Tomaz Silva/Agência Brasil

Um general para fazer política

13.11.18 10:36

O principal critério utilizado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro para a escolha do general da reserva Fernando Azevedo e Silva (foto) para o Ministério da Defesa foi seu trânsito entre os três poderes da República e, evidentemente, nas Forças Armadas.

Azevedo e Silva teve dois padrinhos de peso na sua nomeação. Um, o comandante do Exército, general Villas-Bôas. Outro, o general da reserva Augusto Heleno Ribeiro, que já havia sido nomeado para a Defesa antes do segundo turno, mas que, dada a confiança que Bolsonaro tem nele, foi puxado para um cargo no Palácio do Planalto, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

Villas-Bôas, Heleno e o próprio Azevedo e Silva têm visões semelhantes sobre o papel das Forças Armadas na vida política nacional. Defendem que elas não devem estar completamente alheias das decisões, como nos governos Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff, mas também não podem ser protagonistas absolutas. Avaliam que o golpe de 1964 faz parte do passado e que a contribuição militar se dá na oferta e aproveitamento dos seus quadros na política e, claro, de maior investimento em seus projetos e melhoria das condições de trabalho de sua tropa.

Nesse sentido, Azevedo e Silva terá como objetivo na sua atuação, como ministro, zelar para que as forças e, especialmente, seus setores mais entusiasmados com a ascensão militar à Presidência da República, não ultrapassem a tênue linha que as separam do poder adquirido pelo voto.

Esse equilíbrio será buscado não só dentro da caserna, mas também na interlocução com os demais poderes. E aqui o currículo de Azevedo e Silva foi determinante. Como chefe do Estado-Maior do Exército, um dos mais altos postos do Exército, conheceu bem o espírito da tropa. Como assessor parlamentar, também passou a entender os trâmites e códigos do Legislativo, poder que, nesta transição de governo, vem mostrando suas garras a Bolsonaro. E como assessor especial do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, teve um breve período em outro poder considerado chave para que as bandeiras do presidente eleito avancem e seus arroubos sejam contidos.

Nada disso seria útil se ele não tivesse boa relação com o Executivo. Azevedo e Silva é amigo pessoal do futuro vice-presidente, general Hamilton Mourão, e desenvolveu com Bolsonaro ótima relação quando atuou no Congresso. Já atuou na área de segurança de Fernando Collor e comandou a Autoridade Pública Olímpica durante o governo Dilma Rousseff.

Trata-se, portanto, de um general escolhido a dedo para fazer política.

 

 

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  1. Parece que foi também uma ótima escolha, mas para o Bndes existe uma dúvida muito grande à postura dele, por ter treooabalado para o Sergio Cabr3 +c

  2. Que bom que as escolhas tem sido criteriosas. Tomara que os resultados atingidos por essa equipe sejam efetivos e representem um new deal brasileiro.

  3. Tem que procurar apoio nas Forças Armadas mesmo, já sofreu um atentado e até agora não temos informações concretas o atual Ministro da Defesa diz após 24h00 do atentado que era um lobo solitário.

  4. Com todo esse passsdo, em diferentes momentos da política Nacional o nome me parece interessante. Tem excelente experiência para Ministro da Defesa Militares são, em princípio, muito sérios aos seus deveres para com a Pátria. Confio na escolha do presidente no qual depositei meu voto

  5. Por ter trabalhado com Dilma e com Tofolli, não tem como não ficar com certo receio, essa proximidade com o PT, com a esquerda.

  6. Vai fazer o meio de campo para o Presidente, e tem acesso pelo seu passado aos poderes legislativo e judiciário. O que não recomenda muito. Assessorar o Toffoli deve ter sido difícil. A Crusoé deveria fazer um levantamento de quantos assessores cada Ministro do Supremo tem, e para quê? Pelo número de funcionários vamos ficar estarrecidos, além do mais quanto tempo demora cada processo nos meandros do Tribunal? Vamos torcer.

    1. Desde que acertem o alvo desejado, podem chover mais o quanto forem necessários .

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