Foto: Reprodução, Friday Night with Jonathan Ross/YouTubeJ.K. Rowling, autora dos livros da série Harry Potter, acusada por ativistas de ter feito comentários transfóbicos

Três sinais de que o seu filho que ainda nem nasceu pode ser um transexual

Eu seria capaz de apostar que há mais sacis que transexuais; mesmo assim, eles parecem ter virado o centro do mundo, de alguma maneira
13.04.23

A HBO Max e a Discovery+ anunciaram que vão fazer uma série de TV sobre Harry Potter, e que a autora dos livros, J.K. Rowling, vai ser produtora-executiva da série.

Perguntado sobre J.K. Rowling e sua controversa opinião transfóbica de que mulheres existem, o CEO da HBO, Casey Bloys, disse: “Essa é uma conversa só da internet (a very online conversation), não vamos falar sobre isso.” E imediatamente centenas de pessoas trans foram pra internet conversar sobre o quanto era absurdo achar que essa é uma conversa de internet.

“Uma conversa só de internet? Como assim uma conversa só de internet?”, eles conversaram, só na internet.

Essa, aliás, foi uma grande semana de notícias sobre trans: nos EUA, os republicanos estão criando várias legislações estaduais para dificultar a transição de crianças e adolescentes; em Portland, um trans usando uma tiara entrou num táxi e matou o motorista com uma facada no pescoço; a Espanha criou uma lei permitindo a mudança de sexo a partir dos 16 anos (a mesma idade em que eu planejei fugir de casa e virar toureiro); em San Francisco, uma nadadora levou dois socos de um ativista trans por dar uma palestra contra atletas trans no esporte feminino; e a cerveja Bud Light fez uma propaganda com um ativista trans e imediatamente perdeu 4 bilhões de dólares (segundo a Fox News).

No Brasil, na semana passada, o Tribunal de Contas de Santa Catarina decidiu que homens que se declararem mulheres vão poder se aposentar mais cedo.

Uma em cada 30.000 pessoas no mundo se define como transgênero, segundo a Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia — ou seja, menos que albinos, que são um a cada 17.000 pessoas. Cá entre nós, eu seria capaz de apostar que há mais sacis no mundo que transexuais. Mesmo assim eles parecem ter virado o centro do mundo, de alguma maneira.

Por isso, resolvi descrever estes Três Sinais de que o Seu Filho que Ainda Nem Nasceu Pode Ser um Transexual, baseado em todo o meu conhecimento científico de psicólogo amador:

1) Se você é conservador, deve sentir de vez em quando, como eu, a necessidade de demonstrar para todos que não é nenhum monstro. Para deixar isso claro, eu deixo escapar de vez em quando alguma frase do tipo “sou conservador, mas eu também sou contra pena de morte…”, ou “sou conservador, mas também tenho pena de mendigo de vez em quando…”, e lorotas desse tipo.

Mas o que é melhor para demonstrar a sua não-monstruosidade do que você esfregar na cara de todo mundo que você ama o seu filho transexual? O fato de que você ainda não tem um filho não é obstáculo: tenha um e o crie num ambiente de gostosa confusão sexual durante dois ou três anos, e daí se prepare para colher os resultados.

Portanto, se você anda por aí, como eu, com um desejo permanente de mostrar a todos que não é nenhum Monstro Moral, sua chance de vir a ter um filho transexual um dia é razoavelmente grande.

2) Você sempre quis ter um filho gay? Pra apoiar, ir nas paradas, etc.? Anos atrás, quando você via um filme em que um pai ou uma mãe reagiam mal à notícia de que o filho era gay, você por acaso parava de prestar atenção no filme porque passava vários minutos seguidos fantasiando com o quanto você reagiria melhor se o seu filho viesse contar que é gay?

Você passava na sua cabeça a cena toda de como seria isso, o seu filho hipotético ficando nervoso durante dias antes de falar com você, você interrompendo a explicação dele — “eu já sabia, filho! E você acha que eu me importo?”, e na fantasia o seu filho olhava para você atônito com a sua superioridade moral em relação a todos os outros pais do mundo?

Mas agora existe algo muito melhor que ter filho gay: uma fantasia ainda melhor e mais intensa, em que, se o seu filho segurar uma boneca por mais de três segundos, você vai dar um grito de alegria e vai imediatamente maquiá-lo todo. Você já teve essa fantasia? Já se imaginou perguntando com a voz mais gentil e orgulhosa do mundo se ele se sente mais confortável assim, com um vestido? E passeando com a sua filha trans de dois anos na frente dos pais tacanhos da escola, fazendo cara feia pra eles, e na frente dos pais liberais também — como eles vão passar mal de inveja!

Se você frequentemente sonhou com isso, como eu sonhava em ter um filho gay, confesso, aumentam as suas chances de um dia ter um filho trans.

3) Você está sempre na moda? Nos anos 1980, você pegou aids? Nos anos 1990, você usava heroína? Até a eleição de Trump e Bolsonaro, você era um defensor implacável e furibundo da liberdade de expressão, e depois, sei lá, começou a achar a causa meio desimportante? Você colocou “guarani-kaiowá” no seu nome uma época, por algum motivo que você nem lembra mais qual era, e uma imagem toda negra apoiando o BLM um pouco depois, e mais recentemente uma bandeirinha da Ucrânia junto ao nome do seu perfil?

Como todos os testes psicológicos, este, por mais científico que seja, não pode dar certeza de nada. Mas, se você respondeu que tem pelo menos dois desses três sinais, então é praticamente inevitável que nos próximos anos você tenha um ou dois filhos transexuais e que possa, assim, fazer parte do que parece ser o grande assunto da nossa época.

 

Alexandre Soares Silva é escritor

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
  1. Não sei porque o mundo se importa tanto com o que as pessoas são? Isso não é escolha, e o que elas fazem sexualmente não diz respeito a ninguém. Esse falso moralismo, quanta hipocrisia do mundo hétero!

  2. É a conversa incessante sobre a micro minoria eclipsando a discussão de temas que realmente importam a macro maioria

  3. Verdade, é o assunto da época. Andei me perguntando por que as pessoas “antenadas” só conversam dos mesmos assuntos, que vão mudando com o tempo? É como uma moda - usar ombreiras nos anos 80, neon nos 90… Por que a conversa tem que ser ditada por influenciadores (jornais, artistas…)? Eu, que sou meio esquisitona, por vezes inicio um assunto “diferente” e me olham como se eu não fosse normal. Sei não, falar do assunto da moda é comportamento de manada?

    1. Concordo com vc ,Maria. As conversas tem que acompanhar a moda, nada contra esta conversa mas o mundo esta repleto de outras coisas tb.

  4. A esquerda perdeu 100 anos tentando destruir o capitalismo, como deu tudo errado e o socialismo se implodiu pela ineficiência e incapacidade de criar riqueza, essa turma floco de neve que não arruma o quarto e nem sabe trocar um pneu, migrou pros temas identitários: Raça, Gênero e Desigualdade. Esse tema de transgênero é afeito a psiquiatria, pela irrelevãncia, mas a gritaria dos woke está ensurdecedora.

    1. Para mim, este é o mais inteligente e pertinente comentário sobre o tema!

Mais notícias
Assine agora
TOPO