A promulgação da Constituição, em outubro de 1988A promulgação da Constituição, em 1988: Carta balzaquiana - Foto: Arquivo Agência Brasil

Eles querem é poder!

05.10.23

A Constituição de 88 está completando 35 anos. Mas, afinal, qual é a idade? Ela tem 88 ou 35? A Constituição é um documento da “melhor idade” ou seria uma jovem Carta balzaquiana que ainda dá um caldo?

A nossa Constituição foi votada assim que a ditadura chegou ao fim, depois de 25 anos de ditadureza. Para os nem tão jovens, mas que ainda não eram nascidos naquela época distante, eu explico, quer dizer, eu “exprico”, porque hoje em dia a gente tem que falar em tudo lulês, um dialeto falado em Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema.

A ditadura era uma espécie de Big Brother que durou 25 anos seguidos, sem intervalos comerciais, dirigida não pelo Boninho mas pelos militares. Todos os brasileiros viviam confinados num regime fechado, ameaçados de ir pro paredão a qualquer momento. O dinheiro (a estaleca, antes do Plano Real) não valia nada e o povo vivia subjugado, seguindo as ordens ditadas por generais que se revezavam no phoder: Pedro Bial, Tiago Leifert, Tadeu Schimdt e Ernesto “Jailsel”.

O povo não aguentava mais: já estava No Limite de sua capacidade de suportar tanta opressão e realities shows, não necessariamente nessa ordem! A Globo demitiu todo mundo e o Brasil, da noite pro dia, se transformou numa democracia. Todos foram anistiados, menos eu que continuo perseguido pelos meus credores.

Eleito indiretamente, Tancredo Neves, mineiro desconfiado, preferiu morrer a ter que governar o Brasil e o vice, José Sarney, o Faraó do Maranhão, assumiu no seu lugar. Em seguida veio Fernando Cóllon de Mello, que renunciou para não ser impichado como a Dilma. Mais um vice assumiu, o Itamar Frango, que, logo em seguida, engravidou e se tornou a Mãe do Plano Real. O pai foi Fernando Henrique Cardoso, o THC, o primeiro presidente que experimentou maconha.

Depois de acabar com a inflação e realizar o milagre de transformar o real em dólar, FHC comprou, quer dizer, cumpriu, dois mandatos e passou a faixa pro Lula. O primeiro operário sem dedo a chegar à Presidência da República institui um novo idioma no país: a língua presa, o idioma sindical.

Luísque Inácio, inebriado pelo poder (e pela cachaça), introduziu o mensalão, porque não dá pra governar o Brasil careta e sem roubar. Popularesco e demagogo incorrigível, Lula ungiu Dilma Roskoff para sucedê-lo, perdendo a grande oportunidade de colocar uma mulher na presidência da república. Apesar de ser mal-humorada, chata e burra, Dilma, infelizmente, também tinha alguns defeitos. Dilma brigou com todo mundo e acabou no olho da rua enquanto seu chefe “pagava uma etapa” na cadeia, depois de ser condenado em 25 instâncias. Foi assim que Jair Bolsonazi, um deputado militar de extrema direita que fazia rachadinha, foi eleito presidente. Ignorante, tosco e boçal, Jair Bolsonero tinha também alguns defeitos e passou o seu governo tentando dar um golpe sem nunca ter praticado o MMA. Por conta disso, está inelegível e ameaçado de ir pra cadeia onde, aliás, todos os presidentes do Brasil acabam a sua carreira. A Papuda é uma espécie de Retiro dos Artistas da capital federal.

“Concrusão”: Hoje sabemos que o país só vai pra frente se usar andador ou muletas, meios de transporte mais adequados para o presidente quando está de passagem pelo Brasil.

O Congresso resolveu comprar uma briga com o Supremo pra ver quem vai poder mais. Vale tudo nessa briga, dedo nos olhos ou qualquer outro orifício da anatomia humana. Preconceituosos e conservadores, os parlamentares acusam o Supremo Tribunal de Frango, STF, de tomar decisões homocráticas. Pressionado pela sociedade civil, Lula vai ter que nomear uma mulher, preta e lésbica para o lugar da ministra Rosa Weber, no caso o Flávio Dino.

O que fazer diante desse quadro dantesco pintado pelo Romero Britto? Só nos resta uma saída: vamos todos pro Tik Tok fazer uma dancinha.

 

Agamenon Mendes Pedreira é Non Fungible Journalist.

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
  1. É sempre divertido, mas hoje se superou! Ri tanto dessas verdades que estou até envergonhada de não estar querendo cometer suicídio.

Mais notícias
Assine agora
TOPO