Foto: Ricardo Stuckert/PR

Lula quer entrar na patota dos tiranos

O presidente quer se afastar das democracias avançadas para se alinhar ao eixo autocrático que, segundo seu juízo, vai mandar no mundo daqui para frente
15.09.23

Mais de 120 países são signatários do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional (TPI). Todas as democracias plenas (segundo a The Economist Intelligence Unit) são signatárias: Alemanha, Austrália, Austria, Canadá, Chile, Coreia do Sul, Costa Rica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Irlanda, Islândia, Japão, Luxemburgo, Maurício, Noruega, Nova Zelândia, Reino Unido, Suécia, Suíça, Taiwan, Uruguai. Além desses, aproximadamente mais 100 países reconhecem o tribunal.

Apenas uma ínfima minoria não é signatária. O fato de os EUA (que não é mais democracia plena segundo a The Economist) e de as grandes autocracias do Bricstão (como China, Índia, Rússia, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã) não serem signatárias, não diminui, só aumenta, a credibilidade do TPI. Ah! Mas Cuba também não reconhece o tribunal. Ora, isso é normal para qualquer ditadura que viola direitos humanos. Ao questionar a legitimidade do tribunal que, segundo ele, só teria “bagrinhos”, Lula quer inserir o Brasil nesse cafofo preenchido com restos de passado, reminiscências mais incivis de regimes autoritários que nos assombraram em épocas pretéritas.

Lula alegou que nunca tinha ouvido falar do TPI e questionou o fato de o Brasil ser signatário do Estatuto de Roma, de 1998. Mas o texto entrou em vigor em 2004, quando ele, Lula, era presidente. E a própria defesa de Lula já havia divulgado amplamente a possibilidade de recorrer à Corte de Haia. É claro que ele estava mentindo. É grave termos um presidente que mente sistematicamente na completa ausência de culpa, o que sinaliza um transtorno severo de personalidade, mas isso pode não vir ao caso numa análise friamente política.

Tudo isso – esse imenso vexame internacional – aconteceu por quê? Aconteceu, infelizmente, porque Lula quer defender Putin a qualquer custo, convidá-lo para a reunião do G20 em 2024 no Brasil e garantir que o ditador russo, assassino e terrorista de Estado, não será preso se vier, pois que ele, Lula, é “o chefe da porra toda” por aqui e, ademais, se tal ocorresse, seria uma afronta à nossa soberania. Não seria. Não ele, Lula, mas as instituições judiciárias do país teriam a obrigação constitucional de cumprir a decisão do TPI (como ele mesmo tentou se corrigir depois do fiasco).

A questão então é: por que Lula precisa tanto proteger Putin (já avaliado por ele, num supremo escárnio – tem vídeo gravado – como “uma esperança de paz” para a humanidade)?

Há uma razão política aqui. Segundo o V-Dem (Universidade de Gotemburgo) temos hoje no mundo 89 ditaduras (56 autocracias eleitorais + 33 autocracias fechadas) nas quais vive a maioria da população do planeta. E uma parte considerável (não se sabe ainda o tamanho) dos 58 regimes eleitorais (não liberais, mas ainda chamados benevolamente de democracias) está sendo parasitada pelos novos populismos do século 21 (o neopopulismo dito de esquerda e o populismo-autoritário dito de direita ou extrema-direita). Dos 14 países com mais de 100 milhões de habitantes, 9 são ditaduras (Índia, China, Paquistão, Nigéria, Bangladesh, Rússia, Etiópia, Filipinas e Egito), 3 são regimes eleitorais parasitados por populismos (Indonésia, Brasil e México) e escapam apenas 2 democracias liberais (EUA e Japão). Nos 24 países com regimes considerados democracias plenas (pela The Economist Intelligence Unit), vivem apenas 631 milhões de pessoas, o que dá menos de 8% da população mundial. Só isso? Sim, e como Lula é majoritarista, esses regimes mais civilizados do mundo são os “bagrinhos” com os quais não valeria a pena perder tempo.

Lula está fazendo uma aposta. Quer se afastar das democracias mais avançadas para se alinhar ao eixo autocrático que, segundo seu juízo, vai mandar no mundo daqui para frente. E Putin, Xi Jinping e Modi serão os novos senhores do universo, aos quais Lula precisa agradar para ser incluído na corte dos vencedores. Por isso precisa entrar na patota dos tiranos.

De um ponto de vista político, abstraindo os aspectos transtornados da personalidade de Lula, seus “erros de comunicação” e “escorregões no discurso de improviso”, é disso objetivamente que se trata. Nada além disso.

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  1. Lula e o PT vão cair do cavalo nas próximas eleições. Eles pensam que ficar antagonizando com Bolsonaro vai sustentá-los até a próxima eleição. Não vai. Eu votei nulo nessa última, na próxima votarei em qq um menos o candidato petista.

    1. Entre uma porcaria e outra porcaria é melhor porcaria nenhuma. Votos nulos, brancos e ausências somam mais da metade dos votos do déspota cachaceiro, odiento, vingativo, subserviente ao Kremlin. Matematicamente a popularidade é abaixo dos 20%, vide desfile de 7 de setembro em Brasília.

  2. Gostei da maneira clara e objetiva deste artigo. É isso mesmo. E de tão verdadeiro está essa debilidade mental que faz com que, depois de mostrar seu interesse em ser o Premio Nobel da Paz, ainda quer apoiar as Ditaduras, como se isso fosse a solução do mundo. Está com seus dias contados. Espero que a cirurgia que ele tem para fazer não permita mais voltar a "trabalhar".

  3. Luladrão se esquece das coisas porque o alcoolismo degenerou seu cérebro. E seus eleitores não se dão conta porque são idiotas

  4. A nação dividida entre a ignorância, omissão e insana idolatria Lula será ditador do galinheiro ou teremos reatores que o frearâo pela lei ou.pela força algo que claramente se desenha ... os Manés serão vítimas de um ou outro fatal e inevitavelmente ... quem sobreviver verá !!!

  5. O Descondenado quer ser o Chi Jim Pinga da América Latina. Nunca escondeu seu veio autoritário considerando-se que os regimes autoritários favorecem em muito a corrupção, outra marca registrada do jumento.

  6. Torci para o Lula no segundo turno, depois de ter votado em Tebet no primeiro, para escorraçar o psicopata; inda bem que não votei nele; já deu o que tinha de dar há muito tempo...

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