MPSP/Divulgação

Promotor de casos da Lava Jato na Justiça Eleitoral de SP renuncia sem denunciar ninguém

29.11.19 17:55

O promotor Flávio Turessi (foto) renunciou ao cargo na Promotoria Eleitoral de São Paulo, encarregada de investigar as delações da Lava Jato que envolvem suposto crime de caixa 2 de campanha. Após 11 meses, ele deixa a função sem denunciar nenhum político paulista.

Crusoé apurou que existem hoje 25 inquéritos policiais sigilosos tramitando junto à 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, que recebeu a maior parte das investigações da Lava Jato que desceram das instâncias superiores, como STF e STJ, desde que o Supremo decidiu que crimes de lavagem de dinheiro e corrupção, quando conexos ao de caixa 2, devem ser processados na Justiça Eleitoral.

Turessi assumiu o cargo em janeiro deste ano e tinha como função investigar, com apoio da PF, os crimes delatados pelas empreiteiras, como Odebrecht e UTC, e oferecer denúncia à Justiça Eleitoral. Nesta semana, ele anunciou sua saída de forma antecipada, alegando motivos pessoais. A colegas do Ministério Público, disse que estava cansado.

Crusoé apurou que Turessi acumulou a função eleitoral com a de promotor criminal porque não aceitou atuar exclusivamente nos inquéritos da Lava Jato. Ele também continuou dando aulas em cursos de especialização e ainda foi convocado para atuar emergencialmente como procurador de Justiça na Procuradoria de Habeas Corpus e Mandados de Segurança neste mês.

Entre os casos que estavam com Turessi, está o do suposto pagamento de 8,3 milhões de reais de caixa 2 da Odebrecht ao ex-governador Geraldo Alckmin, do PSDB, na campanha de 2014. Em setembro, Crusoé revelou que planilhas da transportadora de valores usada pela empreiteira para fazer os repasses ilícitos a políticos indicavam ao menos 10 entregas de dinheiro, no valor total de 6 milhões de reais, na casa de Eduardo de Castro, no Brooklin.

À época, Castro era assessor do então secretário de Planejamento do governo Alckmin e tesoureiro da campanha tucana, Marcos Monteiro, cujo codinome, nas planilhas da empreiteira, era M&M. Ele também foi gravado conversando nos dias das entregas por telefone com um funcionário do doleiro Álvaro José Novis, encarregado de coordenar os pagamentos da Odebrecht.

Até agora, apenas o ex-prefeito Fernando Haddad, do PT, foi denunciado pela Promotoria Eleitoral. A ação foi oferecida em maio de 2018 pelo promotor Luiz Henrique Dal Poz, antecessor de Turessi no cargo. Em agosto deste ano, o petista foi condenado pela Justiça Eleitoral a 4 anos e 6 meses em regime semiaberto, por ter recebido 2,6 milhões de reais de caixa 2 da UTC nas eleições de 2012, quando se elegeu prefeito.

Procurado, Turessi se negou a falar com Crusoé. O Ministério Público abriu prazo para promotores interessados se inscreverem para a vaga. O mandato do promotor eleitoral, que ficará responsável por fiscalizar as eleições municipais na capital do ano que vem, vai até março de 2021.

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  1. Ou os políticos paulistas eram todos exemplarmente honestos ou o promotor eleitoral sofrivelmente incompetente, pra não dizer outra coisa

  2. Os comprometidos também se cansam. Levar o pesos dos seus pecados constituem uma carga que o conduzirá até o Juízo Final, se não houver arrependimento antes deste Final.

  3. tenho certeza que ele recebia um extra, no salário, durante esses 11 meses, para fazer o que ele devia ter feito e não fez... não era trabalho voluntário.

  4. Outro canalha, entre muitos outros que existem no Brasil! Independentemente de um AI5, o Brasil precisa ser passado á limpo! Doa à quem doer!

  5. cheira muito mal... aliás a in - justiça de SP, estadual e federal tem sido mãe para os políticos corruptos há décadas ....

    1. Realmente vc tem razão, xuxu podre cheira muito mal.

    1. Aqui é a terra da impunidade. Terra de PSDB e PT. Vergonhoso

    2. São Paulo tem Lava-jato? Tem algum “Bretas”? “Deltan”? Não. Também não tem políticos ou empresários criminosos. É um “estado modelo”.

  6. Tem maracutaia nessa renúncia. Para deixar o cargo sem ter feito nada durante quase 1 ano deixa muitas dúvidas. Recebeu quanto para se omitir? Omissão é pouco, eu acho. Tem mais coisas, ah, se tem!

    1. as redes sociais viraram um verdadeiro tribunal de exceção...de um lado bolsominios de outro mortadelas...sempre q seus interesses são contrariados

    2. O tucano mor, campeão das derrotas eleitorais presidenciais, que vem controlando há anos essa instituição paulista, sabe o porquê dessa omissão...!

    3. Com certeza! Vamos ver agora quem vai ocupar o cargo...

  7. Se não houver mudança radical nesse Sistema, que protege Judiciário, Ministério Público e demais autoridades, podem criar mais Leis e normas, que não resolvem nada, só "abala".

  8. Ohhh !!! Coitadinho!!!! Muito cansado 😓!!! Que oportuno, não??? Deixa dormir tudo em berço esplêndido no Tribunal Eleitoral!!!! Como o STF tramou!!!

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