Tucker Carlson via X

Depois de Putin, Tucker Carlson agora vai na história de Eduardo Bolsonaro

01.03.24 10:52

Filho “zero-três” de Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) não esteve no ato em defesa do pai na avenida Paulista no último fim de semana — o parlamentar preferiu ir para os Estados Unidos participar da Conferência Política de Ação Conservadora (CPAC) e também dar uma entrevista a Tucker Carlson, publicada nesta quinta-feira, 29, em seu canal no X.

A tese apresentada pelo deputado brasileiro não é das melhores: ele diz a Tucker Carlson que três jornalistas brasileiros estariam exilados nos Estados Unidos por perseguição de Lula e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. “Eles não podem mais trabalhar no Brasil e também porque há um risco de prisão vindo da Suprema Corte”, diz Eduardo, em inglês mais desenvolto que nos últimos anos. “E não de toda a Suprema Corte, mas de um ministro da Suprema Corte, Alexandre de Moraes.”

Acontece que nenhum dos três nomes — Rodrigo Constantino, Paulo Figueiredo e Allan dos Santos — são, de fato, jornalistas. Além disso, Todos eles moram nos Estados Unidos desde o governo Jair Bolsonaro

Na operação Tempus Veritatis, que exibiu indícios de uma articulação de um golpe de Estado por parte de Jair Bolsonaro e seus ministros, coube um pedaço relevante a Paulo Figueiredo. Então comentarista da Jovem Pan, o neto do ex-presidente João Baptista Figueiredo (o último da ditadura militar) usou do canal de TV para influenciar militares a atender um certo “clamor do povo” em prol de Jair Bolsonaro. Ele e Constantino acabariam demitidos da Jovem Pan.

Allan dos Santos é considerado foragido no Brasil, pois há um mandado de prisão assinado por Alexandre de Moraes, pelo crime de . Idealizador do defunto site “Terça Livre”, o blogueiro era uma das pontas de lança digitais do gabinete do ódio bolsonarista, e se refugia nos Estados Unidos. No início, era comprovado que o clã Bolsonaro pagava suas despesas, já revelou a Crusoé em 2021.

Tal como na entrevista com Vladimir Putin, há duas semanas, Tucker Carlson parece comprar o valor de face do que diz o entrevistado. “Me parece claro que a eleição foi roubada pelo governo Lula, ou pelo menos assim parece, olhando de fora”, diz Carlson. A tese de adulteração das eleições nunca foi comprovada, nem pela Justiça brasileira nem por observadores internacionais. As manobras do governo Jair Bolsonaro para comprovar tal tese levaram à sua inelegibilidade e hoje são investigadas como uma tentativa de golpe de Estado.

Eduardo ainda afeta algum senso e diz que o assunto é “sensível” e que “precisa tomar cuidado com suas palavras” para não acabar como Daniel Silveira, o ex-deputado preso por ameaçar a Suprema Corte e a democracia. Seriam “más palavras”, na visão do zero-três. “Ele falou umas merdas para os ministros”, reconheceu, depois de pensar alguns seguindos. “Sua mãe isso ou aquilo”.

A inocência de Tucker Carlson com seus entrevistados foi tema da coluna de Jerônimo Teixeira na Crusoé desta semana. Analisando as duas horas de entrevista com Putin, o colunista aponta como o ex-âncora da Fox News não fez uma entrevista

“Essa atitude de jovem aprendiz bebendo da sabedoria do mestre ditador não foi a maior vergonha da sua temporada russa. Carlson foi às ruas para se deslumbrar com as maravilhas da vida moscovita. Era um jeca fazendo turismo: olha que legal esse supermercado! E essa estação de metrô, que tudo! Foi construída durante o governo de Stalin, que era um cara malvado – mas tem candelabros!”

Jerônimo Teixeira na Crusoé: Putin, o novo tirano de Siracusa

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