Vídeo da suposta orgia de Doria volta à tona: PF avança em investigação e governador fala em perseguição política
Quase quatro anos após movimentar a campanha eleitoral mais acirrada dos últimos tempos em São Paulo, um vídeo com cenas de uma orgia sexual supostamente protagonizada pelo governador João Doria está no centro de uma investigação à qual a Polícia Federal vem dedicando atenção especial. Em janeiro deste ano, a PF elaborou um laudo pericial...

Quase quatro anos após movimentar a campanha eleitoral mais acirrada dos últimos tempos em São Paulo, um vídeo com cenas de uma orgia sexual supostamente protagonizada pelo governador João Doria está no centro de uma investigação à qual a Polícia Federal vem dedicando atenção especial.
Em janeiro deste ano, a PF elaborou um laudo pericial no qual descarta "sinais de adulteração" nas imagens, que viralizaram em outubro de 2018. Os encarregados da investigação também chamaram para depor uma mulher apontada como participante do encontro, cuja gravação foi largamente disseminada por WhatsApp para atingir a reputação do tucano às vésperas do segundo turno. A mulher de 41 anos é funcionária do gabinete de um parlamentar aliado de João Doria.
O curioso é que o inquérito, aberto ainda em 2018 a pedido dos advogados do próprio Doria para apurar o crime de “difamação eleitoral”, pode se virar contra o governador no ano em que ele pretende disputar a Presidência da República. Em nota enviada a Crusoé, João Doria afirma que a PF está reeditando “o maior crime eleitoral já realizado contra um candidato na história do Brasil, justamente quando se aproximam as próximas eleições presidenciais” e acusa a instituição de tentar prejudicar sua pré-candidatura ao Planalto.

O vídeo, dividido em dois trechos, começou a circular em 23 de outubro daquele ano. Nas imagens, um homem com feições semelhantes às de Doria aparece na cama com seis mulheres. Naquele mesmo dia, o governador veio a público, ao lado da primeira-dama, Bia Doria, para negar que fosse ele o personagem das cenas. O tucano classificou o vídeo de "vergonhoso" e disse tratar-se de uma "fake news" que teria sido forjada por adversários políticos. Cinco dias depois, Doria disputaria o segundo turno contra o então governador Márcio França, do PSB, que negou envolvimento no caso e processou o tucano por calúnia. No ano passado, Doria disse em uma entrevista que França estava por trás da propagação da gravação.
O pedido para que a Polícia Federal apurasse a “difamação eleitoral” contra Doria foi feito pela defesa do governador logo no dia seguinte à divulgação do vídeo. Àquela altura, o criminalista Fernando José da Costa, que hoje é secretário da Justiça do governo paulista, anexou um laudo no qual dois peritos contratados afirmavam que o vídeo tem "características de claro produto de montagem e simulação" e que o homem que aparece nas imagens tem características diferentes da fisionomia de Doria, como o "formato dos dentes", "ausência de pelugem no tórax" e costeleta diferente. O advogado disse ainda que no momento da orgia – a gravação teria sido feita na noite de 11 de outubro de 2018 – o tucano estava reunido com ele no comitê de campanha do PSDB.
A apuração da Polícia Federal havia caído no esquecimento, mas ganhou força nos últimos meses. Crusoé teve acesso com exclusividade ao inquérito, que corre em sigilo na Superintendência da PF em São Paulo. A investigação já passou pelas mãos de cinco delegados. No início, a PF ouviu um homem que compartilhou o vídeo em um grupo de WhatsApp de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro no dia em que as cenas viralizaram. Os policiais também buscaram informações sobre quatro pessoas detidas em flagrante colando cartazes com ataques a Doria em razão do filme.
Por causa da pandemia, alguns depoimentos de testemunhas foram adiados e o inquérito foi prorrogado com anuência do Ministério Público e autorização do juiz da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo. A investigação voltou a tramitar mais rapidamente em outubro do ano passado, quando o delegado Leonardo Henrique Rodrigues solicitou uma perícia técnica ao Núcleo de Criminalística da PF para "identificar/reconhecer a identidade das mulheres" que aparecem nas cenas. O delegado também pediu que os peritos federais apontassem eventuais montagens no vídeo.
A partir da demanda, os peritos chegaram até a comparar o rosto das mulheres com o banco de imagens faciais mantido pela corporação na tentativa de reconhecer alguma das participantes. Por causa da baixa qualidade técnica da gravação, porém, o sistema não conseguiu identificar ninguém.
Apesar da tentativa frustrada de reconhecimento facial por meio da tecnologia, a perícia da PF chegou a uma conclusão que vai na contramão do argumento sustentado até então pela defesa de Doria – a de que o vídeo foi manipulado. No laudo, assinado em janeiro deste ano, o perito Bruno Garbe Júnior diz não ter encontrado indícios de fraude no material. No documento, o perito afirma que "analisou a direção da iluminação, disposição de personagens e objetos e suas relações na imagem, assim como a continuidade do sinal de áudio, não encontrando sinais de adulteração nas imagens examinadas".

Adversários de Doria chegaram a ser ouvidos pela PF. Foi por essa via, por sinal, que os investigadores conseguiram nome e sobrenome da mulher intimada para prestar depoimento. A identificação dessa testemunha, que teria participado da orgia, ocorreu após depoimento do vereador paulistano Camilo Cristófaro, do PSB, desafeto do governador que já havia explorado o episódio durante a campanha de 2018. Foi o parlamentar, correligionário de Márcio França, quem afirmou aos investigadores que essa mulher, atualmente, trabalha como assessora de um vereador da Câmara Municipal de São Paulo ligado a Doria. Com os dados da assessora em mãos, a PF a chamou para depor.
A Crusoé, Doria afirmou ter sido surpreendido com a informação de que a PF “decidiu ressuscitar” a investigação. Ele voltou a mencionar os laudos produzidos por sua defesa que apontam que o vídeo é produto de uma fraude. “Fui surpreendido hoje com a informação de que a Polícia Federal decidiu ressuscitar a investigação de um caso da eleição de 2018, que se tornou o maior crime eleitoral já realizado contra um candidato na história do Brasil, justamente quando se aproximam as próximas eleições presidenciais. Laudos independentes produzidos na época do episódio comprovaram de maneira cristalina que o vídeo em questão é uma fraude primária. (...) Um segundo laudo independente também comprovou a fraude desse vídeo”, diz a nota do governador.
O governador faz uma acusação grave. Para ele, a PF está usando o caso para atingir sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto. “É revoltante que a Polícia Federal não tenha investigado os autores do crime em 2018. Agora, quatro anos depois do episódio, utiliza essa fake news não para elucidar o caso, mas para atingir a vítima desta armação sórdida. Lamentavelmente, uma parte da instituição de Estado tem sido utilizada para propósitos políticos, como já ocorreu recentemente com outros pré-candidatos à Presidência. É uma afronta ao Estado Democrático de Direito. Não me intimidei na época desse crime e não me intimidarei com essa tentativa rasa para prejudicar a minha pré-candidatura. A determinação de construir um país mais justo, próspero e pacificado é maior do que a tentativa torpe de atacar a minha honra e da minha família”, diz a nota de Doria.
Ao que tudo indica, a novela iniciada em 2018 ainda terá muitos capítulos.
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Comentários (10)
José
2022-03-11 23:46:48Foi e sempre será assim, toda vez que um candidato "polemico" almeja a cadeira de presidente, ressuscitam "aberrações" por ele cometido ou algo que desperta dó no candidato. Falando nisso, quanto que você pagou na gasolina hoje?
Paulo
2022-03-10 10:14:09Primeiramrnte, vamos à discussão do mérito da investigação: a PF diz que, após perícia, não houve manipulação das imagens. Ponto. Em segundo, deve-se investigar se o gostosão do vídeo é ou não o Joào Doria. Ele diz que não é ele. O sujeito é a cara dele. Se for ele, a orgia é problema pessoal dele com a mulher. Ponto. Mas a imagem pública fica destroçada.
Jorge
2022-03-09 16:08:34O curioso é que, se fosse o Boçal, os passapanistas estariam comemorando, dizendo que "é macho, mesmo", e dane-se se ele está casado.
Lasier
2022-03-09 13:16:00A Crusoe se vendeu ao grupo folha uol e entra no esquema deles: atacam doria relembrado episódios enterrados. Vergonha de sexta-feira
Maria
2022-03-09 13:12:03E dai ? Ele não é meu marido. Não voto nele mas essa politicagem está muito suja
Cleusa
2022-03-09 12:36:24Por que parte da imprensa, insistem que teremos que escolher entre Lula e Bolsonaro? Se temos um ótimo governador, um juíz honesto e competente e uma excelente senadora como candidatos à presidência.
Mario
2022-03-09 09:58:07Hoje em dia o complexo de instituições brasileiras, caríssima, ineficientíssima e dolorosamente paga pelo dinheiro do contribuinte, estendendo-se desde as câmaras de vereadores, passando pelo legislativo, executivo até judiciário das últimas instâncias, serve unicamente para nutrir a inútil vida daqueles que as compõe e delas se servem com fartura e sem o menor temor de punição. O único jogo vigente nessa praça é o de quem consegue abocanhar mais.
Divina da Silva Ribeiro
2022-03-09 05:47:12E o que alguém tem de ver quantas pessoas o cidadão coloca em sua cama?
Edneia
2022-03-08 21:47:44Alguém ainda confia na Instituição PF nas mãos do governo Jair Bolsonaro????? #ForaBolsonaro e volte a integra PF
Nyco
2022-03-08 21:31:53Pelas dancinhas lascivas dele, É ELE! __ e se confirmado, cadeia no Agripino promíscuo.