DivulgaçãoLuis Suárez, do Grêmio: pode ser que não marque mais nenhum gol pelo Grêmio, mas nada apaga uma estreia como essa

Craques aposentados, venham para o Brasil!

Esse é o tamanho do futebol brasileiro atualmente. Os ídolos vêm para cá encerrar a carreira, e não é de hoje
20.01.23

Sim, foi contra o São Luiz. E na final da humilde Recopa Gaúcha. Mas o fato é que o homem marcou três gols. Numa estreia. Que outro jogador conseguiu marcar três gols neste início de temporada no Brasil? O uruguaio Luis Suárez chegou com tudo ao país. Pode ser que não marque mais nenhum gol pelo Grêmio, mas nada apaga uma estreia como essa. Nada apaga a estreia de qualquer outro craque aposentado no Brasil.

Esse é o tamanho do futebol brasileiro hoje. Os ídolos vêm para cá se aposentar. Se forem brasileiros, pelo menos ainda brilham por aqui no início da carreira —e, se dermos sorte, ao final. Durante seus melhores anos, encantam os europeus. Raí e Romário iniciaram esse caminho, no fim da década de 1990, e suas carreiras marcam o momento exato em que o futebol brasileiro começava a se descolar do europeu.

O são-paulino retornou em 1998 para ganhar o Campeonato Paulista. Romário voltou ao Brasil pela última vez em 1997, aos 31 anos, e, até pendurar a chuteira, aos 42, enfileirou títulos e gols (muitos gols) por diversos clubes. Foi na década passada, contudo, que o retorno de jogadores em fim de carreira virou um evento frequente no Brasil.

Rivaldo jogou no São Paulo em 2011, com 39 anos. Deco também voltou ao país para encerrar a carreira, no Fluminense, de 2010 a 2013. Nos idos de 2012, Clarence Seedorf abrilhantou os gramados brasileiros pelo Botafogo, pelo qual conseguiu a proeza de ganhar um título carioca — nada contra os botafoguenses, a seca de títulos é notória.

Antes de virar SAF, o ex-pobre alvinegro carioca também contou com o já envelhecido uruguaio Loco Abreu (outro título carioca) e o japonês Keisuke Honda, que não deu tão certo — apenas nove meses de contrato. De fato, a aposentadoria no Brasil não é garantia de sucesso. Kaká também não conseguiu muita coisa no retorno ao São Paulo, em 2014, depois de se tornar o melhor jogador do mundo na Europa.

Marlos jogou apenas duas partidas como titular na volta ao Athletico Paranaense. William também tentou voltar, no Corinthians, mas percebeu que valia mais a pena correr um pouco mais dentro de campo, na Premier League, pelo Fulham, do que fugir de ladrão pelas ruas de São Paulo ou dos seus críticos corintianos nas redes sociais. Lucas Leiva é outro que retornou, ao Grêmio, mas teve de dar uma pausa por problema de saúde.

Neste momento, os são-paulinos, que se empolgaram além da conta com a contratação frustrante de Daniel Alves, aguardam o momento em que Lucas Moura vai se cansar para, enfim, retornar aos braços da torcida. Os torcedores do Fluminense esperam o mesmo, em algum momento, de Thiago Silva e Marcelo. Para times que estão mal das pernas, essa é a segunda melhor alternativa a desenvolver um craque nas categorias de base.

Ainda que não consigam liderar seus times a títulos, os craques mais velhos fazem diferença demais em um futebol empobrecido como o brasileiro. Atualmente com 37 anos, Filipe Luís dominou nas últimas temporadas a lateral-esquerda do Flamengo, maior campeão recente do país. Miranda e Rafinha quebraram um galho no São Paulo. Aos 34, Renato Augusto foi o jogador que mais se destacou no Corinthians nas últimas temporadas — e faria mais, não fossem as lesões.

Por falar em Corinthians, o que dizer do estrago feito por um Ronaldo Fenômeno acima do peso em 2009? E Ronaldinho Gaúcho, que foi campeão da Libertadores com o Atlético Mineiro em 2012? Depois dos 40, Zé Roberto ganhou a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro com o Palmeiras. Alex foi campeão paranaense com o Coritiba em 2013, com 36 anos, e artilheiro do time no Campeonato Brasileiro daquele ano. Hernanes salvou o São Paulo do rebaixamento em 2017.

Fica aqui, portanto, o apelo. Volta, Neymar. Volta, Vinícius Júnior. Casemiro, Alisson, Gabriel Jesus, Antony. E quem mais se cansar.

 

Rodolfo Borges é jornalista e editor de conteúdo de O Antagonista

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