Análise: Oposição não acua Moro, que ganha espaço para defender pacote anticrime
A audiência do ministro da Justiça, Sergio Moro, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado (foto), não só foi ineficaz para acuar o ministro pelo conteúdo das mensagens atribuídas a ele vazadas pelo site The Intercept Brasil. A sessão foi útil para o ministro falar sobre o trabalho da pasta e defender o pacote anticrime e...
A audiência do ministro da Justiça, Sergio Moro, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado (foto), não só foi ineficaz para acuar o ministro pelo conteúdo das mensagens atribuídas a ele vazadas pelo site The Intercept Brasil. A sessão foi útil para o ministro falar sobre o trabalho da pasta e defender o pacote anticrime e anticorrupção que enviou ao Congresso. Houve até espaço para defender, por um breve instante, a reforma da Previdência.
Moro foi ajudado pelos argumentos usados pelos senadores que quiseram encurralá-lo. E pelo passado dos senadores. Renan Calheiros, do MDB de Alagoas, tentou implicá-lo a casos em que ele não atuou, como o da JBS, em uma fala que irritou os colegas por ter se demorado mais do que devia. Paulo Rocha reclamou do julgamento do mensalão, em que Moro atuou como magistrado auxiliar mas o senador do PT do Pará foi absolvido - o que contraria a tese de perseguição da Justiça contra o PT.
Jaques Wagner criticou a divulgação de gravações feitas de conversas telefônicas do ex-presidente Lula e do sensacionalismo das ações da Lava Jato. Para tanto, o senador do PT da Bahia teve de recordar que ele mesmo foi alvo de uma mandado de busca e apreensão.
As comparações feitas pelo material do The Intercept com as gravações de Lula e de outros casos famosos do jornalismo, como o escândalo de Watergate e dos papéis do Pentágono, na imprensa americana, também foi favorável ao juiz. Moro lembrou mais de uma vez que as conversas telefônicas foram autorizadas judicialmente, e o sigilo foi levantado em uma decisão em que ele justificou o ato, não "se escondendo atrás de hackers", como acusou o site de fazer.
Moro aproveitou a comparação com os casos mais famosos de investigação do jornalismo americano para lembrar que tanto a cobertura de atos ilegais do governo Nixon a partir de um arrombamento no conjunto Watergate quanto a divulgação de relatórios de um analista da CIA apontando a impossibilidade de os Estados Unidos derrotarem o Vietnã eram baseados em fontes de informação identificadas. E os jornalistas envolvidos publicavam as informações assim que as recebiam, não anunciando que iriam fazê-lo "em conta-gotas", como lembrou ser a estratégia do The Intercept.
Tendo estabelecido essas diferenças, o ministro repetiu que houve sensacionalismo na divulgação de mensagens que, se verdadeiras, não mostram irregularidades. E ganhou espaço na tese de que o problema não são as mensagens, mas o ataque de hackers contra integrantes da Lava Jato e que atuam também para atingir outras autoridades e jornalistas.
A defesa da Lava Jato e de seus resultados acabou por levar a pedidos de atenção ao pacote anticrime que está no Senado. Os parlamentares chegaram a falar com o ministro de outras ações da pasta, como a violência nos presídios do Amazonas ou o problema da imigração venezuelana que estaria tendo impacto na violência em Roraima.
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Comentários (10)
PAULO
2019-06-20 23:46:28Gostaria muito de ver Moro sendo arguido na Câmara. Fico imaginando tipos como Capitão Cueca, Maçaramduba, Amante, Botafogo, Fodinha, Garanhão, Viagra, Kibe e demais frequentadores da lista de propina da Odebrecht questionando os princípios morais do futuro presidente do Brasil. Espero que façam o show em um domingo para que eu possa assistí-lo na íntegra.
TSergio
2019-06-20 17:55:36O país encontra-se numa sinuca de bico: o pacote anticrime será analisado por muitos daqueles que cometem crimes. Não é difícil imaginar no que se transformará. Não resta muito a fazer senão uma assepsia cirúrgica no Congresso Nacional. Para tanto, há que se ter um STF imparcial e atuante. Como dizem os evangélicos: “Só Jesus salva.”
JOAO
2019-06-20 14:39:58Taí a prova dos noves do bom preparo e da boa atuação do, agora ministro, Sérgio Moro no mundo político. A armação para sujar o nome dele só o pôs em dúvida acerca de qual cadeira irá ocupar - se a do STF ou a da Presidência da República. Particularmente, eu prefiro a segunda. E vocês?
OZELI
2019-06-20 14:20:18Essa sessão no senado, foi uma palhaçada muitos daqueles que tentaram intimidar Moro, andaram por aí com dinheiro nas cuecas, meias, malas e save-se lá onde mais; além disso defendem aqueles que já devolveram bilhões aos cofres publicos, produto de seus roubos, imagina quabto não roubaram?
Maria
2019-06-20 12:36:48Queria ver a indignação e inquirição dos senadores com os "hackers"!
Benedicto
2019-06-20 11:39:50Bolsonaro não tem base aliada no Senado, mas o Dr.Moro tem. A base aliada de Moro no Senado é a nata do Senado que é forte e aguerrida e muito competente. Projetos de Moro no Senado tramita fácil.
Aderbal
2019-06-20 10:43:23Estes “ donos”do circo ,(senadores e deputados), querem fazer o ex-juiz de palhaço e vilao ao mesmo tempo!! E nós ,(a plateia) , que continuemos a pagar o ingresso,(impostos) e batamos palmas para a organização do circo feita por eles!!! CANALHAS!!!!!
Zilma
2019-06-20 10:19:20muito obrigada, Sr MAX. As 23 03hs O seu comentário me alimentou a alma muito bem escrito
Valeria
2019-06-20 08:48:20Moro a excelência o representa!! Asco é vê aqueles bandidos de gravata falando em nível de autoridade. Isso precisa acabar no Brasil.
Nilson
2019-06-20 08:05:18O absurdo é que alguns dos investigados como o Petralha Humberto Costa de codinome na planilha da Odebrecht de "drácula" quis pressionar e ofender o Ministro Moro e nada conseguiu porque não tem nenhuma credibilidade e muitos menos moral pra isto. Este sujeito só não é réu ainda porque tem foro privilegiado e o STF (de 2.450 funcionários, lagostas e vinhos finos) anda a passos de cágado no julgamento de políticos.