Ritmo dos inquéritos eleitorais da PF em São Paulo preocupa desembargador
De saída da presidência do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, o desembargador Carlos Eduardo Cauduro Padin (foto) revelou preocupação com o ritmo dos inquéritos eleitorais da Polícia Federal que investigam políticos paulistas por suspeita de caixa 2 de campanha, corrupção e lavagem de dinheiro. Conforme mostrou Crusoé, existem hoje 25 inquéritos eleitorais tramitando em...
De saída da presidência do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, o desembargador Carlos Eduardo Cauduro Padin (foto) revelou preocupação com o ritmo dos inquéritos eleitorais da Polícia Federal que investigam políticos paulistas por suspeita de caixa 2 de campanha, corrupção e lavagem de dinheiro.
Conforme mostrou Crusoé, existem hoje 25 inquéritos eleitorais tramitando em São Paulo sob sigilo. Até agora, apenas o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad, do PT, foi denunciado e condenado por ter recebido caixa 2 da UTC nas eleições municipais de 2012.
"Eu não tenho em mãos o que pode estar levando os inquéritos a ficar no estágio em que estão. Mas essa questão está mais dependente de ações da Polícia Federal do que da Justiça Eleitoral", afirmou Padin.
O desembargador, que deixou a presidência do tribunal nesta quarta-feira, 18, contou que já fez duas vistas ao superintendente regional da PF em São Paulo, delegado Lindinalvo Filho, para saber sobre o andamento dos inquéritos eleitorais e perguntar se o TRE-SP poderia ajudar nas investigações. O novo presidente é o desembargador Waldir Sebastião de Nuevo Campos Junior.
"Mais de uma vez estive com o doutor Lindinalvo dizendo da minha preocupação e pedindo a ele que procurasse viabilizar um maior compartilhamento possível", afirmou Padin, referindo-se às provas já obtidas pela própria Polícia Federal em outros estados, como no Paraná. Parte do material, que inclui mensagens de Skype e gravações telefônicas, foi publicada por Crusoé em setembro.
Padin foi um dos defensores da competência da Justiça Eleitoral em julgar crimes comuns, como corrupção e lavagem de dinheiro, em conexão com crimes eleitorais, como o caixa 2. Um dos argumentos usados pelo desembargador para rebater as críticas de que a retirada dos inquéritos da Lava Jato resultaria em impunidade foi o de que o braço investigativo da Justiça Eleitoral era a mesma PF que já integrava a operação de combate à corrupção.
Desde abril de 2018, investigações decorrentes da delação da Odebrecht começaram a ser enviadas para os tribunais eleitorais nos estados. Em março deste ano, o Supremo Tribunal Federal decidiu que a competência para apurar e julgar esses casos é da Justiça Eleitoral.
Em São Paulo, a PF decidiu que as investigações ficariam a cargo da Delegacia de Defesa Institucional, encarregada de crimes eleitorais, tráfico de pessoas e pedofilia, em vez da Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros, a Delecor, que já integra a Lava Jato.
Crusoé questionou a PF paulista para saber quantos delegados e investigadores atuam nos inquéritos eleitorais, mas não obteve resposta. O presidente do TRE-SP também disse desconhecer essa informação. "Eu não sei se vocês sabem qual a estrutura que a Polícia Federal tem nesses casos. Eu não sei. Quando você tiver essas informações até gostaria de saber", afirmou Padin.
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Comentários (9)
Leandro
2019-12-20 11:44:12Muito bom ele ter feito ess declaracao. Tem q mexer neste vespeiro mesmo, mas pq so o fez agora q esta de saida ? Faltou coragem ou esta preparando o campo pra se candidatar a algum cargo eletivo em 2020 ?
FERNANDOu
2019-12-19 19:06:41O judiciário do Estado de São Paulo é o oásis de todo advogado de rico...
ALEXANDRE
2019-12-19 16:11:23Em SP o PSDB deve mandar até na PF, faz mais de 30 anos no poder acontece isso!!!
Eduardo
2019-12-19 15:15:48Sou forçado a reconhecer que, para condenar petista, nossa justiça é tigrona, já com gente do centro ou da direita, é tchutchucona.
Vilma Brito
2019-12-19 14:53:57Considararemos de importancia salutar, o Desembargador PADIN, em vias de estar deixando o TRE, se mostrar preocupado com a produtividade de julgamento da corrupção via TRE. Este começo no final, traduz o que já observávamos empiracamente, na atuação anti-corrupção no Estado Paulista da União Federal. Os leigos estão enxergando o mesmo que o Desembargador PADIN.
Edson
2019-12-19 14:29:39A Lava Jato em SP não anda, todos sabemos.
Rubens Antonio
2019-12-19 14:24:50Estão esperando caducar. Justo SP que é o estado que mais corre no país. Nesse caso até tartaruga está ganhando.
Jose
2019-12-19 14:24:08o Brasil esta mal... tentando melhorar, mas a justiça e muitos órgãos são péssimos e ajudam os bandidos e corruptos... temos algumas poucas ilhas de excelência como a lava jato e outras ... Rio, uma vara em Brasília, uma aqui e outra acolá
Sonia
2019-12-19 13:13:46São Paulo está virando o túmulo dos processos de anticorrupção