Eurodeputado denuncia o projeto “Corão Europeu” financiado pela UE
Fabrice Leggeri denuncia que esse projeto pode levar a uma "reescrita da história religiosa e cultural da Europa", sugerindo que ele tenta estabelecer que a influência do Islã sempre foi relevante no continente

Recentemente, a comunidade acadêmica e política se viu envolvida em uma polêmica referente ao financiamento de um projeto de pesquisa que investiga a influência do Corão na história intelectual europeia.
O programa, intitulado "Coran européen", recebeu um aporte significativo de 9,8 milhões de euros da União Europeia (UE), e tem como objetivo traçar a trajetória do livro sagrado do Islã no contexto europeu.
Fabrice Leggeri, atual membro do Parlamento Europeu pelo Rassemblement National (RN), manifestou suas preocupações sobre o projeto, considerando-o alinhado com ideologias associadas à Irmandade Muçulmana.
Em uma publicação nas redes sociais, Leggeri criticou a iniciativa, afirmando que representa uma ação ideológica contrárias aos valores fundamentais da União.
O Corão europeu
O projeto "Coran européen" é parte de uma pesquisa mais ampla chamada "Le Coran européen : l'étude du Texte sacré de l'islam à travers la culture et la religion européenne", que foi lançada em 2019 e está prevista para se estender até março de 2026.
O trabalho é coordenado por um grupo de pesquisadores associados a instituições renomadas, incluindo o Centro de Ciências Humanas e Sociais de Madrid, e universidades em Nantes, Copenhague e Nápoles.
Com financiamento concedido através das chamadas "synergy grants", as quais são destinadas a projetos colaborativos com foco na excelência científica, o investimento total no programa alcança quase o limite máximo permitido por este tipo de subsídio.
Segundo Leggeri, essa quantia é considerável para iniciativas desse gênero, sendo que muitas outras subvenções tendem a ser bem inferiores.
O escopo do projeto busca examinar como o Corão se entrelaça com a história intelectual e cultural da Europa entre os séculos XII e XIX.
John Tolan, professor da Universidade de Nantes e um dos líderes do projeto, destaca que o Corão tem sido uma referência constante na Europa desde o século XII. O objetivo é destacar as interações dos intelectuais europeus, tanto religiosos quanto leigos, com o texto sagrado islâmico.
As atividades relacionadas ao projeto incluem a realização de conferências e seminários em diversas universidades parceiras e a promoção de exposições em cidades como Nantes, Amsterdã e Viena.
Além disso, está previsto o lançamento de uma novela em quadrinhos chamada "Safar", que visa levar o conteúdo do Corão para um público mais amplo.
"Reescrita da história religiosa e cultural da Europa"
Leggeri denuncia que esse projeto pode levar a uma "reescrita da história religiosa e cultural da Europa", sugerindo que ele tenta estabelecer que a influência do Islã sempre foi relevante no continente.
O eurodeputado questiona os critérios que levaram ao financiamento do projeto e pede à Comissão Europeia que implemente mecanismos de supervisão e avaliação mais rigorosos.
Por outro lado, Tolan defende que a abordagem adotada pelo projeto é rigorosa e objetiva, buscando entender o papel do Islã e do Corão de maneira acadêmica e não ideológica.
Ele argumenta que essa pesquisa permite um debate amplo sobre o texto sagrado, sem restringir sua análise apenas à perspectiva muçulmana.
A discussão gerada em torno deste financiamento se insere em um contexto mais amplo das relações entre a UE e as influências políticas associadas ao Islã.
Recentemente, houve controvérsias relacionadas à integração da universidade turca de Gaziantep no programa Erasmus devido a declarações controversas feitas por seu diretor sobre grupos como o Hamas.
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