Marcelo Camargo/Agência Brasil

“Queijo Minas”, a empresa que vendeu R$ 736 mi em arroz ao governo

07.06.24 13:08

No leilão realizado nesta quinta-feira, 6, para a compra de 263,3 mil toneladas de arroz, o governo federal aceitou que um pequeno supermercado, na região central de Macapá, fosse responsável por negociar mais da metade do valor negociado. Agora caberá a Wisley A. de Sousa LTDA, nome empresarial do supermercado “Queijo Minas”, a responsabilidade de entregar 147,3 mil toneladas do grão, em uma transação superior a 736 milhões de reais.

As negociações chamaram a atenção de operadores do setor ouvidos por Crusoé, já que nem todos são atores conhecidos ou experientes no setor. As incongruências entre o mercadinho e o tamanho da operação foram primeiro revelados pelo portal The AgriBiz, especializado no setor de agronegócio.

No caso do mercado no Amapá, há poucas informações sobre o mercadinho, a não ser suas redes sociais pouco movimentadas e os telefones de contato. Crusoé buscou os dois contatos, sem sucesso — um deles, inscrito na Receita Federal, indica ser de uma transportadora, que desligou os telefones ao ser contatada pela reportagem.

A empresa não apenas se compromete a entregar a mercadoria — que poderia encher até seis navios inteiros com a carga — como também a empacotar a mercadoria em sacos de cinco quilos, que serão vendidos a preço tabelado pelo governo. Eles terão de ser entregues em locais como Varginha (MG), distantes mais de 3.400 km da capital amapaense.

Outra vendedora suspeita é a ASR Locação de Veículos, que vive do aluguel de máquinas pesadas e tem sede na região central de Brasília. A empresa nunca havia vencido licitações federais, indica o site de Compras Governamentais do governo federal — mas agora arrematou 22,5 mil toneladas em dois lotes, recebendo 112,5 milhões de reais.

A empresa, indica o The AgriBiz, é de propriedade de Cristiano Espíndola Wanderley, que já comandou o PROS do Distrito Federal. Segundo disse à reportagem, ele participou de um leilão da Conab no ano passado e entregou 211 mil sacas de milho. Ele disse estar prospectando em fornecedores no Mercosul e no Vietnã para suprir a demanda.

Dos 17 lotes negociados, sete ficaram com a Zafira Trading, que indica trabalhar com o comércio internacional de commodities. Com um capital social declarado de 110 mil reais, a empresa de Florianópolis vai negociar 73,3 mil toneladas do grão, levando cerca de 310,7 milhões de reais pela operação. Dois dos lotes ficaram com a Icefruti indústria e Comércio de Alimentos, que fabrica polpas de sucos em Tatuí, cidade a cerca de 140km de São Paulo.

A operação levada a cabo pelo governo federal, foi criticada por agricultores gaúchos, responsáveis por 70% da produção brasileira, como desnecessária. A Conab, indicaram especialistas ouvidos por Crusoé, não apontou com dados recentes a urgência da operação. E deputados do Novo ingressaram na Suprema Corte contra o leilão, que ainda pode ser suspenso.

 

Leia na Crusoé: Arroz com tranqueira

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  1. A produção de arroz no RS já havia sido colhida, está estocada, não há risco de desabastecimento. Lula saiu correndo "achando" que iria faltar. Patético , mas normal vindo de quem vem.

  2. No Amapá? huuuuuuuuuuum isto fede a léguas .. mas os novos tempos são assim e quem quiser reclame ao papa para ser chamado de "mulherzinha futriqueira" ou que é "coisa de veado" ... eis a democracia popular enfiada "anus supra" da manezada .. no censor.

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