Crusoé
14.06.2025 Fazer Login Assinar
Crusoé
Crusoé
Fazer Login
  • Acervo
  • Edição diária
Edição Semanal
Pesquisar
crusoe

X

  • Olá! Fazer login
Pesquisar
  • Acervo
  • Edição diária
  • Edição Semanal
    • Entrevistas
    • O Caminho do Dinheiro
    • Ilha de Cultura
    • Leitura de Jogo
    • Crônica
    • Colunistas
    • Assine já
      • Princípios editoriais
      • Central de ajuda ao assinante
      • Política de privacidade
      • Termos de uso
      • Política de Cookies
      • Código de conduta
      • Política de compliance
      • Baixe o APP Crusoé
    E siga a Crusoé nas redes
    Facebook Twitter Instagram
    Crônica

    República das Emendas

    Nísia não caiu por suas falhas, mas por seus méritos: ela tentou controlar a liberação de recursos secretos

    avatar
    Ivo Patarra
    6 minutos de leitura 07.03.2025 03:30 comentários 5
    Lula, Padilha e Nísia, em 2023. Foto: José Cruz/Agência Brasil
    • Whastapp
    • Facebook
    • Twitter
    • COMPARTILHAR

    Enquanto parte da imprensa ecoou a narrativa oficial que justificava a demissão da ministra Nísia Trindade, o Palácio do Planalto tratou do que era estratégico – blindar as emendas parlamentares do Ministério da Saúde, com o intuito de garantir a entrega de bilhões de reais em verbas políticas a deputados e senadores.

    Nísia não caiu pelas supostas falhas cometidas à frente do Ministério da Saúde como apregoou o governo, mas por seus méritos: tentou controlar minimamente a liberação das emendas secretas, impondo regras que pudessem impedir fraudes, desvios e roubalheira generalizada.

    Engendrado durante o mandato de Jair Bolsonaro, o sistema de concessão de emendas parlamentares previu pulverizar cifras bilionárias por todo o país para custear consultas médicas e exames clínicos laboratoriais.

    Com o orçamento secreto, o dinheiro público foi injetado no Fundo Nacional de Saúde e, em seguida, dispersado nos Fundos Municipais de Saúde “escondidos” nas franjas do Brasil.

    Despesas corriqueiras do dia a dia do Ministério da Saúde não estavam (e continuam assim) vinculadas aos gastos ordinários como deveriam, mas às emendas apresentadas pelos políticos.

    Deu no que deu: em 2020, o município maranhense de Igarapé Grande, de apenas 11 mil habitantes, registrou 12.700 radiografias de dedo – é como se toda a sua população tivesse quebrado o dedo, sendo que algumas pessoas mais de uma vez, naquele mesmo ano.

    A ministra Nísia trabalhou para evitar situações como a de Afonso Cunha, também no Maranhão, onde o governo Bolsonaro pagou 18.474 ultrassonografias de próstata e outras 18.474 ultrassonografias transvaginais (exatamente o mesmo número), numa cidadezinha de 6.500 moradores.

    Para moralizar as emendas no âmbito do Ministério da Saúde, Nísia propôs que técnicos ligados ao Sistema Único de Saúde avalizassem a razoabilidade das indicações apontadas por deputados e senadores.

    Com isso, atraiu a ira dos congressistas.

    Ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) não mediu esforços para derrubá-la.

    Na alagoana Barra de São Miguel, aliás, cujo prefeito vinha a ser o pai de Lira, o Ministério da Saúde acomodou 100 mil consultas médicas num período de oito meses, apesar de o município possuir apenas 8 mil habitantes.

    O cerne do problema é que Lula abraçou o esquema forjado por Bolsonaro, embora tenha procurado ajambrá-lo com o objetivo de evitar escândalos.

    Nísia era uma pedra no sapato do governo.

    O ministro Alexandre Padilha (PT-SP), das Relações Institucionais, cuidava dos interesses do Congresso no governo Lula e havia indicado Nísia para o comando da pasta da Saúde.

    Para quebrar a resistência da ministra, mandou um recado público durante uma entrevista à CNN Brasil, ainda em 2023:

    “A ministra Nísia é um símbolo de conhecimento da saúde pública, o que não a exime de fazer um papel de ampliação da articulação política.”

    Padilha ainda deu um “empurrão”: funcionários da sua Secretaria de Relações Institucionais dirigiram-se ao Ministério da Saúde, a fim de organizar e priorizar o atendimento de deputados e senadores que exigiam a liberação rápida das emendas que custeavam o SUS.

    Em 2024, quando Arthur Lira acabou por romper com Padilha por causa das emendas secretas sob a guarda da ministra, foi a vez do presidente Lula mandar recado pela imprensa: o chefe do governo orientou Nísia a cumprir os acordos políticos.

    Não foi o suficiente, e Lula optou por colocar Padilha no Ministério da Saúde, exonerando Nísia.

    Ainda é incerto, mas até 40% do total de emendas em 2025 deverão tomar o rumo do Ministério da Saúde, o que vai somar algo em torno de 20 bilhões de reais sob o crivo de Padilha – a maior parte para custear as tais consultas médicas e exames clínicos, de difícil fiscalização.

    Mas o governo conseguiu pacificar a questão, com a providencial ajuda do Supremo Tribunal Federal que aceitou o “plano” conjunto do Palácio do Planalto e do Congresso para proporcionar transparência às emendas.

    Que fique claro: a identificação nominal dos parlamentares não assegura controle sobre a aplicação correta do dinheiro das emendas.

    No final, a suposta moralização das emendas, ponto de honra do ministro Flávio Dino, do STF, terminou como fogo de palha.

    Dino entregou o galinheiro (20% do orçamento de investimentos do país, aproximadamente 50 bilhões de reais em 2025) às duas raposas irmanadas – o Poder Executivo e o Poder Legislativo.

    Tudo contabilizado, o governo vai fingir que fiscalizou as emendas e que o dinheiro do povo foi investido a contento.

    O Congresso fingirá que adotou mecanismos de transparência e rastreabilidade ao definir o destino dessas ordens de pagamento.

    Ao Supremo caberá fingir que as leis estão sendo cumpridas e que o sistema de concessão de emendas parlamentares é constitucional e legítimo.

    Ao Tribunal de Contas da União e à Controladoria-Geral da União o acordão vai possibilitar fingirem a existência de controle sobre o direcionamento das verbas políticas, com as quais o governo “compra” apoio de deputados e senadores.

    Quanto à grande imprensa, fingirá que o assunto não é mais prioridade, pois as empresas de comunicação estarão amortecidas pelas sempre generosas verbas publicitárias.

    E assim o presidente da República fingirá ter conduzido uma administração ética num país que não é mais subdesenvolvido, mas no qual impera uma sórdida aliança entre corrupção e impunidade.

    Ao institucionalizar a República das Emendas, Lula criou as condições para chegar ao final do mandato de bem com o Congresso.

    Resta saber o que o eleitor vai dizer a respeito em 2026.

    Ivo Patarra, jornalista e escritor, é autor do livro Emendas Secretas – o “toma lá, dá cá” que garantiu o 3º governo Lula (2024)

    As opiniões dos colunistas não necessariamente refletem as de Crusoé e O Antagonista

    Diários

    Khamenei nunca esteve tão fraco

    Duda Teixeira Visualizar

    Macron acusa Irã de desestabilizar o Oriente Médio

    Crusoé Visualizar

    Israel ataca principais instalações nucleares do Irã

    Duda Teixeira Visualizar

    Quem acha que Janja ajuda o governo Lula?

    Crusoé Visualizar

    O que é o Insurrection Act, que Trump ameaça acionar?

    Redação Crusoé Visualizar

    Lula já tem lado: o do Irã

    Duda Teixeira Visualizar

    Mais Lidas

    Khamenei nunca esteve tão fraco

    Khamenei nunca esteve tão fraco

    Visualizar notícia
    Greta Thunberg, ícone do ativismo vazio

    Greta Thunberg, ícone do ativismo vazio

    Visualizar notícia
    Israel não podia pagar para ver

    Israel não podia pagar para ver

    Visualizar notícia
    Lula já tem lado: o do Irã

    Lula já tem lado: o do Irã

    Visualizar notícia
    Ministro alemão aponta desinteresse de Putin em paz na Ucrânia

    Ministro alemão aponta desinteresse de Putin em paz na Ucrânia

    Visualizar notícia
    O que Alexandre de Moraes não entendeu sobre John Stuart Mill

    O que Alexandre de Moraes não entendeu sobre John Stuart Mill

    Visualizar notícia
    O que é o Insurrection Act, que Trump ameaça acionar?

    O que é o Insurrection Act, que Trump ameaça acionar?

    Visualizar notícia
    O riso de Dino, o humorista infame

    O riso de Dino, o humorista infame

    Visualizar notícia
    Os comandantes militares iranianos eliminados por Israel

    Os comandantes militares iranianos eliminados por Israel

    Visualizar notícia
    Presidente da Câmara não é primeiro-ministro

    Presidente da Câmara não é primeiro-ministro

    Visualizar notícia

    Tags relacionadas

    corrupção

    emendas parlamentares

    Ministério da Saúde

    Nísia Trindade

    < Notícia Anterior

    Até o limite e além

    28.02.2025 00:00 | 4 minutos de leitura
    Visualizar
    Próxima notícia >

    Pênalti e reparação

    14.03.2025 00:00 | 4 minutos de leitura
    Visualizar
    author

    Ivo Patarra

    Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

    Comentários (5)

    Carlos Renato Cardoso Da Costa

    2025-03-09 18:16:03

    Pô, Crusoé, pega leve! Cada matéria é um passo maior rumo à depressão!


    Andre Luis Dos Santos

    2025-03-09 13:58:58

    Não há meios de um país assim prosperar.


    MARCOS

    2025-03-09 11:57:24

    QUER DIZER ENTÃO QUE OS LADRÕES DO CONGRESSO FORAM OS RESPONSÁVEIS PELA QUEDA DA MINISTRA? RATOS PILANTRAS.


    Amaury G Feitosa

    2025-03-08 11:44:58

    A CF DE 1988 VIROU CORTESÃ ??? ..... Vejamos, após 170 remendos sempre em favor de elites insanas e estúpidas o que alguém com três neurônios poderia inferir? Contra fatos não há argumentos e aí estão eles límpidos, vergonhosos e fatais, impraticável pela insanidade "democrática" de seus construtores a mal ajambrada constituição é um triste blefe que ninguém obedece por intrpretar como lhe manda o patrono para permitir que os ditadores se locupletem como bem quiserem, e assim triste e cruelmente virou lixo, nem prá papel higiênico serve, pode infectar as entradas manoélicas estupradas.


    Edilene Barreto

    2025-03-07 15:53:23

    Excelente artigo


    Torne-se um assinante para comentar

    Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

    Comentários (5)

    Carlos Renato Cardoso Da Costa

    2025-03-09 18:16:03

    Pô, Crusoé, pega leve! Cada matéria é um passo maior rumo à depressão!


    Andre Luis Dos Santos

    2025-03-09 13:58:58

    Não há meios de um país assim prosperar.


    MARCOS

    2025-03-09 11:57:24

    QUER DIZER ENTÃO QUE OS LADRÕES DO CONGRESSO FORAM OS RESPONSÁVEIS PELA QUEDA DA MINISTRA? RATOS PILANTRAS.


    Amaury G Feitosa

    2025-03-08 11:44:58

    A CF DE 1988 VIROU CORTESÃ ??? ..... Vejamos, após 170 remendos sempre em favor de elites insanas e estúpidas o que alguém com três neurônios poderia inferir? Contra fatos não há argumentos e aí estão eles límpidos, vergonhosos e fatais, impraticável pela insanidade "democrática" de seus construtores a mal ajambrada constituição é um triste blefe que ninguém obedece por intrpretar como lhe manda o patrono para permitir que os ditadores se locupletem como bem quiserem, e assim triste e cruelmente virou lixo, nem prá papel higiênico serve, pode infectar as entradas manoélicas estupradas.


    Edilene Barreto

    2025-03-07 15:53:23

    Excelente artigo



    Notícias relacionadas

    Oscar brasileiro

    Oscar brasileiro

    Alexandre Borges
    07.03.2025 03:30 9 minutos de leitura
    Visualizar notícia
    O pânico de uma nova desilusão

    O pânico de uma nova desilusão

    Rodolfo Borges
    07.03.2025 03:30 4 minutos de leitura
    Visualizar notícia
    O que precede o Oscar

    O que precede o Oscar

    Josias Teófilo
    07.03.2025 03:30 4 minutos de leitura
    Visualizar notícia
    Atuação do STF vai piorar condições da democracia brasileira

    Atuação do STF vai piorar condições da democracia brasileira

    Leonardo Barreto
    07.03.2025 03:30 4 minutos de leitura
    Visualizar notícia
    Crusoé
    o antagonista
    Facebook Twitter Instagram

    Acervo Edição diária Edição Semanal

    Redação SP

    Av Paulista, 777 4º andar cj 41
    Bela Vista, São Paulo-SP
    CEP: 01311-914

    Redação Brasília

    SAFS Quadra 02, Bloco 1,
    Ed. Alvoran Asa Sul. — Brasília (DF).
    CEP 70070-600

    Acervo Edição diária

    Edição Semanal

    Facebook Twitter Instagram

    Assine nossa newsletter

    Inscreva-se e receba o conteúdo de Crusoé em primeira mão

    Crusoé, 2025,
    Todos os direitos reservados
    Com inteligência e tecnologia:
    Object1ve - Marketing Solution
    Princípios Editoriais Assine Política de privacidade Termos de uso