Trump transforma Casa Branca em galeria de ataques históricos
Casa Branca expõe textos de Trump sob retratos de presidentes anteriores com ataques a Biden, Clinton e Obama e elogios a aliados
A Casa Branca virou nos últimos dias palco de uma disputa sobre memória e política depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, instalou placas novas sob os retratos de antigos ocupantes do cargo em um trecho do corredor conhecido como Presidential Walk of Fame.
O projeto, que começou como uma galeria de presidentes, passou a exibir textos com tom abertamente político, muitos escritos pelo próprio Trump, em estilo semelhante ao de suas postagens nas redes sociais, refletindo suas opiniões em vez de resumos históricos neutros.
As descrições mais polêmicas estão justamente nas placas de dois dos mais recentes presidentes democratas que o antecederam.
Sob a imagem que substituiu o retrato oficial de Joe Biden por uma foto de um autopen, dispositivo usado para replicar assinaturas, uma das placas afirma que "Sleepy Joe Biden foi, de longe, o pior presidente da história americana" e repete sua narrativa de eleição "mais corrupta de todos os tempos", acusações que não têm respaldo em fatos e negam resultados oficiais.
Outra parte do texto de Biden diz que ele foi dominado pelos “radicais de esquerda" e critica sua atuação em questões como inflação, segurança de fronteiras e eventos internacionais.
Barack Obama, primeiro presidente negro do país, também foi alvo de uma descrição duramente crítica.
A placa sob seu retrato o chama de "uma das figuras políticas mais divisivas da história americana" e questiona grandes marcos de sua administração como a chamada Affordable Care Act, refere-se ao acordo climático de Paris de forma depreciativa, o acusa de "enfraquecer a economia americana" e até faz alegações de espionagem política que não são comprovadas.
Outros ex-presidentes também aparecem com textos que combinam apontamentos críticos e declarações tendenciosas. George W. Bush, embora republicano, é citado pelos erros nas guerras do Afeganistão e do Iraque, enquanto Bill Clinton recebe menções ligadas aos escândalos em sua presidência e à derrota de sua esposa, Hillary Clinton, para Trump em 2016.
Já presidentes tidos como aliados ideológicos, como Ronald Reagan, ganham elogios abertos e são descritos como grandes admiradores de um jovem Trump, reforçando a narrativa política enviesada que atravessa o conjunto.
A reação à instalação foi imediata e intensa. Muitos veem nisso não apenas uma forma de reescrever a história de modo parcial, mas um esforço quase infantil de tentar moldar como visitantes e diplomatas percebem o legado de líderes anteriores a cada passo pelo espaço.
Aliados do presidente, por outro lado, defendem as placas como “descrições honestas”, alegando que expressam avaliações diretas das administrações retratadas.
A Casa Branca, que já enfrentava polêmicas recentes com as reformas Roseiral da Casa Branca de e a demolição de toda a histórica ala leste para a construção de um enorme salão de bailes, se torna cada vez mais um espelho de Trump, trazendo discussões sobre respeito institucional, memória coletiva e até sobre o papel de um presidente em reescrever, literalmente, a narrativa oficial dos que vieram antes dele.
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