Por que os franceses não cancelaram Napoleão Bonaparte
Neste 5 de maio, a morte do imperador francês Napoleão Bonaparte (1769-1821, foto) completa 200 anos. Apesar de as guerras provocadas por ele terem matado mais de 3 milhões de pessoas e de a escravidão ter sido reinstalada nas colônias, a França está promovendo diversos eventos, incluindo a criação do que foi chamado de o "Ano...
Neste 5 de maio, a morte do imperador francês Napoleão Bonaparte (1769-1821, foto) completa 200 anos. Apesar de as guerras provocadas por ele terem matado mais de 3 milhões de pessoas e de a escravidão ter sido reinstalada nas colônias, a França está promovendo diversos eventos, incluindo a criação do que foi chamado de o "Ano de Napoleão". O presidente Emmanuel Macron tem defendido que é preciso fazer algo para lembrar a data. "Ele é parte de nós", disse Macron nesta quarta. De maneira geral, o país preferiu não esconder o passado, desviando-se da atual onda de cancelamento.
"O governo francês não está exatamente 'celebrando' Napoleão. O que eles estão fazendo é marcar o aniversário e dedicar atenção a ele", diz o historiador David Bell, especialista em França moderna na Universidade Princeton, nos Estados Unidos.
Segundo Bell, alguns franceses entendem que Bonaparte teve alguns legados positivos. Ele acabou com o caos instalado pela Revolução Francesa, que começou em 1789, e lançou as bases do moderno estado administrativo e judicial francês, especialmente com a promulgação do Código Civil.
"Há aqueles que veem o império francês com um pouco de nostalgia, como uma aventura gloriosa em que o país venceu grandes batalhas. Mas acho que esses são poucos, porque todos conhecem muito bem o sofrimento humano que Napoleão causou", diz Bell.
Em uma enquete feita por um programa de televisão sobre quem eram os maiores franceses de todos os tempos, Bonaparte apareceu em 16º lugar. Não é uma posição de muito destaque. A lista é encabeçada pelo general Charles de Gaulle, que governou a França após a Segunda Guerra Mundial e ajudou a restaurar o orgulho nacional. Vários outros nomes, incluindo pessoas que se destacaram na área cultural, como os escritores Victor Hugo, Moliére e a cantora Edith Piaf, aparecem à frente de Bonaparte.
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Comentários (7)
Marc
2021-05-06 13:42:02Eu aconselho as pessoas a estudar a história , antes de pronunciar julgamentos políticos..
Lucia
2021-05-05 23:13:38Preservam a sua história e debatem sobre ela! Aqui não se faz nem uma coisa, nem outra! Mudam-se os governos, muda-se a ideologia e vai tudo pra debaixo de um imenso tapete, num piscar de olhos!
KEDMA
2021-05-05 17:17:03Ainda bem que o povo francês tem memória. Diferente daqui, que não lembram nem em quem votou nas últimas eleições.
Leandro
2021-05-05 17:03:33Vive la France!
Luiz
2021-05-05 15:36:08Essa politica de cancelamento é totalmente idiota. Não se deve apagar a história e, sim, avaliar os pontos e negativos e não torná-lo repetir. A história tem por objetivo nos fazer refletir e nos reinventar.
Marco
2021-05-05 15:06:17Não é possível traçar um paralelo entre as mais de 3 milhões de mortes ocorridas em guerras da era napoleônicas com as mais de 400 mil ocorridas na catástrofe patrocinada pela era bolsonarista. Analisadas friamente, poucas guerras fazem sentido. Do lado de cá, de forma alguma a morte faz sentido quando resulta de arrogância, desprezo e negacionismo. Torço para que daqui a 200 anos tenhamos viva a lembrança dessa tragédia.
ÉLIDE
2021-05-05 14:55:56Será que daqui a alguns séculos os alemães também redimirão Hitler? Parece impensável, não é? Porém, a humanidade, em alguma medida, parece aliviar os crimes e as culpas dos canalhas e dos genocidas com o passar dos séculos. Sempre apontando que também houveram pontos positivos. Essa relativização é bem marota. Pois alguns acertos jamais compensarão enormes erros e prejuízos a uma Nação ou mesmo à humanidade como um todo.