homens.
Isso porque, pelo regimento interno, os questionamentos na comissão seguem a seguinte ordem: membros titulares da CPI, suplentes e, depois, demais senadores, por ordem de inscrição. Ou seja, pelas regras oficiais, apesar de ter 12 representantes, a a bancada feminina ficaria no fim da fila. Pelo acerto, a fala de duas senadoras, escolhidas pelo grupo, pode ocorrer antes.
O bate-boca generalizado resultou na suspensão da audiência do ex-ministro da Saúde Nelson Teich, nesta quarta-feira, 5. A confusão começou quando o senador Ciro Nogueira, presidente nacional do Progressistas, interrompeu uma pergunta de Eliziane Gama, do Cidadania.
O parlamentar falou ao microfone após ser repreendido pelo presidente da CPI, Omar Aziz. "Ninguém mais do que o meu partido respeita o papel das mulheres. Não tem um partido político dessa casa que tenha mais representantes que mulheres. Agora, se foi um erro das lideranças não indicarem as mulheres, a culpa não é nossa", disse Ciro.
"Vou aceitar hoje, em respeito à senadora. Nada contra a senadora. Mas isso não está em regimento, não foi acordado pela comissão e a gente fica sempre com o papel de ser o vilão? Nós queremos cumprir o regimento, queremos que o trabalho seja levado a sério", emendou.
Na sequência, Eliziane rebateu o cacique do Progressistas: "Só não entendo o porquê de tanto medo das vozes femininas", respondeu. Ciro, então, partiu para o contra-ataque. "É por isso que não queremos. As pessoas ficam querendo dar outra versão, como se estivéssemos perseguindo as mulheres. Quem está perseguindo as mulheres é seu partido, que não a indicou".
Eliziane afirmou que, à frente, as mulheres sugerirão que, quando não houver representação feminina em comissões em razão da falta de indicação de líderes, a bancada possa fazer a designação de um membro. "Vamos analisar do ponto de vista da razoabilidade, senador Ciro. Essa comissão tem 18 membros, entre titulares e membros, e não temos uma representante feminina. Então é uma concessão que foi colocada".
Na sequência, Marcos Rogério, do DEM, sugeriu que as senadoras buscavam apenas "engrossar o coro daqueles que querem dar peia no presidente". A fala provocou a indignação da bancada feminina. "Nossa bancada é plural", disparou Eliziane. "Soraya Thronicke é PSL", completou Leila Barros.
O demista, então, elevou o tom. "Se a bancada feminina quer assento nessa comissão, para agir como titulares, pegue o bloco, forme um partido político, que terão assento". Leila Barros retrucou: "Eu entrei nessa casa do mesmo jeito que o senhor. Votos legítimos, votos da população".
Diante da gritaria generalizada, Omar Aziz suspendeu a sessão e a retomou dez minutos depois.
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Comentários (7)
Maria
2021-05-06 10:48:55Elas deveriam ter lutado por assentos na comissão . Pq na última hora resolvem reivindicar? Migalhas, é ficar mendigando. Mulheres não precisam disso devem ter sua representação na comissão como os outros senadores .
Dalton
2021-05-05 23:33:21Isso mesmo senadora Leila, a política não é fraca e tem muitos vilões é uma boa parte dela muito tóxica
Lucia
2021-05-05 23:23:08Pois acho que as mulheres deveriam criar um partido mesmo! Pelo menos nossas vozes - mais sensatas e tolerantes - abafariam o som das vozes desimportantes de machos-alfa que, há décadas, nada acrescentam de positivo, criativo e evolutivo ao cenário político desse país!!
Leonardo
2021-05-05 19:11:45Lideres dão migalhas para as senadoras, duas podem falar mas nenhuma poderá decidir. Se estivessem de fato preocupados com representatividade, teriam indicado mulheres e não apenas homens para a titularidade.
Luciano
2021-05-05 13:09:37"Direito de fala" substituiu "Direito a voz"??? Até tu, Crusoé??? Deve ser para promover o Novíssimo Tolicionário da Língua Portuguesa, do Ruy Goiaba!
Aparecida
2021-05-05 12:59:14A última da CRUSOÉ, é dizer que "minha assinatura está atrasada", como pode se a minha assinatura foi anual e vencerá no mês 07/21? Vocês me aborrecem!
PAULO
2021-05-05 12:27:33Errado ele não está.