Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

A nova dor de cabeça que Wassef pode render a Bolsonaro

05.07.20 10:03

Frederick Wassef pode render uma nova dor de cabeça ao presidente da República. Instado, o procurador-geral da República, Augusto Aras (foto), vai decidir se pede ou não investigação sobre uma suposta atuação de Jair Bolsonaro em acertos firmados entre o advogado e a concessionária Aeroporto Brasil Viracopos, que mantém negócios com o governo federal.

O chefe da PGR emitirá parecer no âmbito de uma notícia-crime apresentada pelo advogado Carlos Eduardo Silva Duarte. Em movimentação de praxe, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, pediu a manifestação na última terça-feira, 30. Com o documento em mãos, o magistrado decidirá sobre a abertura de um inquérito.

A representação criminal baseia-se em uma apuração de Antagonista. O site revelou que, mesmo sem qualquer experiência na área de aviação, Wassef, que é ligado à família Bolsonaro, foi contratado pela concessionária em 2019 para prestar “consultorias jurídicas e estratégicas”.

Fontes do mercado informaram que o acerto seria de 5 milhões de reais. O consórcio não confirmou o valor, alegando sigilo contratual, nem deu detalhes sobre a prestação de serviço. Há cerca de três meses, a concessionária fechou acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil para que seja feita uma nova licitação do aeroporto internacional de Campinas — pelo acerto, a empresa, que passa por dificuldades, amigavelmente devolve ao governo a concessão que detém para que seja feito um novo leilão.

Os detalhes do processo foram comunicados a Bolsonaro em 14 de maio, quando o presidente recebeu, no Palácio do Planalto, o presidente do Conselho de Administração da Triunfo — empreiteira líder do consórcio  e do Aeroporto de Viracopos, João Villar Garcia. Minutos antes da reunião, o chefe do Executivo teve um encontro com Wassef, como mostra a agenda oficial.

O advogado Carlos Eduardo Silva Duarte pede que Bolsonaro seja investigado pela prática dos crimes de advocacia administrativa e corrupção passiva. No caso de Wassef, ele sugere a apuração sobre tráfico de influência, corrupção ativa e ocultação de recursos proveniente de infração penal.

“Se ainda não é possível afirmar que o Exmo. Sr. Presidente esteja envolvido na negociação ou recebimento de vantagens ilícitas, ao menos se mostra plausível que haja cuidadosa investigação sobre este fato”, argumentou.

Se o caso virar objeto de um inquérito, será a segunda vez, em poucas semanas, em que Wassef estará levando uma crise para dentro do Planalto. Em 18 de junho, Fabrício Queiroz, amigo do presidente e ex-assessor de Flávio Bolsonaro, foi preso em um sítio do advogado, em Atibaia, no interior de São Paulo.

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