Foto: Tomaz Silva/Agência BrasilÔnibus queimado no Rio de Janeiro: o Brasil, mais uma vez, humilhou o mundo mostrando que ainda é o campeão mundial de violência

Cidade calamitosa

27.10.23

Estava eu sossegado, curtindo uma temporada em Israel, num sítio de um amigo meu que fica ao lado da Faixa de Gaza. Deitado na rede, de boa, fumava um avantajado charuto de maconha enquanto contemplava os mísseis que passavam de lá para cá e de cá para lá em alegre revoada.

A gente tem que saber apreciar os bons momentos da vida, mesmo porque, a qualquer momento, o Guga Chacra, o despentelhado jornalista árabo-israelino, vem aporrinhar com as notícias da guerra.

Devido ao som das explosões e tiroteios, eu não conseguia ouvir direito as notícias de esporte, mas, nas vésperas das Olimpíadas de Paris, o Brasil, mais uma vez humilhou o mundo, mostrando que ainda é o campeão de violência e barbárie sem barreiras. Não tem pra ninguém!

Os milicianos do Velho Oeste, quer dizer, da Zona Oeste resolveram tacar fogo em 35 ônibus e tocar o terror na cidade. Se é que a Barra da Tijuca pode ser considerada uma cidade.

Se vocês acham que o conflito na Palestina Israelense é uma desgraça, é porque não conhecem direito os conflitos entre os milicianos, traficantes e policiais cariocas. Os policiais e os traficantes alegam, conforme está na Bíblia Sagrada, que chegaram primeiro à Terra Prometida e sempre viveram em perfeita comunhão. Comunhão de bens alheios, é claro. Segundo as visões do profeta Leonel (Brizola), os “canas” não podiam entrar nas favelas, os traficantes não podiam sair e os moradores não podiam nem entrar nem sair. Mas aí veio o filme Tropa de Elite e tudo mudou. O incorruptível Capitão Nascimento mostrou a todos que os milicianos estavam infiltrados em todas as tradicionais instituições cariocas: o jogo do bicho, a Máfia do Côco e os blocos de carnaval. Todo mundo levava um por fora e, se recusasse, levava um por dentro!

Vou dar uma ideia do que acontece no dia a dia de uma comunidade carente onde as milícias pintam e bordam. Aqui na Rua da Amargura, onde fica estacionada a minha residência imóvel, o Dodge Dart 73, enferrujado, os narcomilicianos cobram pedágio de todos os negócios ilegais que sustentam nossa comunidade, como a prostituição, a venda de maconha e o comércio de brigadeiros de colher. Com medo dos violentos milicianos, o pobre morador é obrigado a dividir tudo com os malfeitores. Eu, por exemplo, tenho que ceder a Isaura, a minha patroa, para os milicianos uma vez por semana. Caso contrário, eles cortam a minha GatoNet e todo mundo sabe que eu não posso viver sem as minhas séries.

Mas o que se há de fazer? Ora, o jeito é relaxar e ficar quietinho. O Brasil só vai entrar definitivamente para o Conselho de Segurança da ONU quando assumir sua vocação para o crime e cobrar de todos os países uma taxa de segurança. Porque se tem uma coisa que funciona no Brasil, se tem uma coisa que é organizada, é o crime.

A sociedade brasileira é muito hipócrita e careta. As milícias, assim como o tráfico de drogas, o contrabando de armas, o comércio de escravas brancas e a exportação de órgãos de bebês para Israel já fazem parte da tradição malemolente da raça brasileira.

E nossos jovens deveriam largar os livros, os estudos, comprar um fuzil e sair por aí atirando a esmo, treinando para serem milicianos no futuro. Como diria o marginal Cara de Cavalo: “Milícia é milícia, bandido é bandido. Mas dinheiro é a mesma coisa”.

Eu entendo o presidente Lula que quer trazer a paz entre russos e ucranianos e palestinos e israelenses. Ele sabe muito bem que trazer a paz ao Rio de Janeiro ele não vai conseguir nunca.

 

Agamenon Mendes Pedreira é capitalista de esquerda

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  1. Duas coisas. Primeira: Agamenon você é um gênio. Segunda: Um governo com um presidente ex-presidiário, um ministro da justiça como Flávio Dino e um chefe da casa civil como Rui Costa, não pode funcionar na área de segurança pública.

  2. Talvez se levassem a cultura do Carnaval e das escolas de samba para esses países que vivem em guerra algo poderia melhorar. Talvez o povo se acostumasse com as injustiças como aqui estão.

  3. Com a segurança do Rio em frangalhos só nos resta fazer piadaesmo, até porque a cúpula do poder, legislativo e executivo, pelo menos, entendem bem da criminalidade, que seja a do colarinho branco

    1. Agamemnon está por dentro da IN- segurança. João, você esqueceu de citar o acordo do exército com as milícias e com os comandos: Ou devolvem as metralhadoras ou vamos asfixiar seus negócios, a exemplo de 2006 quando as vendas de vocês caíram 70%…. Pode? Pode sim… Brasil….deveríamos nos mudar para a Ucrânia ou para a Faixa de Gaza…..

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