A revanche dos "deploráveis"
A vitória de Trump é o grito das massas contra o domínio das elites progressistas
O ex-republicano Joe Scarborough, apresentador do canal MSNBC, disse que a derrota de Kamala Harris nas eleições reflete um erro estratégico dos democratas ao abraçar causas radicais, como a inclusão de atletas trans em esportes femininos.
Segundo ele, ao insistir nessas pautas, o partido alienou eleitores que não se identificam com temas progressistas radicais, perdendo a conexão com o americano médio.
Durante seu programa “Morning Joe”, Scarborough destacou que essa ênfase em causas ideológicas extremistas — incluindo o apoio a protestos antissemitas em universidades — transformou o Partido Democrata em um movimento percebido como elitista e fora de sintonia com a realidade do eleitorado.
“Já disse isso no ar várias vezes, e toda vez que eu falo, as pessoas dizem: ‘Ah, você está falando isso porque é conservador e branco.’ Não. Estou falando isso porque ouvi a mesma coisa de democratas moderados que estão incomodados com essa postura do partido. Oito em cada dez americanos são contra homens trans competindo com mulheres após a puberdade, e os democratas deveriam entender isso. Isso não é complicado. É possível mostrar empatia e, ao mesmo tempo, respeitar as conquistas femininas no esporte”, disse Scarborough.
A crítica ao Partido Democrata surge em um momento delicado.
A pressão interna para moderar essas pautas deve aumentar após o resultado nas eleições.
A reeleição de Donald Trump em 2024 transcende as estatísticas eleitorais. Ela representa a volta dos "deploráveis" — expressão de Hillary Clinton, em 2016, quando descreveu metade dos apoiadores de Trump como "racistas, sexistas e intolerantes". São eles que se recusaram a continuar como alvos de desprezo das elites progressistas.
Na reta final da campanha, o presidente Joe Biden repetiu Hillary ao se referir aos eleitores de Trump como "lixo" durante uma videoconferência com o grupo Voto Latino.
Biden criticava o conteúdo literal de piadas de um comediante em um comício de Trump e sua declaração foi amplamente explorada pelo republicano, que acusou Biden de insultar milhões de americanos. A vice-presidente Kamala Harris tentou se distanciar da fala, mas já era tarde.
Trump venceu nos principais estados-pêndulo, revertendo derrotas de 2020 em locais como Pensilvânia, Michigan e Wisconsin.
Esses números confirmam a resiliência do populismo americano e seu enraizamento entre a classe média e trabalhadores comuns, que sentem os efeitos das políticas de imigração, de desindustrialização e das restrições econômicas impostas por agendas progressistas radicais e que não colocam o homem comum em suas planilhas.
Para o eleitor, Trump não é apenas um político, mas um símbolo de resistência contra uma agenda cultural e econômica vinda das elites urbanas e corporativas.
Desde sua primeira vitória em 2016, Trump representou uma oposição visível às ideias da elite progressista, que em grande parte se comunica com sua própria bolha, desprezando as preocupações do americano médio.
A reação da população é uma demanda por representatividade genuína e uma repulsa contra a centralização das decisões políticas e culturais em pequenos centros de poder, como Washington e os enclaves corporativos de Nova York e San Francisco.
O resultado eleitoral de 2024 também evidencia uma nova realidade da comunicação política: enquanto a elite tenta controlar o discurso por meio de veículos tradicionais, as redes sociais e canais alternativos ampliaram a voz dos desprotegidos.
A estratégia de Trump em explorar esses meios, conectando-se diretamente com sua base, ajudou a intensificar o engajamento e a criar uma rede paralela de informações que dá espaço a uma narrativa anti-establishment.
Essa dinâmica, ignorada ou subestimada pela elite política e midiática, mostrou-se essencial para sua vitória.
Para a classe dominante cultural e política, a vitória de Trump é desconcertante. Incapazes de compreender o apelo que Trump exerce sobre milhões de americanos, essas elites recorrem a rótulos superficiais, como xenofobia e ignorância, para explicar um fenômeno que é muito mais profundo.
Autores como Christopher Lasch e Charles Murray já alertavam para o abismo crescente entre as elites e a população comum, descrevendo um cenário em que a classe média se sente cada vez mais marginalizada pelas políticas globalistas e identitárias que, na prática, esvaziam suas oportunidades de emprego, educação e mobilidade social.
A reeleição de Trump reforça uma verdade inconveniente: os "deploráveis" não estão dispostos a serem simplesmente espectadores de um sistema que coloca sua vida em segundo plano.
Eles querem ser parte ativa das decisões que impactam suas vidas, e enxergam em Trump o líder capaz de restaurar uma ordem que ajude na sua sobrevivência e subsistência.
A eleição de 2024 revela que o populismo não é apenas uma resposta momentânea, mas uma força política renovada que exige um novo equilíbrio entre as elites e as massas.
E, enquanto as instituições não reconhecerem essa realidade, o abismo que as separa dos "deploráveis" vai continuar crescendo.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (10)
Raul M
2024-11-12 19:42:01O PT trilha o mesmo caminho do partido Democrata americano. Será fragorosamente derrotado em 2026.
Carlos Renato Cardoso Da Costa
2024-11-10 16:45:03A corrupção das elites, por sua alienação total da realidade popular, é a mãe do populismo que ela tanto afirma odiar.
Patrick
2024-11-10 16:27:40Na verdade falta pessoas comuns participarem da política, o populismo retrógrado de ambos os lados, estão acabando com a democracia e com o nosso dia a dia.
Fernando Rocha Da Silva
2024-11-10 15:34:35"Quando você olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você." Nietzsche A democracia sobreviverá ao eclipse deste período, conclusões fáceis não explicam a toda realidade.
Annie
2024-11-09 10:12:19Exatamente isso que aconteceu ninguém mais aguenta essa agenda woke.
Darci Jorge Prass
2024-11-08 19:20:51Em adendo ao que escrevi, cabe mencionar, que o candidato do partido republicano foi escolhido, livremente, pelo povo americano, para ser o seu presidente da república nos próximos quatro anos, como tem acontecido, sem interrupção, nos últimos 235 anos...que este histórico sirva para inspirar outras nações do mundo.
Darci Jorge Prass
2024-11-08 19:20:46Em adendo ao que escrevi, cabe mencionar, que o candidato do partido republicano foi escolhido, livremente, pelo povo americano, para ser o seu presidente da república nos próximos quatro anos, como tem acontecido, sem interrupção, nos últimos 235 anos...que este histórico sirva para inspirar outras nações do mundo.
Darci Jorge Prass
2024-11-08 19:20:42Em adendo ao que escrevi, cabe mencionar, que o candidato do partido republicano foi escolhido, livremente, pelo povo americano, para ser o seu presidente da república nos próximos quatro anos, como tem acontecido, sem interrupção, nos últimos 235 anos...que este histórico sirva para inspirar outras nações do mundo.
Darci Jorge Prass
2024-11-08 19:20:42Em adendo ao que escrevi, cabe mencionar, que o candidato do partido republicano foi escolhido, livremente, pelo povo americano, para ser o seu presidente da república nos próximos quatro anos, como tem acontecido, sem interrupção, nos últimos 235 anos...que este histórico sirva para inspirar outras nações do mundo.
Darci Jorge Prass
2024-11-08 19:20:41Em adendo ao que escrevi, cabe mencionar, que o candidato do partido republicano foi escolhido, livremente, pelo povo americano, para ser o seu presidente da república nos próximos quatro anos, como tem acontecido, sem interrupção, nos últimos 235 anos...que este histórico sirva para inspirar outras nações do mundo.