Por que a eleição legislativa em El Salvador deste domingo pode colocar a democracia em perigo
As eleições legislativas em El Salvador deste domingo, 28, poderão colocar o país em perigosa trajetória autoritária, numa região que já conta com as ditaduras de Cuba, da Nicarágua e, possivelmente, do Haiti. O partido Novas Ideias, do presidente Nayib Bukele (foto), é o favorito nas pesquisas e pode conseguir a maioria simples de 43...
As eleições legislativas em El Salvador deste domingo, 28, poderão colocar o país em perigosa trajetória autoritária, numa região que já conta com as ditaduras de Cuba, da Nicarágua e, possivelmente, do Haiti.
O partido Novas Ideias, do presidente Nayib Bukele (foto), é o favorito nas pesquisas e pode conseguir a maioria simples de 43 das 84 cadeiras no Parlamento. Com isso, o Executivo pode criar e reformar as leis. Caso consiga ao menos 56 cadeiras, Bukele poderá eleger um terço dos magistrados da Corte Suprema em junho e, ainda, o procurador-geral.
"Nos dois anos da presidência de Bukele, o Legislativo tem sido o principal limite para o seu impulso autoritário, como suas investidas contra o Judiciário e contra a imprensa. Se esse freio desaparecer, o risco para a democracia será muito grande", diz o advogado Eduardo Escobar, diretor-executivo da ONG Ação Cidadã, em El Salvador.
Copiando o comportamento do ex-presidente americano Donald Trump, Bukele tem acusado a Justiça eleitoral e os partidos políticos de fraudarem os pleitos. Como Trump e Jair Bolsonaro, ele não tem mostrado evidências. O temor é o de que, se seu partido não obtiver um resultado favorável, Bukele busque uma solução alternativa.
Em fevereiro do ano passado, ele entrou com policiais e soldados armados no plenário da Assembleia Legislativa para pressionar os deputados a aprovar uma lei que autorizava a compra de armamentos. A lei acabou não sendo aprovada, mas as cenas ficaram gravadas no imaginário dos salvadorenhos. "Naquele episódio, Bukele quis mostrar que tinha o controle das forças de segurança. Agora temos esse fantasma nos rondando, pois ele poderia usar esse domínio sobre os militares caso o resultado não o agrade", diz Escobar, da Ação Cidadã.
Publicitário que não chegou a se formar, Bukele, de 39 anos, é aprovado por mais de 80% da população. Ele é querido por sua forma direta de se comunicar nas redes sociais e pela redução dos índices de criminalidade. Jornais atribuíram o sucesso na área de segurança a acordos com gangues violentas, como a MS-13, ou Mara Salvatrucha, mas as investigações judiciais sobre isso ainda não foram concluídas. Fala-se também que o governo tem comprado o apoio político dos grupos criminosos que controlam partes do território.
"O que sabemos é que os partidos oposição já reclamaram que não conseguem entrar em alguns bairros dominados por essas gangues", diz a advogada salvadorenha Claudia Umaña, vice-presidente do instituto de pesquisas Fusades. Para conquistar eleitores, o governo de Bukele tem distribuído víveres e dinheiro. "Este é um governo populista, que criou um culto à personalidade de Bukele e desrespeita as leis democráticas a todo momento", diz Claudia. "Estas próximas eleições serão cruciais para a nossa democracia."
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Comentários (10)
MARCIO
2021-02-28 21:19:38Uma democracia cai atrás da outra, Argentina já foi, Chile, Haiti, El Salvador, Mianmar.
LSB
2021-02-28 19:57:53Teste testando
LSB
2021-02-28 19:45:56Como eu não conheço a política de El Salvador, eu simplesmente não acredito em vcs. Entra por um ouvido e sai pelo outro!
PAULO
2021-02-28 18:01:38Líderes que fomentam o culto à personalidade, são o piores para uma nação. Dias atrás Bolsonaro foi ao Ceará e como sempre, houve aglomeração de pessoas. Mas quem são essas pessoas, que em pleno dia de semana, em horário comercial, se juntam para ficar gritando louvores a uma personalidade como ele? São vagabundos que não trabalham? Quantos são? Centenas? Um milhar? São pessoas como essas que enxergam um rato como um deus, que coloca os demais em perigo. Por isso Bolsonaro quer armá-los.
BOCCA DELLA VERITÀ
2021-02-28 14:51:00no caso salvadorenho a UNITED FRUIT resolve.
Agnaldo
2021-02-28 08:59:38O único fato da reportagem é a presença dos militares para pressionar, sem sucesso, a assembleia a aprovar compra de armas, mas não diz se essa compra é ou não para a própria força militar. Se for para a população em geral, não condiz com regimes autoritários, que usam o desarmamento para exercer o poder sem o problema da revolução popular. Todo o resto da reportagem é baseado em suposições, em "fala-se", "suspeita-se".
Júlio
2021-02-28 08:46:40Talvez esteja desmontando o esquema doentio da esquerda naquele país. A Direita também pode ir a extremos e cometer erros, mas na historia, a destruição moral e extrutural da sociedade tem sido aplicada pela esquerda. A biblua nunca se refere a esquerda como coisa boa.
Nivio
2021-02-28 08:10:11São as regras da democracia.
Sillvia2
2021-02-27 22:26:23O péssimo exemplo armamentista, anti-democrático e miliciano estimulando resultados tenebrosos pela região... muito triste!
Marcos
2021-02-27 20:46:11Estilo Brizola...