Médici, o papa e a tortura
Em maio de 1970, o então presidente Emílio Médici ficou "muito preocupado". O motivo da apreensão: se o papa Paulo VI teria recebido relatos de tortura no Brasil. A informação consta de um documento confidencial da inteligência americana. A única providência de Médici foi tentar confirmar a informação. Nada fez sobre os abusos no regime...
Em maio de 1970, o então presidente Emílio Médici ficou "muito preocupado". O motivo da apreensão: se o papa Paulo VI teria recebido relatos de tortura no Brasil. A informação consta de um documento confidencial da inteligência americana. A única providência de Médici foi tentar confirmar a informação. Nada fez sobre os abusos no regime militar, segundo esse relatório.
O documento, obtido por Crusoé, foi enviado pelo governo americano à Comissão Nacional da Verdade em junho de 2015, seis meses após o encerramento da comissão -- por isso, não foi analisado.
O relatório do Departamento de Defesa dos Estados Unidos tem nomes ainda protegidos por sigilo e, portanto, tarjados. Uma pessoa não identificada, que tinha "contato frequente com o staff do presidente", afirmou que Emílio Médici estava "muito preocupado quando ouviu que histórias sobre tortura de prisioneiros estavam sendo levadas ao papa".
Médici, então, quis saber se o núncio apostólico, representante do papa no Brasil, confirmava a história e delega essa missão para seu ministro das Relações Exteriores.
Uma possibilidade aventada pelos americanos é que o papa Paulo VI teria recebido uma "carta informal" por meio de um sacerdote. Outra pessoa não identificada afirma que o então arcebispo do Rio, dom Jaime Câmara, levou ao papa "excelente impressão" do Brasil.
Os americanos registraram que os militares brasileiros estavam "cegos" para os prejuízos da repressão. "Oficiais frequentemente nos perguntam defensivamente o que queremos dizer quando dizemos ‘tortura’", diz o documento.
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Comentários (10)
Comentaris
2018-06-12 22:17:27Os americanos falam escandalizados sobre tortura no Brasil e se esquecem dos casos escabrosos de tortura perpetrada pela CIA em várias partes do mundo.
David
2018-06-11 19:47:02O Cardeal pregava abertamente contra o Governo. Acolia em Olinda qualquer perseguido, mesmo que fosse um criminoso comum que se dissesse político. Qualquer pregação política da oposição era imediatamente referendada pelo Cardeal. Diante disso o Presidente tinha dúvidas se o Papa teria sido informado pelo Cardeal, isso é informe de fazer vergonha!
Jacy
2018-06-11 00:23:35Mais uma vez, preclaro Barretto, espero que você obtenha acesso aos documentos que o governo norte-americano tem sobre o outro lado. E, para ser fidedigno, grafe Comissão Nacional da "Verdade."
Rodolfo
2018-06-10 21:19:48Caro Eduardo. Começo a desconfiar que chegou atrasado da Comissão Comunista de revanche, e não sabe que fazer com esse monte de lixo sem sentido para nos, ja foi, ja acabou, o mundo é outro, não existe mais guerra fria, o muro de Berlin foi derrubado. Por onde o comunismo passou deixou morte, pobreza e destruição. No período da guerrilha comuna aqui vivíamos ema guerra e a tortura sempre foi utilizada por todos os lados, isso também não gosto mas é assim que é. ....
Antonio
2018-06-10 19:59:07Por que perdemos tempo com este monte de intrigas enviados pelo comunista Obama para a Dilma poder montar a tal "comissão da verdade". Só estamos indo para trás com estes assuntos. Se é assim vamos chamar para prestar contas de seus atos J Dirceu e outros incluindo Dilma pelos crimes cometidos.
Maria Edite
2018-06-10 19:50:47Não estou nem um pouco preocupada com o passado...estou preocupada com os ladrões que querem continuar roubando.
Edigevaldo
2018-06-10 09:36:26Em 2004, Já como ex-padre e residindo em Lisboa, Alípio de Freitas foi indenizado pela Comissão de Anistia por uma "bufunfa" de R$ 1,09 milhão (Cláudio Humberto, 25/12/2004). Caro Eduardo Barreto, pesquise antes de informar, pois "nas profundezas de suas informações qualquer Zé Mané atravessa de calças arregaçadas".
Edigevaldo
2018-06-10 09:19:50Paulo VI foi um papa decente e imaculado. Não se pode dizer o mesmo de membros da IC, Helder Câmara, Antonio Fragoso, Evaristo Arns, Alípio de Freitas entre outros, os quais apoiavam comunistas e terroristas. Inclusive foi Alípio de Freitas o mentor do atentado a bomba do Aeroporto de Recife, julho/1966, que resultou na morte de duas pessoas e deixou 12 pessoas gravemente feridas. Portanto, por que os militares deveriam dar satisfações à Igreja Católica? Continua...
Asteroide Silvério
2018-06-10 07:00:14O Antagonista mostrando o seu lado. Nada vem acompanhado de provas, nada! Estes documentos só deveriam ser publicados em sites ou revistas de fofoca.
GILBERTO
2018-06-09 23:13:52É compreensível que a imprensa explore essa questão do regime militar. O que não é compreensível, e esquecerem que existe dois lados nessa história. E que do outro lado existiam muitos criminosos sanguinários. Lamento que nossa imprensa se empenhe em colocar na vitrine apenas um lado da história. Será que nossa imprensa está colocando ideologia antes da razão.