Adriano Machado/Crusoé

Retirada de militares da Amazônia coincide com o esgotamento da relação entre Mourão e Bolsonaro

10.02.21 18:28

O fim da Operação Verde Brasil 2 e a consequente retirada de militares da Amazônia, confirmada nesta quarta-feira, 10, por Hamilton Mourão, ocorre no pior momento da já esgarçada relação entre o presidente Jair Bolsonaro e o seu vice.

Embora possa não estar diretamente relacionada com a escalada de desgaste no relacionamento entre os dois companheiros de chapa na eleição de 2018, a decisão de Mourão de não renovar a operação militar na Amazônia é potencialmente embaraçosa para o governo.

Com a saída de cena dos militares, o trabalho de fiscalização da floresta amazônica volta para as mãos das “agências sucateadas”, segundo palavras do próprio Mourão, numa referência ao Ibama e ao Instituto Chico Mendes de Biodiversidade, o ICMBio.

Apesar de não ter o condão de mudar a realidade na região, o trabalho iniciado em maio e liderado por Mourão a um custo total de 140 milhões de reais obteve resultados significativos. Houve, por exemplo, uma redução de 19% no desmatamento. Para um governo marcado pelas queimadas, o índice não é nada desprezível. Por isso, a sensação em setores do governo é a de que a situação na Amazônia tende a piorar, e muito.

Em entrevista nesta quarta-feira, 10, Mourão demonstrou preocupação com o futuro da região, mas seu semblante é de alguém que entregou os pontos – e que cansou de falar com as paredes. De fato, Bolsonaro há muito não dá pelota para o que seu vice fala e faz — desde que não esteja conspirando contra ele. O presidente sempre fez questão de sublinhar que jamais confiou no general. Agora, no entanto, ele passou a considerar o militar da reserva uma espécie de adversário.

Bolsonaro acusa o vice de se valer de informações confidenciais de governo para emitir declarações à imprensa, quando, não raro, rechaça seus pontos de vista. O presidente também não digeriu ainda o episódio ocorrido no fim de janeiro envolvendo um preposto de Mourão, revelado pelo O Antagonista – o auxiliar do vice participou de uma conversa com o chefe de gabinete de um deputado federal que girou em torno das articulações no Congresso para um eventual impeachment. O assessor foi demitido por Mourão, mas Bolsonaro desconfia que o vice tenha autorizado a articulação de coxia. O general, por sua vez, tem reclamado do tratamento dispensado pelo presidente desde a posse. Acredita que poderia ter mais protagonismo no governo, mas acabou sendo vítima das já proverbiais teorias da conspiração que costumam azucrinar a mente do titular do Planalto.

O sonho dourado de Bolsonaro era fazer como Getúlio Vargas que, com o golpe de estado, governou sem um vice de 1937 a 1945. Como Mourão é indemissível, e não há aparentemente um golpe em vista, resta ao presidente tentar anular o general de todas as maneiras possíveis. Atualmente, a relação entre Bolsonaro e Mourão é comparada à última fase do segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff, quando ela passou a fazer ouvidos de mercador e a desconfiar de cada passo do vice Michel Temer.

O comportamento de ambos ao longo da semana é ilustrativo do clima de altíssima tensão. Na manhã da terça-feira, 9, Bolsonaro não convocou Mourão para uma reunião com todos os integrantes do primeiro escalão do governo, à exceção do ministro das Comunicações, Fábio Faria, que cumpria agenda no exterior. Foi uma decisão de caso pensado. No Planalto, comenta-se que o presidente arranjou uma forma nada ortodoxa de excluir Mourão dos encontros sem ter de quebrar o protocolo palaciano: tem evitado convocar o chamado Conselho de Governo, do qual o vice faz parte.

Na tarde do mesmo dia, o general, apesar presidir o Conselho da Amazônia, não participou de uma cerimônia no Palácio do Planalto para o lançamento do programa de adoção de parques na região por empresas privadas. Desta vez, porque não quis. “Estava trabalhando aqui. Tinha outras coisas para fazer”, justificou Mourão.

A despedida em tom nostálgico da Operação Verde Brasil 2 nesta quarta-feira mostrou que o vice, podado de todas as formas por Bolsonaro, não tem mais tantas coisas assim para fazer no governo.

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  1. Lamentável que um programa importante na Amazônia ,com as Forcas Armadas , se perca . Ainda mais numa situação das mais sensíveis ,que é a conservação de sua floresta

  2. A Operação Verde Brasil começou com o início das chuvas na Amazônia, período que a locomoção nas matas é muito difícil, e a derrubada das árvores fica prejudicada, agora quando se aproxima o período mais seco, o criminoso Ricardo Salles pode executar o plano do Bolsonaro de permitir queimadas e garimpos clandestinos na região

  3. já é hora do exército sair e deixar este Senhor governar junto com filhos.Todos os ministros,se tivessem dignidade também deveriam sair. Ele humilha a todos. A hora do basta....

    1. Concordo. O presidente não tem postura de estadista. Mourão, sim

  4. Bolsonaro está diminuindo um superior do exercito que o ajudou a elege- lo..Isto não vai acabar bem. O Poder também é uma faca de dois gumes.

  5. O Bolsonaro tem algumas características de psicopata. Uma delas é a total falta de empatia, de apreciação, de reconhecimento ao trabalho e dedicação dos outros. A outra é uma inveja profunda de todos que são menos estúpidos que ele. Que ser abjeto!

  6. Dou toda a razão ao Bolsonaro, o Mourão é só o vice; não tem que ficar comentando atitudes do Presidente, acontece que ele quer "holofotes" e não consegue se colocar no seu devido lugar, e é claro, incentivado pela imprensa que quer criar conflito entre os dois!!!

    1. Valdemar Valdemar você acredita também em papai Noel?

  7. O Sérgio não consegue segurar o ódio e o recalque. A tal reunião ministerial que " excluiu " o Mourão era uma reunião ministerial e Mourão não é Ministro, Crusoé/Antagonista. Se duvidam, recorram a arquivos de reuniões ministeriais desde FHC até hoje, onde diversos Vices não estavam. Sei que vcs não precisam de ajuda, mas se quiserem, indico onde encontrar documentação. Tem coragem, Sérgio, ou é apenas vassalagem a seus $enhore$ esse seu ódio?

    1. Vem cá, Sueli. Não se disse que o Vice não seja importante e a reunião era com Ministros. Repito o que disse ao Sérgio. Verifique matérias publicadas desde FHC até hoje, se os Vices participaram de todas as reuniões ministeriais. Acontece, que há uma parte considerável da mídia que dissemina fictícias contentas a soldo dos seus $enhore$. Sobre isso, vc pode ver em todas as edições de Crusoé/Antagonista de como chegaram ao posto de fofoqueiros diuturnos, quase sempre reportando mentiras.

    2. presidente e vice deveriam pensar no país... não existe reunião em que o vice não seja importante, passou da hora de pensarem apenas em opiniões pessoais.

  8. Quem sabe o único que poderá nos livrar das garras de Bolsonaro seja Mourão? É tudo tão desalentador... A sorte está lançada.

  9. A decepção com Bolsonaro não é só do General Mourão. É do povo brasileiro, Bolsonaro é despreparado e mal assessorado está levando o País ao caos

  10. De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto. Rui Barbosa

  11. A cada dia que passa, desde 01/01/21 o Brasil perde a oportunidade de ter no cargo de presidente uma pessoa qualificada como o Mourão. Votei no Bolsonaro dadas as opções e as promessas, mas já passou da hora dele ir para o mesmo lugar da Dilma: a insignificância política.

    1. Concordo plenamente. Este Palmito não está à altura de representar o país, uma pessoa sem comunicação alguma, que só pensa em poder e na reeleição, e a toda hora, consegue ver adversários fantasmas em todo o canto. Infelizmente temos uma grande parte da população que é cega dos dois olhos, incapaz de enxergar a insignificância deste homem.

  12. 1.1- João Doria é a maior liderança hoje no país. Isso incomoda os bolsonaristas, tanto os explícitos, como o Aécio, quanto os enrustidos, como o ACM Neto. Doria se cercou de pessoas competentes e conseguiu entregar a tão sonhada vacina. Pergunta para o Henrique Meirelles, o que o levou a presidência do BankBoston? Resultado, meritocracia. Bolsonaro, ao contrário do Doria, é um líder tóxico. Procura se cercar de estúpidos como ele e repelir os sensatos, como o Mourão.

    1. 1.2 - Doria será presidente por mérito. O PT criou o Bolsa Família com a intenção de blindar o eleitorado mais pobre, ameaçando os beneficiários de que se outro candidato vencesse, ele cortaria o benefício. Bolsonaro, perversamente deixou a vacina de lado, para tornar o auxílio emergencial ad infinitum, garantindo assim os votos para pelo menos chegar ao segundo turno. Essas estratégias mesquinhas e ordinárias não podem prosperar mais. No Novo Brasil, ajuda do estado deve ser exceção, não regra

  13. O Bozo precisa cumprir os seus compromissos com os grileiros, madeireiros e garimpeiros. Portanto, nada melhor do que enfraquecer a legislação, tal como o ladrão do Salles está fazendo, e reduzir ao máximo a fiscalização na região, estratégia que atinge o seu ápice agora. O Bozo quer rifar o patrimônio público brasileiro para gerar lucros para os seus cúmplices criminosos. Acabou de sair um trabalho científico demonstrando tudo o que estou falando.

    1. Caro Antônio a dupla Moro/Morão é um "sonho de verão" (até rimou)que nunca vai se realizar.

    2. Caro Osvaldo, isso é ofensa a Cuca e ao Saci, cresci lendo Monteiro Lobato. Toda a minha infância foi marcada singelamente por estes personagens, infelizmente, esquecidos por esta geração sem educação e cultura.

    3. Isso não vai acontecer! O sistema irá impedir, a máquina de propaganda Nazista trabalha 24 horas para destruir os opositores do Parmito, criando notícias FAKE. Impressionante seu poder de organização, estrutura e disseminação de notícias para prejudicar adversários e engrandecer este pseudo líder. Não duvidem disso!

    4. É tão boa quanto a dupla do saci-pererê e a kuka kkkk

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